capítulo 6

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Freen

Estava no meu horário de almoço e tranquei a porta da livraria. Deixei as persianas abertas e chamei Matheo para ir comigo até em casa para podermos almoçar. Assim que coloquei nosso almoço, ouvi meu celular chamar e vi que era uma chamada de vídeo no grupo.

- Freen, meu amor - a voz de Nam foi a primeira que ouvi assim que atendi.

- Oi, Nam - levei um pouco de comida à boca e olhei em direção a Matheo, que estava soprando um pedaço de cenoura cozida que estava quente.

- Amanhã cedo, estou chegando aí na sua casa - me animei com o que ela falou, e Matheo pareceu prestar atenção na chamada.

- Pena que eu não vou conseguir ir também - Heng falou com uma carinha triste. - Estou esperando umas encomendas de moletons para amanhã à tarde e para o dia seguinte…

- Que bom que você vai conseguir vir amanhã - falei sorrindo. - E que pena que você não vai conseguir vir, Heng…

- Amanhã, vou matar as saudades do gostoso da dinda - assim que ela falou aquilo, Matheo deu uma risada alta, o que fez meus amigos rirem. - Freen, já faz bem três dias e nada de você mandar a foto da mulher…

- Verdade, só nos disse que tinha trocado mensagens com ela e mais nada. Sumiu do mapa - meu amigo falou, e eu revirei os olhos.

- Vou mandar a foto dela de perfil aqui no grupo - eu printei a foto dela e mandei no grupo que era formado por apenas nós três. - Mandei a foto no grupo…

- Freen, pelo amor de todos os deuses existentes - Nam falou afobada na chamada

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- Freen, pelo amor de todos os deuses existentes - Nam falou afobada na chamada. - Se você não quiser, eu quero.

- Vai talaricar a amiga mesmo? - Heng perguntou, achando graça.

- Alô - falei, chamando a atenção dos dois para mim. - Eu sou hétero, vocês sabem disso…

- A negação - Nam falou debochada e revirou os olhos. - Eu aceito você ser bi, mas hétero? Eu não boto fé nisso, não viu…

- Eu tô com a Nam - Heng falou, e eu ergui as sobrancelhas. - Por mais que você nunca tenha ficado com mulher, mas tudo tem a primeira vez, não é mesmo?

- Vocês realmente estão falando isso mesmo que estou ouvindo? - deixei o garfo em meu prato. - E outra, eu só vi ela uma vez e só nos falamos uma vez por mensagem também…

- Chama ela, ué. É só chamar, tu não sabe chamar? - notei o tom de deboche, e minha vontade era de dar um tapa na cara daquela loira.

- E eu vou falar o quê? - falei sem paciência e estiquei meu braço para limpar a boca de Matheo, que estava suja de batata.

- Sobre livros, ué - Heng falou com a boca cheia. - Você não vai ajudar ela a fazer uma coleção de livros? Assunto é o que não vai faltar.

- Eu consegui apenas um da lista que ela me passou - falei frustrada. Como eu possuo uma livraria pequena, tudo fica um pouco mais difícil pra mim.

- Avisa pra ela, diz que conseguiu um livro da lista dela, simples - Nam falou e fez uma cara engraçada, como se quem fala “problema solucionado”, e deu de ombros.

Olhei para o meu filho, e ele já havia acabado sua comida. Gesticulei em direção à tela do celular, avisando que já voltava. Fui até a geladeira e peguei o copinho dele com suco, entregando-o em seguida. Me sentei na cadeira.

- Se por um acaso eu for fazer isso mesmo, digo, mandar uma mensagem pra ela… - espetei uma batata com o garfo e olhei a tela do celular. - Vai ser somente porque ela me parece ser uma boa pessoa…

- Claro, claro - Heng falou, revirando os olhos. - Sabemos que seu contato com pessoas se limita aos seus clientes, ao Theo, à Nam e a mim. Mesmo que você não queira nada com ela romanticamente falando, pelo que você disse dela, seria bom ter uma amizade. Assim, você não vai ficar sozinha sempre por aí…

- Eu não estou sozinha - falei, fazendo uma careta e olhando na direção de Nam na tela. - Eu tenho o Matheo, ele me basta. Vou mandar uma mensagem apenas avisando que consegui um livro da lista.

