Capítulo 62

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Inês
Não me importava de viver todos os dias, como hoje vivi. Para além de ter reconciliado mais o Eduardo, ainda ficámos noivos e passámos a tarde a brincar um com outro e claro, houve uma altura que também tive de ir estudar para não me perder na matéria.

- Amor enquanto continuas a estudar, queres que eu faça o jantar? – Perguntou o Eduardo.

- Primeiro tenho de ligar ao meu pai, não vá jantar com a Sara e nós a fazermos comida amais.

- Está bem – respondeu-me.

Ainda não sei como é que o meu pai irá reagir ao saber que eu e o Eduardo reconciliamos, se bem que o mais provável é ele ficar feliz. Atualmente, ele tem andado a recuperar o tempo perdido com a Sara e com a Marta, e o facto de saber que já não é necessário andar tão em cima de mim, faz com que possivelmente ele se junte. Ainda não sei se ele e a minha mãe já entraram em fase de divórcio ou não. Nunca mais ouvi falar dela nem nunca mais me ligou. Ainda hei de casar e ela não ir ao meu próprio casamento.
Peguei no meu telemóvel e comecei a ligar ao meu pai, para saber se vem cá jantar ou não.

- Pai? – Perguntei assim que deixei de ouvir o pip da chamada.

- Sim filha – respondeu.

- O Eduardo quer saber se vens jantar connosco.

- O Eduardo? – Perguntou o meu pai e ouvi a rir do outro lado – vocês reconciliaram?

- Sim e temos mais uma novidade para te contar.

- Tudo bem, eu estou quase a despachar-me.

- Está bem pai, beijinhos – desliguei a chamada.

Penso que ele ficou bastante feliz por ter feito as pazes com o Eduardo, se bem que provavelmente agora o meu pai vai seguir a sua vida ou então, irá achar a ideia do noivado um bocado precipitada.
Inspirei fundo e fui ter com o Eduardo à cozinha. Assim que cheguei, agarrei-o por trás e o mesmo soltou um sorriso.

- O meu pai vem jantar – disse e o Eduardo sorriu.

- Disseste-lhe que estamos juntos?

- Sim e que tinha uma coisa para lhe contar, neste caso, que estamos noivos.

- Como achas que ele irá reagir? – Perguntou o Eduardo enquanto cortava as batatas.

- Não sei – suspirei – mas acredito que irei deixá-lo de tê-lo presente – torci a boca – ele tem andando armado em pai galinha, só porque eu estou grávida e sozinha cá em casa, e agora ao saber que estás cá, irá aperceber-se que já não preciso tanto da sua atenção, então, poderá seguir a sua vida e já não me dar tanta assistência.

- E, isso deixa-te assim triste?

- Um bocado, mas também sei que ele merece ser feliz e, é normal querer estar com a Sara e com a Marta mais vezes.

- Tens estado com ela?

- Não – disse enquanto sentava sobre a bancada e comia uma maçã – ela tem andado ocupada com o emprego e quando não está no emprego, faz a sua vida. Falamos uma vez ou outra por chamada, mas aquela coisa de irmãs sempre a saírem, não temos.

- Estranho – disse o Eduardo.

- Estranho porquê?

- Vocês descobriram há pouco tempo que são irmãs, logo, deveriam recuperar todo o tempo perdido e não estão a fazê-lo.

- Eu tenho andando demasiado ocupada com a universidade, ela com o trabalho.

- Isso não é desculpa, há aqui algo que não me convence.

- Eduardo, são feitios e sabes que vida de médico ou médica não é fácil.

- Mesmo assim – suspirou – acho estranho o facto dela não andar mais contigo a querer recuperar o tempo perdido.

- Deixá-la – sorri – agora quem tem de recuperar o tempo perdido somos nós – sorriu, veio até mim e me beijou.

- Passaria um dia inteiro a beijar-te.

- Ai sim? – Perguntei com um enorme sorriso – então temos de combinar um dia para tal coisa acontecer.

*

Enquanto punha a mesa, o Eduardo cantava na cozinha. Era bastante notável a sua felicidade e isso deixava-me de coração preenchido e aconchegado. Finalmente estou ao lado do homem que amo e o qual me faz sentir completamente viva.

- Olá filha – disse o meu pai enquanto abria a porta do meu apartamento.

- Olá pai – disse e o ajudei a retirar o seu enorme casaco que deveria pesar uns 10 quilos à vontade.

- Temos muito que falar! – Disse-me assim que reparou no meu anel de noivado.

- É verdade – disse com algum, receio que o mesmo se opusesse ou que simplesmente voltasse a seguir a sua vida, um pouco distante de mim.

- Olá senhor Simão – disse o Eduardo enquanto caminhava em direção ao meu pai e lhe deu um cumprimento de mão.

- Olá Eduardo, é bom saber que vocês reconciliaram e que a minha filha tem um anel de noivado no dedo – engoli em seco devido ao tom que falou – vão-se casar enquanto estudam e não têm emprego?

Eu não sei o porquê do meu pai ter feito aquela questão, principalmente do tom que falou. É como se tivesse a apoiar a nossa reconciliação e contra o facto de estar noiva do Eduardo.

- Se for preciso eu tento arranjar um part-time enquanto estudo – disse o Eduardo – eu não vou voltar a deixar a sua filha, nem a nossa filha e quero que a gente seja uma família feliz e unida.

- Acho bem – disse o meu pai – vocês têm de começar a organizar a vossa vida.

- Pai – olhei fixamente para os seus olhos – eu não acredito que estás a querer dar-nos sermões, logo no dia que reconciliámos.

- Eu só não quero que vocês tenham demasiada pressa em fazer as coisas e depois, ficarem sem nada.

- Pai nós não vamos casar já, neste momento os nossos maiores objetivos é criar a Beatriz e acabar a universidade. Depois, quando já tivemos a trabalhar, é que a gente provavelmente irá casar – suspirei – comam vocês os dois.

- Como assim? – Perguntou o Eduardo.

- Já perdi a fome – saí da sala e fui diretamente ao meu quarto sem dar ouvidos ao que o Eduardo ou o meu pai diziam.

Entrei dentro do meu quarto e deitei-me na minha cama. Algumas lágrimas começaram a descer pela minha face abaixo, cada vez que me relembrava das palavras do meu pai. Eu pensei aliás, tive um pouco de esperança que ele fosse ficar feliz, por saber que a neta vai crescer com os seus pais juntos e que estaria novamente com a pessoa que amo, mas não. É como se, o que menos esperava, acontece-se.

Truz, truz, truz.

- Eu não quero falar com ninguém – disse e a porta do meu quarto abriu-se.

- Sou eu – disse o Eduardo e fechou a porta –, sei que o teu pai não reagiu da melhor forma possível, mas não te vás abaixo por causa disso.

- Viste como ele falou? – Perguntei enquanto chorava – parecia que não tinha ficado feliz, devido às suas questões e ao seu tom.

- O teu pai tem medo que a gente faça demasiados planos e que depois, não consigamos os realizar.

- Mas nós estamos a querer levar tudo o mais calmo possível, tanto que nem íamos casar já, era só quando pudéssemos.

- Eu sei disso – pegou na minha mão – mas o teu pai não assistiu à nossa conversa, por isso, não sabe absolutamente nada – sorriu – agora, vais limpar essas lágrimas e vens jantar connosco.

- Eu perdi a fome.

- Inês tens de te alimentar – disse – faz isso por mim e pela nossa bebé – sorri – assim já gosto mais – beijou-me lentamente, limpei a minha face e fomos para a sala jantar.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora