capítulo XXXXIV

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Stênio Alencar

Com o passar do tempo eu já estava começando a aprender a domar a mulher que eu tinha escolhido pra ser minha, mesmo que nem sempre fosse a coisa mais fácil do mundo. Aos poucos eu ia pegando o jeito e deixando-a derretida nos meus braços, mesmo que ela ainda estivesse brava por algo que sequer era minha culpa.

Minha declaração saiu tão fácil da minha boca que nem pareceu ter sido a primeira vez, sentia como se dissesse isso para ela todos os dias. E dizia, em gestos, atos de afeto e carinho, cuidado e atenção.

Nosso amor é muito mais demonstrações físicas do que verbais, e a gente se entende muito bem dessa forma.

— Tá mais calminha? — perguntei assim que senti que ela devolveu o abraço que eu lhe dava, passando os braços pelo meu pescoço.

— Não.

Ah, se eu não conhecesse ela tão bem, até poderia acreditar no que sai da sua boca. Mas a essa altura do campeonato, Heloísa é mais clara que água pra mim.

Ainda mais que eu sei que ela viu tudo que aconteceu dentro dessa sala, tendo a certeza de que eu não retribui nenhuma investida de Débora. Pior que isso, já vinha fugindo da mulher muito tempo antes de me envolver com Helô. 

Não tinha o menor interesse nela e não passaria a ter só porque ela insistia em ficar em cima de mim toda vez que vinha até a delegacia, pra mim, isso era caso encerrado.

— Um beijo resolve? — já que ela fingiu estar brava, eu iria utilizar do flerte para ganhar sua atenção.

— Quem sabe... — se fez de pensativa, fazendo um bico que não teve como resistir.

Aproximei minha boca da sua em um beijo calmo o suficiente pra amolecer qualquer coração de gelo, principalmente o da minha advogada. Senti sua língua se entrelaçar na minha, puxando meu corpo pra mais perto do seu, me enfiando no meio das suas pernas.

A gente tá no meio da delegacia, Stênio. — sussurrou ofegante, quando se deu conta que as coisas estavam começando a ficar mais quentes.

— Só um minutinho. — me afastei dela rapidamente, indo até o corredor da parte externa da sala, procurando com o olhar algum policial do meu time. — Diego, vou entrar em uma reunião importante com a Sampaio, porque deu o maior b.o com um cliente dela. Não me interrompa enquanto ela estiver lá dentro, ok? Aviso assim que eu estiver disponível.

Não adianta vir com aquele papinho de ser correto, de não fazer nada de errado. Às vezes a gente tem que abrir mão de alguns princípios em situações de extrema emergência, esse é um desses casos.

Jamais deixaria Helô ir embora daqui passando vontade, sem ser cuidada do jeito que ela merece. Imagine se essa mulher resolve buscar assistência em outro lugar? Gosto nem de pensar.

Imaginar a minha mulher com qualquer homem que não seja eu, já era suficiente pra me deixar nervoso e estressado. Logo eu, que nunca fui de marcar território com nenhuma ficante que tive durante a minha vida, fui logo amarrar meu burro com alguém como ela. Alguém que chama a atenção por onde passa, arrastando tudo.

Voltei para a sala, fechando as persianas totalmente e passando a chave na porta pra garantir que não seremos pegos em flagrante fazendo coisa errada, porque se isso acontecesse, eu teria que pedir demissão por não conseguir mais olhar na cara de ninguém.

— Então, quer dizer que o delegado não é tão incorruptível assim? — zombou da minha cara, enquanto desfazia os botões da sua camiseta com a maior cara de safada do mundo.

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