Capítulo 40

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Inês
Não tenho palavras para descrever este jantar. Agora sim, compreendo o meu pai e o porquê da Sara ter sido o amor da sua vida. Para além de ser uma mulher maravilhosa, sabe falar, sabe estar, é brincalhona, bastante espontânea. E, ainda a admiro mais, como é que conseguiu ter a Marta sozinha, seguir a sua gravidez sem grandes ajudas e sobretudo, deu tudo o que tinha à Marta. Isso é bastante de valor, mas mais feliz ainda fico, por saber que a Marta é minha irmã.

- Inês vais para casa? – Perguntou o meu pai.

- Ah… – eu tinha prometido à Marta que iria dormir a casa dela, mas ao mesmo tempo eu tenho medo, porque não sei como é que o Eduardo irá reagir ainda por cima ele é bastante imprevisível – bem ah…sim.

- Inês – diz a Marta em tom de repressão – tu me prometeste que ias dormir na minha casa, para pensares bem no que hás de fazer.

- Eu sei Marta, mas tenho bastante medo do que o Eduardo possa fazer – suspirei – eu não sei o que se passa com ele, muito menos o que lhe fez tornar assim.

- Provavelmente não se tornou, revelou-se.

- Ele não é assim mau, ele bom! – Disse-lhe.

- Bom o suficiente para te ameaçar? – Ao pergunta-lo, apercebi-me que o meu pai ouviu.

- O Eduardo ameaçou-te!? – Perguntou com um tom de furioso.

- Não foi nada demais – respondi enquanto revirava os olhos.

- Inês! Ele disse caso não fosses imediatamente para casa, que iria-te buscar e ias ver o que te acontecia – disse – se realmente isso não fosse uma ameaça, não tinhas ficado com medo, muito menos falado naquele tom.

- Já chega – disse – eu vou para minha casa, vou falar com o Eduardo e vamos resolver tudo! Se calhar é isso que está a faltar, uma conversa a dois – olhei para o meu pai – podes me levar há minha casa? Não tenho carro.

- Eu levo-te – disse o meu pai.

Despedi-me da Marta mesmo sabendo o quanto ela não concordava com esta ideia, de ir ter com o Eduardo e ir lá para casa depois daquele telefonema que ele me fez. Mas eu também não posso fugir a um problema, eu tenho que enfrenta-lo e tentar resolver tudo.

*

Abro a porta do meu apartamento e me deparo com a Cloe, a correr em minha direção com um boneco na boca. Fecho a porta do meu apartamento, retiro as minhas botas.

- Ah…mais…mais…aaaaaa.

Que barulho é este? Pensei para mim mesma. Começo a andar pelo corredor e oiço esse gemido tornar-se mais forte.
Acendi a luz do corredor, não vá contra alguma coisa e magoar-me. Há medida que vou aproximando-me do meu quarto, começo a ouvir uma cama a guinchar contra a parede e uma mulher a gemer cada vez mais alto e rápido. – o que se passa aqui? – Pensei novamente para mim mesma. Inspirei fundo, enchi-me de coragem e ao abrir a porta, deparo-me com o Eduardo a envolver-se com a Anastácia na minha própria cama, no meu próprio quarto. Diversas lágrimas começaram a descer pela minha face abaixo, do porquê daquilo ter acontecido, de como é que ele foi capaz de me fazer isto, como é que ele foi capaz de se envolver com a mulher que me tentou matar e a qual já nos separou uma vez.

Eu não quero ver mais isto, eu não quero mais ver o homem que amo a envolver-se dentro do meu próprio quarto, dentro dos meus lençóis com outra mulher, começo a recuar para fora do meu quarto, enquanto ainda olhava para aquilo rodeava de lágrimas. Eu dei tudo ao Eduardo, a minha virgindade, o meu apartamento, tudo, e ele faz isto.

- Inês? – Chama-me assim que fui contra à porta do meu quarto e de seguida se levantou – eu posso explicar Inês, isto não é o que estás a pensar – caminhava em minha direção e eu afastava-me cada vez mais – eu não fiz nada, ela é que…

- Ela o quê? – Perguntou a Anastácia – nós nunca nos deixámos, sempre tivemos um relacionamento às escondidas e tudo, por causa dessa maldita gravidez que nem és capaz de abortar.

- Jamais irei abortar, porque eu amo este bebé! É meu! – Gritei – e tu, não passar de uma porca nojenta que não podes apanhar uma única vez o Eduardo e eu chateados, que te aproveitas logo – fui em direção à Anastácia – eu te odeio e tu vais pagar bem caro – cheguei ao pé dela e lhe joguei ao chão e dei um pontapé na sua boca – por me teres tentado matar e principalmente ao meu bebé! Tu vais pagar tão caro – voltei a dar-lhe outro pontapé até que o Eduardo me agarra.

- Larga-me! – Afastei-me dele – tu metes-me nojo! Nojo! – Gritei – eu dei-te o melhor de mim, eu fiz de tudo para te fazer feliz, e tu? É só a desiludires-me! Eu odeio-te por tudo o que me tens causado, eu odeio-te pelas humilhações que me tens feito passar por culpa da Anastácia e sobretudo, eu odeio-te por nem respeitares a minha gravidez!

- Inês espera – agarrou-me no braço e acabei por lhe dar um estalo – deixa-me em paz e nunca, mas mesmo nunca mais vais ver o teu filho ou tua filha, muito menos a mim!

Saí do meu quarto, peguei na Cloe, na minha mala e fechei a porta do meu apartamento, chamei o elevador e fui pelas escadas, não fosse o Eduardo tentar me apanhar através do elevador. Desci as escadas com toda a velocidade que conseguia, mesmo quase sem fôlego eu continuava a correr. Saí do prédio e fui em direção ao porteiro.

- Por favor me ajude – disse-lhe – eu preciso de um carro – disse enquanto chorava – eu tenho de fugir daqui.

- Inês neste momento não posso ajudá-la, peço desculpa.

Após o não que recebi do porteiro, mesmo quase sem fôlego, tive a decisão de começar a correr novamente e ir para a casa da minha irmã.

O idiota do meu inimigo de infância - 1°Livro | revisão |Onde histórias criam vida. Descubra agora