capítulo 27

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Os amigos de Rebecca já tinham ido embora há um tempo. Freen ajeitou a sala para que Heng e Nam pudessem dormir; ambos estavam bêbados. Enquanto Rebecca tomava banho, Freen ajeitou o berço do filho. Matheo já estava cochilando em sua cama. Ela o pegou e o colocou dentro do berço, arrastando-o pelo quarto até deixá-lo próximo à parede. Virou-se quando a voz de Rebecca chamou sua atenção; a morena vinha do banheiro.

- Você ficou incomodada por ele ter me chamado de mamãe? - ela fez uma careta e observou a namorada se aproximar.

- Você está brincando comigo? - levou as duas mãos até o rosto de Rebecca. - Eu só fiquei surpresa; do nada, ele te chamou de “mamãe”. - Acariciou o rosto da namorada e deu um sorriso. - Eu fiquei até emocionada, mas eu é que pergunto: você não se incomoda com isso?

- Claro que não. - Abraçou a namorada e escondeu o rosto em seu pescoço. - Eu até me segurei para não chorar - confessou com vergonha. - Eu teria sido mais zoada do que já sou todos os dias. - Deixou um beijo molhado no pescoço de Freen, que estremeceu.

- Você quer dormir aqui? - Se afastou e olhou o rosto de Rebecca. - A gente pode assistir a um filme, o que acha?

- Uma ótima ideia. - Deixou um selinho nos lábios de Freen. - Eu posso fazer pipoca se você quiser…

- Fique à vontade, meu amor. - Assim que terminou de falar, Freen arregalou os olhos quando percebeu o que havia dito.

- Você me chamou de quê? - Rebecca abriu um sorriso e acariciou a cintura de Freen; a mesma estava corada. - Você também fica linda com vergonha, sabia? Meu amor…

Enfatizou o final, fazendo Freen ter certeza de que ela tinha ouvido exatamente o que ela tinha falado. Rebecca saiu sorrindo em direção à cozinha, enquanto Freen ficou parada no quarto por um momento. Ela saiu do seu transe, ajeitou a cama e pegou o controle, procurando algum filme para assistirem.

- Eu já escolhi um filme, - falou assim que viu Rebecca adentrar o quarto com uma bacia de pipoca. - Vem…

- Qual você escolheu? - sentou na cama no local onde Freen batia a mão.

- Uma linda mulher - falou sorrindo. Esperou Rebecca sentar na cama e se escorar na cabeceira. Se ajeitou no meio das pernas da namorada e deixou a bacia de pipoca em seu colo. - Se você quiser assistir outro, eu posso mudar…

- Pode ser esse, eu gosto - aconchegou Freen em seus braços e deixou um beijo em seu ombro. - Pode dar play…

O filme logo começou, e ambas assistiam enquanto comiam pipoca. Em várias cenas, Freen fazia algum comentário. Ambas dialogaram sobre a cena em que uma atendente da loja se recusa a atender a personagem principal, a Vívian, julgando-a por suas roupas e a humilhando. Mas riram depois quando a mesma voltou dias mais tarde, completamente arrumada e com várias sacolas de compras, mostrando que sim, ela poderia comprar naquela loja. Rebecca apertou mais o corpo de Freen quando começou a tocar a música tema do filme e o casal se separava. Freen estava emocionada, mesmo já tendo assistido, e chorou no final quando o casal finalmente ficou junto.

Rádio HitMalik

Nop já havia tocado as músicas que os ouvintes tinham pedido. Freen estava sentada à sua frente, esperando que entrassem no ar. Dessa vez, ela estava mais confiante do que da primeira. Estava mexendo em seu celular e falava com Rebecca. A mesma insistiu para que ela deixasse o pequeno com ela na cafeteria. A mesma estava sorrindo com uma foto que a morena mandou do pequeno com a boca melada. Freen saiu de sua bolha quando ouviu Nop chamando.

- Já vamos entrar no ar - colocou os fones no ouvido, e ela fez o mesmo. - Está menos nervosa do que da outra vez? - ela concordou, e ele sorriu. Viu quando a placa “no ar” acendeu. - Bom dia, ouvintes da HitMalik! Como vocês viram no meu Twitter, a Freen está aqui novamente a pedidos de vocês para mais um papo literário. Bom dia, Freen.

