Capítulo 45

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Inês
As horas passavam e eu me apercebi disso através do maldito relógio que estava aqui à minha frente. Não sei se faz sentido ter um relógio na parede de um quarto no hospital, mas também, o quê que atualmente fez sentido?
Há umas horas atrás, estava feliz a comprar roupas e algumas coisas para a minha bebé, estava feliz por saber que o meu pai era o pai da Marta e que ambas éramos irmãs, mas agora, não vejo motivo nenhum para estar feliz. O meu namorado me traiu e eu mesma assisti a tal traição. Eu mesma, poderia neste momento o odiar ou ter raiva dele, mas não sinto nada disso. Mesmo assim, eu continuo a amá-lo como se nada tivesse acontecido, mas ao mesmo tempo, uma dor invade. Uma dor chamada desilusão.
Eu dei tudo o que podia ao Eduardo, eu esqueci o maldito passado e os contras, agarrei-me ao nosso amor com todas as unhas e dentes que tinha, até que apanho aquela maldita desilusão.

Truz, truz, truz.

Limpei as lágrimas que tinha na minha face e tentei por um sorriso na minha mesma.

- Quem é? – Perguntei.

- Sou eu. – Ao dizê-lo deparo-me com o Eduardo – provavelmente não queres olhar para a minha cara, mas só posso dizer-te que, o que assististe não foi nada.

- Como assim não foi nada? Eu apanhei-te enrolado com a minha inimiga, com a moça que tentou me matar e já nos tentou separar, e mesmo assim, como é que podes dizer que não foi nada?

- Eu fui para a cama com a Anastácia porque ela me ameaçou!

- A Anastácia pode ter-te ameaçado, mas tu tens cabeça para dar a volta por cima, mas não o fizeste.

- Inês, ou eu ia sair com ela e ia para a cama com ela, ou a mesma fazia algum mal a ti e ao nosso bebé! Põe-te no meu lugar.

- Eu não quero ouvir absolutamente nada do que dizes, Eduardo! Tu magoaste-me, tu envolveste-te com a Anastácia na minha própria casa, na minha própria cama, para não falar também, da forma que me tens dirigido ultimamente.

- Não me vais perdoar pois não?

- Eduardo eu recuperei os sentidos há pouco tempo, estou meio atordoada como é que vim aqui parar, depois o que eu assisti, por isso, não me faças perguntas quanto a nós.

- Está bem – disse-me enquanto recuava para trás – eu vou lá a casa e vou fazer as minhas malas.

- Vais para aonde? – Perguntei meio preocupada por mais que não merecesse.

- Sei lá, para casa de alguém, talvez da Cláudia ou do Bruno.

- Como queiras – respondi para não dar o braço a torcer.

- Espero que fiques bem – disse-me e saiu do quarto em que me encontrava.

Eu não sei se fiz bem em rejeitá-lo depois do que me contou, mas eu também não sei até que ponto o Eduardo está a dizer a verdade, eu não sei até que ponto a Anastácia não disse a verdade, quando disse “nós sempre tivemos juntos”, atualmente eu não sei de nada. Quem está a dizer a verdade, quem é que está a mentir e sobretudo, a raiva que eu sinto, porque o Eduardo me escondeu tudo e não foi capaz de me dizer absolutamente nada!

- Posso entrar? – Perguntou a Marta.

- Sim podes mana – respondi com um sorriso para tentar disfarçar o quanto triste e magoada estou.

- Como correu a conversa? – Perguntou enquanto vinha em minha direção – eu vi o Eduardo a sair daqui.

- A justificação dele foi que andava a ser ameaçado pela Anastácia – suspirei – mesmo que até possa ser verdade, ele deveria ter-me dito e aí tentávamos arranjar uma forma de vencer as ameaças dela.

- O Eduardo tinha medo do que a Anastácia pudesse vir a fazer – disse-me – quando o pai ficou aqui contigo, eu fui fumar um cigarro e quando chego à porta das urgências para puder fumar, encontrei o Eduardo sentado no chão a chorar, porque ele queria entrar para saber como estavas e não podia. Falei com ele e depois me contou tudo – suspirou – então, pelo sim pelo não, pedi que me mostra-se uma prova, então me mostrou as mensagens que a Anastácia lhe mandava.

- E o que diziam? – Perguntei com alguma curiosidade.

- Basicamente eram ameaças, para ele se encontrar com ela e caso não fizesse ou abrisse a boca, tu ou a bebé pagariam caro.

- Quando eu sair daqui, eu vou matar essa miúda! – Disse completamente revoltada – já é a segunda vez que ela mete a minha gravidez ao barulho e isso já começa a cansar-me! Demasiado até!

- Inês ao fazeres-lhe frente, as coisas irão piorar.

- Se soubesse, todos os pontapés que lhe dei, deveria o ter feito ainda não sei mais quantas vezes! – Disse – eu não sei qual é o problema dela, mas se o Eduardo não a quis, só tinha de aguentar e desistir.

- O que estás a pensar fazer? – Perguntou-me.

- Não sei Marta – disse – o Eduardo realmente pode ter sido obrigado a fazê-lo, mas isso não é o suficiente, porque traição é uma traição, seja os motivos que forem.

- Não vais voltar para ele?

- Não sei Marta.

- Vocês vão ter uma filha em comum – disse-me – para além, o Eduardo não sabe que é uma menina e a mesma irá precisar de ter os pais presentes.

- Eu sei disso, mas ele escolheu o caminho que escolheu.

- Eu não vou obrigar-te a voltares para ele, muito menos fazeres algo que não queiras – disse-me – mas eu só espero, que tenhas consciência na decisão que tomares, porque para além de ser a tua felicidade em jogo, também está uma bebé em jogo. – Começou a afastar-se – eu vou lá fora para tentares descansar, mas pensa bem.

- Está bem – respondi.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora