Capítulo XXXVI: Sem Saída

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O coração de Kyosuke acelerou e sua respiração frenética, causada pela música, começou a voltar aos poucos. Ele não conseguiu segurar um sorriso bobo com aquela simples atitude de Aslan.

Kyosuke está se sentindo mais leve e a sensação de estar sozinho no meio daquela enorme plateia não existia mais.

Os olhares deles se encontraram algumas vezes durante o final da música e o início de outra. Eles pareciam estar em um lugar totalmente diferente da realidade, onde só estavam os dois e a banda.

Eles permaneceram de mãos dadas durante todas as apresentações que assistiram. Por estarem juntos, o tempo parecia mais mágico e mais rápido que o normal.

A medida que as horas iam passando, a cafeteria começou a ficar extremamente lotada. Aslan sugeriu para eles irem tomarem um ar lá fora e depois irem embora antes que ficasse muito tarde.

Os adolescentes passaram pela multidão e, quando chegaram na saída, suas mãos se soltaram. Por mais que eles quisesse ficar de mãos dadas, as palmas deles estavam começando a doer.

Eles saíram do estabelecimento e caminharam por um pequeno jardim na frente, parando para descansarem em um grande banco de madeira. O som presente no ambiente é vários grilos vindo dos arbustos com uma baixa melodia de fundo.

O clima entre eles estava um pouco estranho. Ambos desviavam os olhares, evitando ao máximo se encararem, dando a impressão de que os segundos pareciam uma eternidade.

Para aliviar o clima, Aslan, inspirado nas histórias que seu pai contava quando ia se encontrar com a sua mãe, decidiu entregar uma flor para o Kyosuke. A ideia não era uma das melhores, mas poderia funcionar bem.

Enquanto ele pronuncia as palavras, as mãos do feiticeiro lançavam uma luz amarela e laranja, aparecendo uma flor com o cabo esverdeado e liso com as pétalas da ponta alaranjadas e, conforme chegavam ao centro, amareladas.

Os olhos de Yoshikawa brilharam vendo a planta surgir entre as mãos de Mayfield. Aslan entregou a planta para o amigo. Kyosuke segurou com cuidado e levou a flor ao seu nariz, sentindo um cheiro único e indescritível.

— Qual o nome dessa flor? É extremamente cheirosa!

— Popularmente se chama flor escama de dragão, o nome científico vou ficar te devendo.

— Parando para analisar, realmente parece que foram colocadas escamas de um dragão na flor.

— Uhum, esta era a flor favorita da minha mãe, em todas as fotos que tenho dela essa planta está presente.

— Ela tem um bom gosto para flores, minha mãe detesta flores.

— Por quê? As flores são bonitas e deixam o ambiente perfumado.

— Ela tem alergia ao cheiro das flores e diz não servem para terem em casa, pois elas murchavam.

A conversa durou pouco tempo. Kyosuke consultou as horas em seu celular e avisou ao amigo que estava começando a ficar tarde e que precisava voltar para casa.

Aslan teletransportou de volta o skate de Kyosuke e entregou para o adolescente. Eles se levantaram do banco e caminharam juntos em direção a um lugar vazio.

Mayfield decidiu que iria abrir um portal perto da casa de Kyosuke para chegarem mais rápido. Yoshikawa mostrou a foto da localização da rua da sua tia e, em poucos segundos, o portal já estava aberto pronto para eles entrarem.

Kyosuke entrou primeiro segurando a flor, em uma mão, e o skate na outra. Logo em seguida, Aslan também entra, encontrando-se com o adolescente no exato lugar da foto.

Yoshikawa agradeceu e se despediu do amigo com um sorriso, que foi retribuido antes de Mayfield entrar de volta no portal para voltar para a sua casa, e, logo em seguida, caminhou silenciosamente em direção a porta da cada da sua tia.

Ele tirou delicadamente a chave do bolso, destrancando a porta de uma forma que sua tia não ouvisse.

