NÃO MORREU.

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• E M A N U E L L Y •

Lembra que eu pensei que ele ia rancar minha alma pra fora do corpo?

Pois é, isso quase aconteceu.

Estava eu bem plena atravessando a rua quando o capeta brotou do chão junto com o carro e eu quase fui de arrasta pra cima.

--- Tá louco é?--- gritei no meio da rua ainda processando o que aconteceu.

Ele desceu do carro como se nada tivesse acontecido.

--- Não morreu.--- deu de ombros e voltou pro carro.

--- Se fode.--- terminei de atravessar a rua e ele andou um pouco mais pra frente com o carro.

--- Entra aí.

--- Eu não, num sou nem doida.--- me neguei.

--- Larga de ser fresca, tu tá indo lá pra casa mesmo.

--- Se você me matar o Théo vai vingar minha alma.--- entrei no carro com receio.

Quando chegamos na casa dele o Théo veio correndo me abraçar.

--- Você deixou o garoto sozinho em casa?--- perguntei para o Lucky.

--- Quié? Ele sabe se virar sozinho.--- deu de ombros.

--- É Manu, eu sou mais maduro que você.--- Théo comentou.

--- Humilha logo de uma vez.--- sentei no sofá me sentindo derrotada.--- Théo seu pai quase me matou.--- falei quando o Lucky sentou no sofá também.

--- Fofoqueira do caralho.--- sussurrou bem baixinho mas eu escutei.

--- Tá doidão é parceiro? Se ela morrer eu vingo a alma dela.--- Théo falou rindo.

Olhei com um sorriso divertido para o Lucky com uma cara de, "eu não disse?"

--- Que pena né, ela não morreu, tá ai vivinha.--- se levantou do sofá e pegou a maleta de cima da mesa.--- Tô indo.

--- Tchau pai.

--- Tchau Lucky.--- eu não ia falar tchau, mas eu tenho educação.

Ele saiu pela porta e agora éramos só eu e o Théo.

(...)

Brincamos a tarde inteira e agora faltava pouco para o pai dele chegar e eu ir pro meu cafofo.

Fui guarda um negócio na cozinha quando ouvi a campainha tocando.

Será que o Lucky esqueceu as chaves?

--- Que merda você...--- puxei o Jackson pra dentro em um movimento brusco.

--- Oi gatinha.--- tentou me beijar porém eu me distanciei.

--- Gatinha?--- Théo desceu as escadas repetindo a última palavra.--- Só quem pode chamar ela assim vai ser meu pai.

Théo veio correndo e se colocou no meio de nós dois.

--- Jackson vai embora.--- mandei porém ele não foi.

--- Qual é gata, eu só vim te ver.

--- Você sabe que aqui não.--- assim que terminei de falar a porta da sala se abriu revelando o Lucky.

Agora fudeu.

Os dois vão brigar, alguém vai morrer, e eu ainda vou levar a culpa.

Olhei rapidamente para o Jackson mas voltei meu olhar para o Lucky.

O Théo cochichou alguma coisa no ouvido do pai e eu percebi o olhar do mesmo mudar.

Um olhar intenso....

Théo voltou para aonde eu estava e me puxou em direção ao andar de cima.

--- Vem Manu, deixa meu pai resolver.

--- Mas e se...--- fui interrompida.

--- Eu já expliquei pro meu pai, só vamos.

Realmente eu chego a me perguntar se o Théo tem mesmo só quatro anos.


BABÁ DO FILHO DE UM MAFIOSO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora