Lúcifer. Este é o apelido pelo qual todos me chamam às minhas costas.
O anjo caído. Um filho que se voltou contra o próprio pai.
A alcunha me serve tão bem quanto uma luva, já que meu principal objetivo na vida é tirar meu pai do poder e assumir o i...
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— Oi…
O cumprimento saiu num tom quase inaudível, mas reconheci a voz manhosa de Taehyung assim que fechei a porta do meu quarto. Ele também tinha acabado de sair do seu. Era estranho que estivesse sozinho, pois desde que voltei para casa sempre o vi acompanhado de Yeji e meu pai, ou de Jimin.
Ponderei se respondia ou não. Desde o incidente na piscina, quando Taehyung tinha três anos, dei o meu melhor para evitar ficar sozinho com ele. Não porque poderia fazer mal ao garoto, mas por conhecer a víbora que era sua mãe. Yeji não perderia uma oportunidade de fazer meu pai acreditar que eu continuava tentando machucar seu filho.
— Hummm, oi.
— Tá indo tomar café?
Sua voz saiu mais confiante diante de eu tê-lo respondido, e ele até arriscou um sorrisinho para mim. Assenti, apontando em direção às escadas.
— Vamos lá, moleque.
O dia anterior foi estranhamente silencioso. Yeji e Taehyung passaram a maior parte do tempo fora de casa, e meu pai esteve na empresa, como de costume. Por ser período de férias, eu sabia que Jimin teria um dia livre, já que não precisava acompanhar meu meio-irmão em companhia da mãe. Considerando o quanto ele foi sentimental naquela madrugada, acreditei que não hesitaria em me procurar, afinal, meu aniversário estava próximo e com isso o nosso tempo juntos também perto de acabar.
Foi muita presunção minha pensar que Jimin gostaria de ficar comigo o tanto quanto fosse possível? O garoto simplesmente se manteve inacessível para mim e não gostei nem um pouco da sensação de vazio que sua ausência me causou. Que seja! Não posso forçar nada. Logo vou embora, então… Meu pensamento foi interrompido assim que, por reflexo, percebi Taehyung tropeçando no cadarço do próprio tênis ao descer o primeiro degrau da escada. Seu grito agudo despertou meu instinto protetor e consegui segurá-lo pela gola da camiseta, a tempo de evitar que ele saísse rolando escada abaixo.
O grito chamou a atenção de outras pessoas na casa e, para minha infelicidade, a primeira a surgir foi Yeji, acompanhada de MinYong e Jimin logo atrás delas. Taehyung chorava num tom desesperado e na pressa de tentar impedi-lo de cair, acabei puxando-o para trás com mais força do que deveria, o que fez o garoto cair sentado num degrau enquanto eu ainda o mantinha cativo pela peça de roupa.
Puta que pariu!
O cenário perfeito estava armado para as más interpretações e a minha plateia não poderia ser a mais indesejada. Fechei os olhos por um segundo, soltando Taehyung, e inspirei o ar profundamente, segurando-o nos pulmões por um tempo antes de soltá-lo gradativamente.
— Seu monstro!
O grito de Yeji ecoou pela mansão e seus olhos lacrimejantes eram dignos de um Oscar, embora eu tivesse que ponderar a possibilidade de ela realmente ter visto a situação de um ângulo que me incriminasse.