Para a sua surpresa, a sua tia Katherine Lopez, com uma expressão de brava, estava em frente a porta aguardando a sua chegada com uma xícara de café.

— Por que demorou tanto, Kyosuke? Seus pais já estão sabendo que as suas notas caíram?

— O... que? — Ele mal conseguia se expressar, estava assustado e preocupado com o que Katherine tinha falado. Até onde ela sabia sobre isso?

— Não se faça de desentendimento, Kyosuke, você não é um anjo como todos pensam, exigo que me explique agora o motivo das notas baixas.

Yoshikawa não sabia o que responder. Ele não entendia o motivo dessas atitudes de sua própria tia, o que ela ganharia fazendo isso?

— O que eu te fiz para você me tratar dessa forma?

Katherine bufou enquanto revirava os olhos. Como não queria continuar discutindo com a sua tia, Kyosuke foi para o seu quarto ligar para Ethan para contar o que aconteceu no "encontro".

A atitude do sobrinho deixou-a mais irritada. No fundo, ela sabia que Kyosuke é um excelente adolescente e que não merecia ser tratado daquela forma, mas o seu ego grande nunca admitiria isso.

Quando era criança, Katherine costumava ser gentil com todos, mas, na maioria das vezes, não era tratada da mesma forma.

Ao longo dos anos, tornou-se uma mulher mais isolada e com um coração frio. Ela só se importava com as coisas que a interessavam até o ano que Kyosuke nasceu.

O coração de Katherine descongelou bruscamente e sua felicidade voltou. Ela e seu sobrinho construiram uma relação forte mesmo não se encontrando pessoalmente a maior parte do ano.

Tudo mudou quando Kyosuke decidiu fazer um intercâmbio em Furīchi e foi morar na casa de Katherine. Aquela tia doce e engraçada desapareceu em alguns dias e deu lugar a uma tia chata e amargurada.

Yoshikawa nunca entendeu ao certo o que aconteceu com ela. Katherine também não se disponibilizava para conversar com o sobrinho, vivendo em uma rotina incomum e estranha.

Mesmo tendo passado por uma infância difícil, nada justifica o tratamento horrível que o sobrinho recebia. Ele só queria passar um tempo com a tia favorita e acabou vivendo um pesadelo.

Com a chegada da segunda-feira, os treinamentos voltaram ao normal. Kyosuke e Ethan costumam preencher a ficha de presença alguns minutos antes de começarem o treino.

— Alguém sabe cadê o Aether? Ele está falando o treino pela terceira semana seguida — Ethan pronuncia em um tom de preocupação.

Os jogadores responderam em um uníssono que não. Era incomum algum jogar se ausentar do campo por tanto tempo sem se justificar e sumir do mapa.

Ethan sempre deixou claro que os estudos e a saúde dos jogadores vinham em primeiro lugar. Ele não acha justo colocar um limite específico de ausência, mas aquilo estava fora de controle.

No período que acontece mais jogos, várias pessoas tentavam entrar no time, mas não eram aceitas por conta da lotação. É inadmissível faltar durante, praticamente, um mês tendo estudantes que dariam de tudo para participarem dos jogos.

Ethan não sabia ao certo o que fazer. Ele não tinha o número de Aether e não sabia ao certo se o jogador estava na escola.

Lousntak Lyons se aproximou dos adolescentes, oferecendo para procurar Aether. Ethan autorizou a sua ausência do treino e deu o tempo que precisasse para encontrar o jogador desaparecido.

Lyons correu para fora do campo e começou a vagar o corredor procurando por Aether. Ele tentou pensar em algum lugar que o jogador estaria, mas nenhum lugar vinha na sua mente.

No corredor das salas de aula, Lousntak encontrou uma das suas melhores amigas, Meiru Sato, conversando com os estudantes presentes no corredor, parecendo estar procurando por algo importante.

— Louis, você viu o Aether? Estou procurando ele por, praticamente, a manhã inteira e não o encontro — Ela pergunta de aproximando do amigo.

Continua

Meu Último AmanhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora