especial dia dos namorados

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Heloísa Sampaio

Ser casada com o homem mais romântico de todo o Rio de Janeiro me coloca em certas situações, que nem sempre eu sei lidar muito bem, como é o caso de hoje.

Claro que toda mulher sonha com um dia dos namorados romântico, com um jantar em um restaurante chique e coisas assim. Mas com toda certeza do mundo essa mulher não é mãe de dois, que só precisa de um vale night com o marido pra fazer as coisas mais obscuras e insanas possíveis.

Então sim, hoje eu não queria ser casada com o homem mais romântico do mundo.

— Para o carro, ô Stênio. — resmunguei, estressada.

Já tinha pego no pulo o caminho que ele fazia, indo em direção ao nosso restaurante favorito desde sempre.

— Pra quê? — perguntou atordoado, sem entender nada.

— Só para o carro, agora. — me fiz mais firme, do jeitinho que eu sabia que ele iria ficar com medo e me obedecer na mesma hora. — Vem pra cá, deixa que eu dirijo.

Como um bom pau mandado, o delegado desceu do carro ainda meio perdido, sem entender nada. Mas ele sabia que não era uma boa ideia me contrariar naquele dia, porque quem sairia perdendo seria ele mesmo.

— O que é que você tá fazendo? — questionou mais uma vez, passando o cinto de segurança pelo seu corpo.

— Mudando a nossa rota.

Eu sabia que se falasse exatamente o que se passava na minha cabeça, teria que lidar com o seu surto por estarmos perdendo a reserva, por ele ter planejado tudo bonitinho e eu ter estragado tudo.

Conheço bem o homem com quem me casei.

Ignorei todas as suas infindáveis perguntas até que chegássemos em frente ao motel 5 estrelas mais conhecido da cidade, parando no guichê de atendimento pare reservar a melhor suíte para nós dois.

— Você me trouxe em um motel? Em um motel, Helô? — sabe a voz esganiçada que ele se utiliza sempre que algo foge do controle? Pois bem.

— Fica quieto, homem. — resmunguei, voltando a passar as informações para a moça que realizava nosso atendimento.

Olhei de canto de olho e notei quando um bico inconformado nasceu nos lábios dele, os braços cruzados em frente ao corpo demonstrando toda a sua indignação.

Continuei em silêncio até que parasse com o carro na garagem reservada do nosso quarto, descendo do veículo antes que ele começasse mais uma série de reclamações que eu não estava nem aí pra ouvir.

Queria aproveitar o dia dos namorados como dois pais que precisam de uma noite pra transar de verdade, sem ter que se preocupar com o barulho, sem ter que ficar de olho nas crianças.

— Vai continuar me ignorando, Heloísa? — e o delegado continuava a falar ininterruptamente.

Bufei estressada, querendo poder costurar aquela boca pra ver se ele parava de tentar tirar a minha paz. Mas, felizmente, conseguia pensar em coisas muito melhores que ele poderia fazer com aquela boquinha santa.

Sorte a minha!

Senti seu corpo atrás do meu, enquanto eu deixava minhas coisas na cabeceira ao lado da cama, ainda falando algo que eu nem tentava entender.

Em um rompante, virei meu corpo em direção ao seu, empurrando-o na direção da primeira parede que eu vi.

— Cala a boca, Stênio! — apertei minha mão na altura do seu peito, amassando o tecido da camiseta social nos meus dedos. — Guarde o seu jantar romântico pra qualquer outro dia, mas hoje... hoje eu quero que você me foda de todas as formas possíveis nesse quarto. Sem Creusa, sem filhos e sem ninguém para interromper nós dois.

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