capítulo XVII

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Stênio Alencar

Utilizei da minha manhã inteira para selecionar o time que ficaria responsável pela investigação junto comigo e Helô, no tal possível caso de tráfico de crianças. Afinal, queria garantir que não houvesse nenhum tipo de vazamento durante esse processo.

Marquei para antes do almoço uma reunião com todos os escolhidos para explicar um pouco das nossas suspeitas e dar abertura à investigação de maneira oficial, na presença de Heloísa Sampaio, que iria trabalhar em conjunto com a delegacia nesse caso.

Depois das pequenas descobertas feitas na casa de Olavo, o mais seguro era oficializar esse caso para que a gente possa ter todos os recursos necessários para utilizar se for preciso.

— Bom dia a todos. — cumprimentei assim que entrei na sala de reuniões, me sentando ao lado da advogada que me olhava ansiosa, com um misto de nervosismo. — Essa do meu lado é a doutora Heloísa Sampaio e ela vai trabalhar em conjunto com a delegacia nesse caso, por se tratar de uma cliente do seu escritório.

Comecei a explicar brevemente com o auxílio de Helô todas as desconfianças e pesquisas que tínhamos feito até então, contei sobre a importância do sigilo naquele caso por se tratar de empresários muito influentes e que facilmente sairiam ilesos se a informação vazasse.

Escolhi a dedo cada um que estava naquela sala, tendo o maior cuidado de pegar os melhores da delegacia. Mesmo com pouco tempo de casa, já tinha tido oportunidade de trabalhar com todos ali e notar o profissionalismo intacto deles.

— Eu e Helô vamos continuar nessa aproximação silenciosa deles, mas a partir de agora sempre teremos vigia por perto, do lado de fora da casa ou em qualquer lugar que nós formos. — continuei a falar, recebendo um aceno positivo de cabeça de todos. — Por conta de precisarmos esconder que sou delegado daqui, vou me afastar brevemente dos outros casos pra que meu rosto não seja reconhecido em algum momento, mas já indiquei outra pessoa pra ficar como assistente no meu lugar.

Meu maior medo era que descobrissem sobre o meu cargo na polícia antes de conseguirmos alguma prova real sobre o envolvimento do casal de empresários com tráfico, porque aí sim nós estaríamos em um beco, completamente perdidos.

— Todos os dias após o almoço iremos fazer essa reunião pra colocarmos na mesa tudo que formos descobrindo, para o time todo ficar ciente junto. — fui terminando meu discurso, com o coração um pouco mais leve e tranquilo. — Conto com vocês para desvendarmos toda essa podridão escondida atrás de uma das maiores empresas do Rio de Janeiro.

Nos despedimos do restante do pessoal, ficando apenas eu e Helô na pequena sala.

— Tá mais calma agora? — perguntei a ela, depois de ter notado o quão ansiosa ela estava nos últimos dias por conta desse caso.

A advogada passou as mãos pelos cabelos, jogando-os para trás e apoiando os cotovelos na mesa. Apesar de estar mais calma, sua aparência denota que ela está exausta.

— É muita coisa pra assimilar... Não tô acostumada a estar diretamente nesses casos, a ver como são as preparações e as investigações. Fico apavorada só de ver aquele monte de homem entrando uniformizado, com uma arma guardada no coldre. Fico arrepiada só de pensar. — desabafou, fazendo com que eu entendesse um pouco o seu lado da história.

Se pra mim que já estava acostumado a frequentar esse tipo de espaço já estava sendo difícil, não consigo nem imaginar como é pra ela. Uma mulher acostumada a ficar com a parte burocrática das coisas, não os confrontos físicos.

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