capítulo XXXXIII

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Heloísa Sampaio

Hoje é o primeiro dia de trabalho de Stênio depois de tudo que tinha acontecido e eu me sinto extremamente inquieta, nervosa, ansiosa. Apesar de grande parte do problema ter sido solucionado, ainda poderia haver mais traidores misturados no seu time da polícia e eu não conseguia me aquietar em relação a isso.

— Vai continuar emburrada, Heloísa? — Stênio resmungou pela milésima vez, começando a ficar irritado.

Imagino que eu deva estar parecendo repetitiva no meu diálogo, mas não tinha sido ele quem ficou dias e dias chorando as pitangas no hospital enquanto ele estava em coma. Essa dor é minha.

— Amor, já te falei que eu vou tomar cuidado, que não vou confiar em ninguém além do Barros. O que mais você quer que eu faça? — ele se aproximou de novo, desfazendo meus braços cruzados e me segurando pela cintura. — Hein?

Fui desfazendo o bico sob meu toque, retribuindo o abraço.

— Quero que você fique em casa. — murmurei, enfiando meu rosto no seu pescoço pra sentir seu cheiro.

— Isso não tem como, Helô. A gente já conversou sobre isso. — levantou minha cabeça, deixando nossos olhos na mesma direção. — Confia em mim, tá? Só isso que eu te peço.

Apenas assenti com a cabeça, não querendo dar espaço para que ele acreditasse que eu não confio na sua habilidade e no seu bom trabalho. Esse meu medo dizia mais sobre mim, do que sobre ele.

— Vou deixar a Ceci na escola e te mando mensagem assim que eu chegar na delegacia... Você vai pro escritório hoje? — continuamos no chamego, sem nos importarmos de sermos flagrados por Creusa ou Cecília.

— Vou em casa primeiro, faz uns dias que eu nem piso lá, preciso pegar umas roupas e uns documentos que deixei no apartamento. Só depois vou pro escritório, porque tenho uma reunião importante hoje. — expliquei, ajeitando a gola da sua camiseta com cuidado.

— Você podia ir trazendo suas coisas pra cá, né?

Conhecendo Stênio como só eu conheço, sabia que esse lenga lenga dele era só pra conseguir o que queria. Fazia alguns dias que ele insistia para que eu levasse o resto das minhas coisas para sua casa, praticamente abandonando meu tão amado apartamento.

Ainda estou relutando em relação a isso, porque acredito que precisamos conviver por mais tempo pra tomar uma decisão tão drástica como essa. Mas esse homem não cansa de me perturbar com o mesmo assunto, cheio das chantagens emocionais.

— Vou pensar, tá? — deixei um selinho na sua boca, me despedindo. — Me manda mensagem quando chegar.

— Tá bom, patroa. — bateu continência em tom zombeteiro e saiu do quarto, me deixando perdida nos meus próprios pensamentos.

Só torcia para que seus anjos da guarda já estivessem recuperados do último susto e prontos pra lidar com qualquer coisa que surgisse no meio do caminho.




Por obra do destino e azar de Stênio Alencar, surgiu uma emergência na sua delegacia no período da tarde com um dos meus clientes, um dos que vivem aprontando por aí sem se importar com a consequência dos seus atos.

Particularmente são os que eu mais gosto, pois enchem meu bolso de dinheiro, permitindo que eu me esbalde nas minhas lojas de grife favoritas.

Cumprimentei alguns policiais que estavam conversando na porta da delegacia, indo em direção à sala de Stênio.

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