- Bom dia, Nop. Bom dia, ouvintes da rádio HitMalik - deu um sorriso. - Fico feliz que os ouvintes tenham gostado da minha participação e pedido minha presença novamente.

- Sim, hoje eu pedi para que eles fizessem perguntas no Twitter - mexeu em seu celular. - Não se preocupe, não serão perguntas pessoais…

- Por favor - ela arregalou os olhos, e ambos sorriram. - Não sei se estou preparada para os tipos de perguntas que eles iriam fazer…

- Olha essa daqui - colocou o celular em cima da mesa no apoio. - A Tina quer saber que livro você poderia indicar a ela.

- Hum - mordeu o lábio. - O livro que eu tenho para indicar a ela é “Anna e o Beijo Francês”, de Stephanie Perkins…

- Poderia nos falar um pouco sobre ele? - perguntou. - Para que não somente ela, mas outros também venham a se interessar…

- Ah, sim, - molhou os lábios com a língua e se ajeitou na cadeira - O livro conta a história de Anna. Ela tem apenas 17 anos e é fascinada por cinema. O sonho dela é ser crítica de filmes. Anna mora em Atlanta, tem uma melhor amiga e um quase namorado. - puxou ar pela boca - Ela tem um emprego em um cinema e uma vida perfeita, com tudo o que queria. Era o que ela achava. - deu um sorriso - Até que seu pai, um escritor de best-sellers, decide que ela deve ter uma educação melhor e a coloca em um internato em Paris. A partir daí, começa tudo. - ela deu uma risada gostosa - Para saberem o resto, vocês vão ter que ler…

- Muito bom, - Nop acompanha a risada -. A outra pergunta é da Daya. Ela quer saber se você já assistiu Anne. - ele fez uma careta - Isso tem a ver com o livro?

- Tem sim, - falou concordando com a cabeça e sorrindo -. Por falar nisso, eu fiquei super indignada porque a plataforma cancelou a série. Eu não gostei nadinha. - revirou os olhos - Os livros abordam questões pouco discutidas na época, como feminismo e diversos tipos de preconceito. A série foca muito na adolescência da Anne e nas coisas novas que ela vai descobrindo. Também aborda o preconceito e o feminismo. Eu particularmente gostei. Pra mim, é uma ótima série.

- Interessante, - deu de ombros -. Gostaria de ser assim fascinado por essas coisas como vocês são. - Próxima pergunta é da Bella -. Ela quer saber se tem algum personagem de livro com o qual você se identifica.

- Bom, - ela começou a rir -. Vai parecer meio bobo o que vou falar, mas a primeira personagem que me veio à cabeça foi a Ella do livro Ella Enfeitiçada. - apoiou as mãos na mesa - Não sei como ou por quê, mas me identifico com ela às vezes. E posso dizer que é um livro onde a frase ‘não julgue um livro pela capa’ se encaixa perfeitamente. - gesticulou com as mãos e se aproximou do microfone - “Ele é muito gostosinho de ler e não é infantil, tá?

- Acho que entendi, - Nop sorriu da cara que ela fez -. A última pergunta é da Paula, e ela quer saber se você já pensou em ser escritora.

- Não, definitivamente não, - negou com a cabeça -. Acho que não tenho talento pra isso. - deu de ombros - Embora eu escreva algumas coisas, apenas para mim, claro. Nunca pensei em escrever algo para publicar, seja lá onde for…

- As perguntas acabaram, - bloqueou o celular e o deixou de lado. - Agradeço mais uma vez por ter aceitado o meu convite de vir até aqui mais uma vez.

- Eu que agradeço, - sorriu -. Espero que seus ouvintes tenham gostado, e eu possa voltar aqui. - deu uma risada alta.

- Com certeza, - ele acompanhou ela na risada -. Logo você vai estar aqui novamente. Então é isso, pessoal. Obrigado mais uma vez por passarem essa manhã conosco. Fiquem com Deus e até a próxima.

𝑲𝒊𝒔𝒔 𝒎𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora