Inês
As horas passavam e eu me apercebi disso através do maldito relógio que estava aqui à minha frente. Não sei se faz sentido ter um relógio na parede de um quarto no hospital, mas também, o quê que atualmente fez sentido?
Há umas horas atrás, estava feliz a comprar roupas e algumas coisas para a minha bebé, estava feliz por saber que o meu pai era o pai da Marta e que ambas éramos irmãs, mas agora, não vejo motivo nenhum para estar feliz. O meu namorado me traiu e eu mesma assisti a tal traição. Eu mesma, poderia neste momento o odiar ou ter raiva dele, mas não sinto nada disso. Mesmo assim, eu continuo a amá-lo como se nada tivesse acontecido, mas ao mesmo tempo, uma dor invade. Uma dor chamada desilusão.
Eu dei tudo o que podia ao Eduardo, eu esqueci o maldito passado e os contras, agarrei-me ao nosso amor com todas as unhas e dentes que tinha, até que apanho aquela maldita desilusão.Truz, truz, truz.
Limpei as lágrimas que tinha na minha face e tentei por um sorriso na minha mesma.
- Quem é? – Perguntei.
- Sou eu. – Ao dizê-lo deparo-me com o Eduardo – provavelmente não queres olhar para a minha cara, mas só posso dizer-te que, o que assististe não foi nada.
- Como assim não foi nada? Eu apanhei-te enrolado com a minha inimiga, com a moça que tentou me matar e já nos tentou separar, e mesmo assim, como é que podes dizer que não foi nada?
- Eu fui para a cama com a Anastácia porque ela me ameaçou!
- A Anastácia pode ter-te ameaçado, mas tu tens cabeça para dar a volta por cima, mas não o fizeste.
- Inês, ou eu ia sair com ela e ia para a cama com ela, ou a mesma fazia algum mal a ti e ao nosso bebé! Põe-te no meu lugar.
- Eu não quero ouvir absolutamente nada do que dizes, Eduardo! Tu magoaste-me, tu envolveste-te com a Anastácia na minha própria casa, na minha própria cama, para não falar também, da forma que me tens dirigido ultimamente.
- Não me vais perdoar pois não?
- Eduardo eu recuperei os sentidos há pouco tempo, estou meio atordoada como é que vim aqui parar, depois o que eu assisti, por isso, não me faças perguntas quanto a nós.
- Está bem – disse-me enquanto recuava para trás – eu vou lá a casa e vou fazer as minhas malas.
- Vais para aonde? – Perguntei meio preocupada por mais que não merecesse.
- Sei lá, para casa de alguém, talvez da Cláudia ou do Bruno.
- Como queiras – respondi para não dar o braço a torcer.
- Espero que fiques bem – disse-me e saiu do quarto em que me encontrava.
Eu não sei se fiz bem em rejeitá-lo depois do que me contou, mas eu também não sei até que ponto o Eduardo está a dizer a verdade, eu não sei até que ponto a Anastácia não disse a verdade, quando disse “nós sempre tivemos juntos”, atualmente eu não sei de nada. Quem está a dizer a verdade, quem é que está a mentir e sobretudo, a raiva que eu sinto, porque o Eduardo me escondeu tudo e não foi capaz de me dizer absolutamente nada!
- Posso entrar? – Perguntou a Marta.
- Sim podes mana – respondi com um sorriso para tentar disfarçar o quanto triste e magoada estou.
- Como correu a conversa? – Perguntou enquanto vinha em minha direção – eu vi o Eduardo a sair daqui.
- A justificação dele foi que andava a ser ameaçado pela Anastácia – suspirei – mesmo que até possa ser verdade, ele deveria ter-me dito e aí tentávamos arranjar uma forma de vencer as ameaças dela.
- O Eduardo tinha medo do que a Anastácia pudesse vir a fazer – disse-me – quando o pai ficou aqui contigo, eu fui fumar um cigarro e quando chego à porta das urgências para puder fumar, encontrei o Eduardo sentado no chão a chorar, porque ele queria entrar para saber como estavas e não podia. Falei com ele e depois me contou tudo – suspirou – então, pelo sim pelo não, pedi que me mostra-se uma prova, então me mostrou as mensagens que a Anastácia lhe mandava.
- E o que diziam? – Perguntei com alguma curiosidade.
- Basicamente eram ameaças, para ele se encontrar com ela e caso não fizesse ou abrisse a boca, tu ou a bebé pagariam caro.
- Quando eu sair daqui, eu vou matar essa miúda! – Disse completamente revoltada – já é a segunda vez que ela mete a minha gravidez ao barulho e isso já começa a cansar-me! Demasiado até!
- Inês ao fazeres-lhe frente, as coisas irão piorar.
- Se soubesse, todos os pontapés que lhe dei, deveria o ter feito ainda não sei mais quantas vezes! – Disse – eu não sei qual é o problema dela, mas se o Eduardo não a quis, só tinha de aguentar e desistir.
- O que estás a pensar fazer? – Perguntou-me.
- Não sei Marta – disse – o Eduardo realmente pode ter sido obrigado a fazê-lo, mas isso não é o suficiente, porque traição é uma traição, seja os motivos que forem.
- Não vais voltar para ele?
- Não sei Marta.
- Vocês vão ter uma filha em comum – disse-me – para além, o Eduardo não sabe que é uma menina e a mesma irá precisar de ter os pais presentes.
- Eu sei disso, mas ele escolheu o caminho que escolheu.
- Eu não vou obrigar-te a voltares para ele, muito menos fazeres algo que não queiras – disse-me – mas eu só espero, que tenhas consciência na decisão que tomares, porque para além de ser a tua felicidade em jogo, também está uma bebé em jogo. – Começou a afastar-se – eu vou lá fora para tentares descansar, mas pensa bem.
- Está bem – respondi.
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O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |
RomanceInês tem 19 anos e é de Tabua que fica no conselho de Coimbra. Decidiu vir estudar para Lisboa, numa das melhores faculdades de enfermagem. Por mais que digam-lhe que é uma decisão um pouco arrojada ela não desiste. Eduardo tem 20 anos e é de Tábua...