Capítulo 42

552 35 0
                                    

Marta
Uma apontada forte no meu coração apareceu. É como se fosse ficar sem ar, como se tivesse a prever algo de mal, mas ao mesmo tempo não sei o quê.
O telemóvel começou a tocar. Será que é a Inês? Olhei e vi que era do hospital.

- Doutora Marta, em que posso ser útil? - Perguntei.

- Doutora, é preciso que você venha imediatamente para o hospital, deu entrada uma menina chamada Inês. Está meio inconsciente e só chama por você.

- Eu vou já para aí - desliguei a chamada.

Eu não sei o que se passou com a Inês, mas eu irei descobrir e caso tenha sido algo por culpa do Eduardo, ele pode ter a certeza que não irá sair impune.
Peguei no meu telemóvel e comecei a ligar para o meu pai.

- Pai? - Perguntei - eu preciso que você venha imediatamente para Lisboa.

- O que se passa filha? - Perguntou o meu pai.

- Ligaram-me do hospital e disseram que a Inês deu entrada meio inconsciente - dizia enquanto arrumava as minhas coisas - eu vou para lá, depois se quiser eu dou-lhe informações.

- Não, eu vou ter contigo ao hospital.

- Está bem pai, se quiseres podes trazer a minha mãe - disse.

- Está bem - respondeu-me - até logo e obrigado por me ligares.

Desliguei a chamada e saí de imediato de casa. Estou tão feliz por saber quem é o meu pai, por saber que a Inês é minha irmã, que tenho um sobrinho ou uma sobrinha a caminho e sobretudo, parece que os meus pais estão a tentar dar uma segunda oportunidade ao relacionamento que nunca deveria ter acabado.
Liguei o carro e tentei ir a todo o gás para o hospital.

*

- Laura, como está o quadro clínico da Inês? - Perguntei enquanto vestia a minha bata de médica.

- A miúda está razoável tal como o bebé.

- Razoável? - Perguntei intrigada - se está razoável, porquê que está meio inconsciente?

- Porque a miúda deve ter feito um enorme esforço sobre a respiração, e começou a deixar de respirar. Um casal disse que ia a passar na estrada, e que a encontrou caída no chão agarrada à coleira da cadeia.

- O que fizeram à cadela?

- Está no meu gabinete - senti-me mais aliviada - mas porquê tanta preocupação?

- Isto não sai daqui - disse - hoje eu descobri quem é o meu pai e ele também é pai da Inês ou seja, somos meias-irmãs e como é óbvio, não irei dizer, porque se disser eu irei ter que deixar de a seguir e não quero, porque também sei o quadro clínico dela - suspirei - mas eu sei que não posso trazer assuntos destes para casa, por isso, não falo.

- Não te preocupes.

- Logo, eu levo a cadela para minha casa e depois em princípio a minha irmã deve ir para minha casa, porque eu estou desconfiada de uma coisa.

- O quê?

- Que o namorado dela seja o maior motivo para ela ter se sentido mal - suspirei - e caso isso se confirme eu não vou deixá-lo aproximar-se da minha irmã.

- Mas ele é o pai do bebé.

- Um pai que não quer saber do bebé! - disse - ainda hoje ficou todo enxofrado porque a Inês foi comprar umas coisas para o bebé. Só deveria ter ficado feliz e há hora do jantar, queria que a miúda fosse embora, que senão, quando ela chegasse a casa iria ver como elas lhe mordiam.

*

Eduardo

- Pode me dizer onde se encontra a Inês? - Perguntei a uma rececionista.

- Está nas urgências - respondeu - qual é o seu nome?

- Eduardo Pereira.

- Desculpe, mas tenho informações para não o deixar entrar.

- A Inês é minha namorada e está grávida de um filho meu!

- Lamento, mas eu tenho de cumprir as ordens.

Chateado e furioso pela atitude que tomaram, senti-me no chão e fiquei a apanhar ar. Via pessoas a entrar nas urgências, fosse pelo que fosse, mas as via. Ainda não acredito que mais uma vez a Inês está no hospital por minha culpa. Eu deveria ter dito, eu deveria ter sido sincero com ela.
Passei dias a descarregar em cima dela, as ameaças que recebia da Anastácia "ou tu encontraste comigo ou eu vou matar a tua namoradinha" , "ou tu vais para a cama comigo ou eu mato o vosso bebé" coisas desse género. Mas se o fiz, foi porque não tinha alternativa. Eu não queria que acontecesse algo ao nosso bebé e principalmente à Inês.
Neste momento, ela e a sua família me odeiam e não querem saber de mim. Provavelmente até irão querer se vingar de mim.

- O que estás aqui a fazer? - Perguntou a Marta enquanto acendia um cigarro - não achas que lhe fizeste mal o suficiente para teres vindo aqui?

- Marta eu não fiz nada do que estás a pensar, eu não toquei nela, muito menos a maltratei!

- Então se não, me explica o porquê da minha irmã estar no estado em que se encontra!

- A Anastácia andava a chantagear-me - suspirei - ou eu me encontrava com ela, ou faria mal à Inês ou até mesmo, ao nosso bebé. Eu andei nestes dias a responder mal à Inês, porque eu não sabia o que fazer e vê-la radiante com o facto de irmos ser pais, faz com que ainda me sinta mais inútil, porque eu não fui capaz de dar a volta por cima.

- Tens aí algo que comprove como realmente estás a dizer a verdade? - Perguntou-me.

- Mensagens é o suficiente?

- Sim.

Peguei no telemóvel, escrevi o meu código de bloqueio e deixei o meu telemóvel sobre as mãos da Marta para ver como eu dizia a verdade. Os minutos passavam e eu cada vez ficava mais irrequieto. Eu não sabia o que fazer, eu não sabia ao certo como estava a Inês e muito menos, como está o nosso bebé.

- Desculpa por não ter acreditado em ti - disse a Marta - mas é que, acho estranho uma mulher chegar a esse ponto.

- Mas é a verdade e a própria está farta de fazer mal à Inês.

- Eu sei disso.

- Como vez, eu não fiz por mal, se o fiz, foi pela Inês e pelo nosso bebé.

- Eu vou ver o que posso fazer - disse a Marta é regressou para dentro das urgências.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora