Lúcifer. Este é o apelido pelo qual todos me chamam às minhas costas.
O anjo caído. Um filho que se voltou contra o próprio pai.
A alcunha me serve tão bem quanto uma luva, já que meu principal objetivo na vida é tirar meu pai do poder e assumir o i...
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— O que significa isso, Jungkook?
Meu pai quase atirou a pasta em meu colo, do outro lado da mesa de seu escritório na sede do conglomerado.
Fazia uma semana que eu havia começado a trabalhar na empresa e estive bastante ocupado me familiarizando com o ambiente, apresentando-me às pessoas do meu interesse e focando em aprender rápido.
O que ele pensou que fosse acontecer?
Eu não estava ali para brincadeiras. Era o momento de colocar algumas cartas na mesa e me declarar um oponente à altura.
— Seus advogados com certeza devem ter esclarecido tudo.
Meu pai soltou uma gargalhada, o que seria assustador para um estagiário desavisado, mas se tratando de mim, não surtiu efeito algum. Eu não tinha medo dele, nem da sua pose de homem intocável.
— O que pretende, abrindo um processo contra seu próprio pai?
— Pensei que tivesse ficado claro. — Dei de ombros, usando um tom de indiferença —Está tudo ai documentado. Eu pretendo assumir o controle do que é meu por direito, desde as ações que pertenciam à minha mãe, até as propriedades, fundos de investimentos e contas bancárias. Com juros e correções, obviamente. Nada menos do que tudo o que o senhor tomou posse, sendo que já não estavam mais juntos quando ela morreu.
— Desde quando está tramando contra mim, Jungkook? — Acho que era a primeira vez que eu via a verdadeira face de meu pai.
Ali eu tive certeza de que nunca estive enganado a seu respeito.
— O senhor achou mesmo que iria comandar a minha vida como bem entendesse? Eu não sou seu fantoche. Nunca tive a pretensão de ser.
— Como conseguiu essas informações? — apontou para a pasta.
— Não vem ao caso. O importante é que elas são verídicas e o senhor sabe disso tão bem quanto eu.
— Por que se voltar contra mim agora? Tudo isso... — Gesticulou em volta. — ... também é seu, sabe que o estive preparando para assumir meu lugar no futuro.
Foi minha vez de gargalhar.
— Acho que está esquecendo um dos detalhes mais importantes: não sou o único que tem direito ao que pertencia à minha mãe, mesmo que o senhor tenha se esforçado para que eu nunca descobrisse. E não pretendo dividir com Taehyung o que não compete a ele.
— Se essa história se tornar pública, vai respingar na imagem do conglomerado e afetar diretamente o mercado de ações...
— A decisão é sua, pai. — cortei, cansado das suas tentativas de me subjugar. — Sei de todos os riscos, e estou disposto a ir até onde for preciso, caso o senhor não queira colaborar.
— Mesmo afundando o nome da família e prejudicando o conglomerado? — Parecia incrédulo.
— É sua função manter o status do conglomerado, bem como o bom nome dos Jeon. Se quiser resolver tudo por debaixo dos panos, não vejo problema. Nossos advogados podem cuidar de toda a negociação, eu sei ser paciente.O conselho administrativo nem precisa ficar sabendo da lade, desde que as ações que pertenciam à mamãe sejam transferidas para o meu nome.
Ele franziu o cenho.
— Só o seu? — Embora disfarçasse muito bem, eu consegui captar o instante em que ele vacilou.
Sim, meu pai podia ter muito mais poder que eu no momento, mas já havia se dado conta de que em breve eu daria a volta por cimna.
Fiquei de pé, sem paciência para continuar a conversa.
Jeon JungSung agia como se estivesse sendo injustiçado, quando, na verdade estava longe de ser a vítima.
— Sim. Mas ao contrário do senhor, eu não vou tomar posse do que não me pertence. Quando o momento certo chegar, irei passar parte das ações para o nome de quem tem direito a elas tanto quanto eu.
Saí do escritório antes que ele estendesse a discussão.
A largada foi dada. O jogo havia finalmente começado.
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— Como você está? — perguntou MinYong enquanto me observava jantando na bancada da cozinha.
Desde que voltei à mansão, há dez dias, nós não tivemos tempo de conversar. Ainda era estranho falar pessoalmente, depois de anos interagindo através de ligações telefônicas, mas eu sabia que era questão de tempo até nos habituarmos. De toda forma, combinamos em ser discretos para não chamar a atenção de Yeji. Principalmente agora que comecei a enfrentar meu pai.
— Preparado. — Eu não entraria em mais detalhes, pois quanto menos MinYong soubesse, menos se comprometeria.
Ela riu, concordando com um gesto de cabeça.
— Entendi.
— Onde está seu filho? — Tentei disfarçar o interesse, mas MinYong era muito perspicaz.
A mãe de Jimin era a única que sabia sobre o que houve entre mim e ele no passado.
— Em alguma dessas praias famosas, com o menino Taehyung. Viagem de férias.
— Humm. — Terminei de comer em silêncio.
MinYong se aproximou assim que dei a última garfada, pronta para retirar meu prato e talheres.
— Não se incomode, eu mesmo lavo. — Fui até a pia com a louça que sujei. — Está aqui para me fazer companhia, não me servir.
— Deixa de bobeira, menino. — Empurrou-me, batendo o seu quadril no meu, tomando meu lugar em frente à pia e começando a lavar o prato. — É o meu trabalho.
— Devia pensar sobre se aposentar, sabia? — provoquei.
— Ainda dou pro gasto, posso aguentar mais uns anos antes de sossegar.
— Tudo bem. Então boa noite pra senhora.
Antes que eu chegasse à porta da cozinha, a ouvi dizer:
— Vê se descansa um pouco antes de se jogar naquela piscina.
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