Capítulo 47

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Passado uma semana

I

nês

Já aqui estou internada há uma semana. Já conheço quase toda a equipa de saúde que tem cuidado de mim e algumas pacientes que estão aqui internadas. Como tive uma boa recuperação, autorizaram-me a ir de vez em quando passear um pouco pelo hospital para não ficar demasiado stressada por aqui estar fechada entre quatro paredes. O Eduardo tem vindo quase todos os dias aqui ao hospital saber como eu estou e tenta falar comigo, mas eu tomei a decisão de não voltar para ele. Desde que estamos ou estávamos juntos, só havia problemas há nossa roda e péssimos acontecimentos, por isso, como não estou disposta a continuar a sofrer, optei por desistir dele e de nós. Só falo com ele, quando tenho de informa-lo de algo quanto à nossa bebé porque de resto, não lhe dirijo uma única palavra. Pode lhe custar, tal como a mim mas é a atitude mais acertada. Não vale a pena insistir em algo que já deu para eu mesma me aperceber que não vale a pena.

Truz, truz, truz – aposto que deve ser a minha irmã.

- Bom dia maninha – disse a minha irmã enquanto entrava dentro do meu quarto.

- Bem, hoje estás muito animada.

- Pois estou – me respondeu – tenho duas notícias para ti, uma é boa outra é um pouco para o péssimo.

- Já me estás a assustar! – Respondi – o que se passa? – Perguntei.

- Saíram os resultados dos exames que fizeste aos pulmões e já tive também reunida com a equipa que tem cuidado de ti.

- E, o quê que eu tenho? – Perguntei com algum medo.

- Asma – respondeu-me e eu fiquei em choque a olhar para ela.

- Asma!? Como assim eu tenho asma? Eu nunca tive sintomas de tal coisa.

- Porque tu práticas bastante exercício físico e os teus pulmões estão aptos para aguentar até um determinado ponto, naquele dia como correste muito mais rápido e fizeste um esforço maior, acabaste por ter um ataque de asma – respondeu-me e eu fiquei ainda mais em choque – mas não te preocupes, já tens aqui a tua bombinha.

- A minha bombinha? – Perguntei intrigada.

- Sim, podes continuar a fazer a tua vida normal e quando começas a sentir uma grande falta de ar ou um cansaço em respirar, pegas na bombinha e a usas. Eu depois irei ensinar-te mas alguma coisa tens num papelzinho a demonstração.

- Ainda estou em choque Marta, eu nunca tive índices de tal coisa.

- Eu compreendo-te.

- E qual é a boa notícia? – Perguntei para não relembrar-me da ideia que sofro de asma e que tenho de andar sempre com uma bombinha atrás.

- A boa notícia é que a equipa de saúde, na reunião decidiu que já poderias ter alta como também muito em breve já poderás começar a fisioterapia por causa do braço que partiste, mas claro, ainda vais ter que andar com gesso no braço.

- Sim pois – respondi – é só boas notícias não é? Eu que sempre fui saudável, foi preciso vir para Lisboa para partir um braço e descobrir que tenho asma.

- Não vejas as coisas nesse parâmetro.

- Se calhar não foi boa ideia ter vindo estudar para Lisboa. Eu poderia estar feliz com a minha vida, mas não estou.

- Não penses assim – respondeu-me – tenta ver um bem de tudo, tens uma menina a crescer dentro de ti com todo o amor e carinho, tens tirado boas notas na universidade, descobriste que tens uma irmã, o nosso pai anda feliz por nos ter ás duas e devido a uma segunda oportunidade que ele e a minha mãe receberam, por isso, não foi só coisas péssimas que aconteceram.

- Nesse ponto de vista tens razão – suspirei – mas é tudo tão estranho.

- Vá Inês agora não penses nisso – disse-me enquanto revirava o cateto da minha veia – o importante é teres força, encarares todos os futuros problemas e sobretudo, não te esqueceres que tens uma família para te apoiar – disse-me e eu sorri – e espero, que logo há noite quando sair do meu trabalho, ter direito a um jantar em tua casa – sorri.

- Não te preocupes que terás.

- O pai está lá fora e vai contigo para a tua casa, caso precises de assistência nos próximos dias porque infelizmente eu não vou ter grande tempo para te ajudar.

- Não te preocupes.

De seguida, a Marta me ajudou a vestir e a calçar. Após já estar prontinha, a Marta ajudou-me a andar até ir ao encontro do meu pai. É tão estranho a forma que eu ando, é como se não conseguisse sentir as minhas pernas.

- Pai – disse com um sorriso e o abracei – já aqui estou, próxima para outra.

- Não quero mais sustos – disse-me.

Pegou nas minhas coisas e despedi-me da minha irmã. Ela disse que ninguém pode desconfiar que sejamos irmãs, porque caso isso aconteça, ela é obrigada a deixar de me seguir como médica e então, tentamos fingir que somos apenas amigas ou conhecidas.
Entrei dentro do carro do meu pai e do nada ocorreu-me há cabeça, onde poderia o Eduardo estar, provavelmente deve saber que eu tive alta.

- Está tudo bem querida? – Perguntou o meu pai.

- Porque não haveria de estar? – Questionei.

- Devias estar feliz por teres alta e não estás.

- Claro que estou feliz – disse – vamos aonde? – Perguntei assim que notei, que não íamos em direção há minha casa.

- Tirei duas semanas de férias para estar contigo – disse o meu pai – e com a minha netinha que está em desenvolvimento, por isso, decidi irmos passear.

- Mas pai, eu não estou com uma roupa adequada para ir passear – disse enquanto me ria.

- Que não seja por isso, vamos então ao teu apartamento para trocares de roupa – sorri – e assim aproveito e vejo o que falta a nível de comida.

- Porquê?

- Porque eu vou ficar durante duas semanas lá em casa e porque não sei se o Eduardo não levou algo de comida ou se vocês a consumiram quase toda.

- Mas se vais ficar lá em casa, aonde vais dormir pai?

- Num colchão insuflável no quarto da minha neta – sorri.

- E lá dormes bem?

- Sim – sorriu – para além, eu quero remediar o tempo perdido, o tempo que te faltei como pai e claro, conhecer melhor a tua irmã e ser feliz ao nosso lado.

- Fico bastante feliz por isso – disse.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora