— Obrigada pelo presente de aniversário! Eu adorei sair com vocês ontem à noite!
Estávamos no restaurante do hotel fazendo o desjejum antes de seguirmos viagem. Após deixarmos Irene no chalé e nos despedirmos de dona Sungryung, Jimin e eu teríamos que pegar a estrada novamente, pois no dia seguinte tínhamos que retornar ao trabalho.
Ele havia conseguido uma folga na sexta-feira devido ao seu banco de horas extras, pois planejamos a viagem com antecedência. Já havia algum tempo que meu namorado desejava conhecer Irene e, somado à ideia de lhe mostrar a mansão Jun a fim de que me ajudasse a convencer seus pais se tornarem caseiros da propriedade, foi a oportunidade perfeita.
A danceteria não estava em meus planos, contudo, ver minha caçula feliz por ter sido eu e Jimin a lhe acompanhar, foi algo que realmente significou muito para mim. Eu gostaria de ter Irene por perto sempre, para que fosse possível cuidar dela sem grandes preocupações, porém entendia e respeitava a escolha dela de permanecer em uma cidade mais sossegada a fim de que sua avó tivesse tranquilidade na velhice. Além disso, ambas viviam lá há muito tempo, e estavam seguras. Felizmente, meu pai não focou atenção em Irene depois de expulsar Sungryung da mansão Jun após a morte de minha mãe, e eu gostaria que continuasse desta forma.
— Quando quiser passar um tempo com a gente, é só ligar, poderia nos visitar por uns dias — sugeriu Jimin.
Assenti, observando meus dois amores em silêncio enquanto bebericava o café. Havia uma sobrecarga de satisfação dentro de mim ao estar na companhia das pessoas que mais me importavam na vida. Ambos se deram bem logo de início e o fato de Irene e Sungryung receberem com normalidade meu relacionamento com Jimin, me fez considerar se Taehyung teria a mesma aceitação.
Em breve ele retornaria a Coreia, durante as férias da universidade, e eu estava ciente de que sua presença afetaria minha rotina com Jimin. Se contássemos ao Taehyung que éramos um casal, eu não precisaria agir com indiferença e possivelmente até me tornaria um pouco mais próximo do filho de Yeji. Em contrapartida, também não confiava em Taehyung ao ponto de revelar a ele a natureza da minha relação com seu melhor amigo, pois apesar de ser meu meio-irmão, nós não tínhamos um vínculo afetivo.
— Vocês moram juntos? — ouvi Irene questionar, tirando-me do devaneio.
— Não — respondi antes de Jimin. — Quase ninguém sabe que somos namorados.
Era a primeira vez que ela nos perguntava algo relacionado a sermos um casal.
— Por quê? — Sua expressão confusa me fez sorrir. — Quero dizer, como vocês conseguem... — não concluiu a frase.
— Conseguem o quê? — Jimin riu, mas percebi o tom de nervosismo em sua voz.
Ela hesitou um pouco antes de continuar.
— Como é que quase ninguém sabe? Só de olhar vocês dois juntos, fica claro que são completamente apaixonados um pelo outro! Como conseguem disfarçar isso?
A mão de Jimin me alcançou e ele entrelaçou os dedos com os meus, a atenção focada em Irene. Estávamos sentados lado a lado e ela à nossa frente. Minha irmã não sabia a respeito do meu desejo de assumir o conglomerado um dia, e nem todas as implicações do relacionamento conturbado com meu pai. Nem eu nem Sungryung contamos a ela a verdade em torno do passado de nossa mãe. Para Irene, eu era apenas o filho do primeiro casamento, que ficou com o pai após a separação, e passou anos sem saber que tinha uma irmãzinha por ter perdido contato com a mãe.
Ela nunca fazia perguntas sobre o passado, pois não ter lembranças de nossa mãe a deixava melancólica. Quanto a mim, preferia preservá-la dos acontecimentos tristes. Não queria que carregasse dentro de si a mágoa que eu tinha.
— Jungkook é filho do CEO do conglomerado e ainda está provando o seu valor dentro da empresa — explicou Jimin, num tom mais tranquilo. — Quanto a mim, entrei por um programa de estágio. Meus pais trabalham para os Jeon desde que nasci, então me esforço muito para também provar meu valor. Não quero ninguém pensando que tenho costas quentes. Ser o namorado do herdeiro com certeza daria o que falar, então nós concordamos manter o relacionamento em segredo, ao menos por um tempo.
— Entendi. Mas deve ser ruim, não? — Demonstrou preocupação.
— É uma merda — resmunguei, fazendo com que Jimin batesse seu ombro no meu, em reprimenda, e virei-me para encará-lo. — O quê? Vai dizer que é fácil?
Ele revirou os olhos, mas concordou.
— Não é nada fácil, e tampouco gosto disso. — Voltou a fitar Irene. — Mas nós quase não nos vemos no ambiente de trabalho.
— E quando nos vemos, eu me esforço para ignorá-lo — complementei. — No fim, acaba sendo um pouco divertido, já que só nós dois sabemos o que realmente somos um para o outro.
— Eu não acho graça nenhuma. — Foi minha vez de revirar os olhos. — Ai! O filho da mãe soltou sua mão da minha e me deu uma cotovelada na costela, fazendo Irene rir.
— Você banca o filho arrogante do chefe pra cima de mim, sempre que me vê na empresa. E se diverte muito com isso.Dei de ombros, encarando-o com o ar de arrogância que costumo lhe dar, exatamente como ele mencionou.
— Uau! Você é um bom ator, Lúcifer! — Irene bateu palmas, positivamente surpresa.
— Lúcifer? — Voltei minha atenção para ela, um tanto chocado. Jimin caiu na gargalhada e Irene deu um tapinha de leve na própria boca. — Foi mal, irmão!
— Obrigado por essa viagem. — Jimin acarinhou meu braço enquanto eu conduzia o carro de volta para casa, após nos despedirmos de Sungryung e Irene. — Foi muito importante pra mim.Assenti com um gesto de cabeça, mantendo o silêncio. Percebi que ele estava emocionado, mas não queria ter uma conversa profunda naquele momento. Apesar de apreciar rever minha irmã e sua avó, visitar a mansão Jun me deixava um tanto taciturno.
— Taehyung retorna a Coreia em algumas semanas... — Jogou no ar, ciente de que não teria de mim uma resposta.
Jimin sabia que eu sabia. E nós teríamos aquela conversa sobre contar ou não ao meu caçula, a respeito do nosso namoro, em outra oportunidade.
O que ele desconhecia, no entanto, é que eu já havia me decido por não contar.
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{LÚCIFER} Meu Garoto Diabólico |JIKOOK|
ФанфикLúcifer. Este é o apelido pelo qual todos me chamam às minhas costas. O anjo caído. Um filho que se voltou contra o próprio pai. A alcunha me serve tão bem quanto uma luva, já que meu principal objetivo na vida é tirar meu pai do poder e assumir o i...