- Não querendo tocar nesse assunto, mas já tocando - Heng suspirou, e eu travei, já sabendo o que era. - A sua família não entrou mais em contato mesmo?

- E pode chamar aquilo de família? - Nam falou com uma careta e um tom amargo. - Desculpa, Freen…

- Tudo bem - sorri sem mostrar os meus dentes. - Eles não entraram em contato, e sinceramente, acho que prefiro assim… - suspirei. - Eu preciso desligar. Daqui a pouco, tenho que voltar para a livraria.

Nos despedimos, e eu guardei o celular no bolso traseiro da minha calça. Tirei Matheo da cadeira e fui até a pia. Ele se inclinou para frente, permitindo que eu limpasse sua boca. Passei pela sala e me inclinei sobre o sofá para que ele pegasse a pelúcia de girafa. Em seguida, fechei a porta e fui em direção à livraria. Deixei-o sentado no sofá em frente ao balcão, virei a placa da porta e me sentei no banco. Puxei meu celular e mandei uma mensagem para Rebecca.

Eu: Rebecca? Sou eu, Freen…

Rebecca: Oi, Freen, eu sei que é você. Eu salvei seu número, lembra?

Eu: Ah, é verdade… Eu só queria te avisar que consegui um livro da sua lista.

Rebecca: Mentira! Qual você conseguiu? Quando posso ir buscar?

Eu: Paris para um. Os outros ainda estou tentando conseguir. Como minha livraria é pequena e não faço tantos pedidos assim, eles acabam dando preferência às grandes livrarias…

Rebecca: Sei como é… pelo menos você conseguiu. Entendo esse tipo de situação. Era bem assim no início da minha cafeteria.

Eu: Respondendo à sua pergunta, você pode vir buscá-lo na quarta-feira… huh, você tem uma cafeteria, que legal.

Rebecca: Sim, a Jauke’s Coffee. Não fica muito longe da sua livraria… então, na quarta, eu passo aí.

Eu: Acho que já devo ter passado aí em frente… bom, era só isso que eu queria te falar. Não quero te incomodar.

Rebecca: Da próxima vez, não passe apenas em frente. Entre, será muito bem-vinda. E você não está me incomodando, está até me tirando do tédio. Estou aqui no restaurante e já terminei de almoçar. Estou com meus amigos…

Eu: Qualquer dia, irei na sua cafeteria provar o que vocês vendem… você está na sua hora de almoço e eu aqui te mandando mensagem.

Rebecca: Já falei que não tem problema. Daqui a pouco, tenho que voltar para a cafeteria. Na verdade, deveria ter almoçado lá. Estou cansada demais.

Eu: E por qual motivo resolveu ir a um restaurante?

Rebecca: Meus amigos e uma pessoa me chamaram, e eu não soube dizer não kkkkkk.

Eu: Namorado?

Rebecca: Seria namorada ao certo, se tivéssemos algo sério, mas não temos.

Eu: Entendi. Tenha um ótimo almoço com sua não-namorada kkkkkkk. Preciso ir, pois chegaram clientes…

Rebecca: Até quarta…

Bloqueei meu celular e o coloquei dentro da gaveta do balcão. Olhei na direção de Matheo, e ele estava deitado com a cabeça em cima da pelúcia de urso, agarrado com a de girafa. Ele iria dormir com certeza. Aquele cochilo após o almoço sempre trazia tranquilidade. Sorri e olhei na direção da porta quando um casal entrou. Hora de voltar ao trabalho!

𝑲𝒊𝒔𝒔 𝒎𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora