Capítulo 26 🥀

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AINDA imergida nas memórias de Wolfgang, Iris percebeu o quão problemático e complexo aquele interrogatório seria.

Ela conseguia ver nitidamente as atrocidades realizadas pelo homem no decorrer dos anos. O tanto de sangue que derramou, as inúmeras pessoas que matou e torturou. A mente de Wolfgang era podre, obscura, e Iris pode compreender o porquê de tanto alarde para que ela fosse cautelosa.

A certeza de que Wolfgang era verdadeiramente desalmado não demorou para dominar Iris.

Entretanto, quanto mais ela se afundava naquela podridão, mais a garota conseguia compreender o que Aiden queria dizer a ela sobre as memórias daquele sádico serem embaralhadas, picotadas, como se faltasse parte de lembranças e elas estivessem completamente desconexas.

Sempre que Iris seguia o rastro do endereço de alguma base dos Liberatores, não chegava a lugar algum, pois as lembranças do homem visitando o local eram borradas. Ou as lembranças das pessoas ao redor citando lugares onde estavam eram distorcidas, como se alguém, ou ele mesmo, tivesse alterado aqueles momentos.

Quando por fim se deu por vencida, Iris largou Wolfgang e voltou para sua mesa com uma sensação de serviço inacabado.

Ela não havia conseguido quase nada.

Iris tentou até mesmo reconhecer alguns rostos, achar alguma pista sobre Andrew Willians, mas não havia nada útil para o exército.

Ao chegar na sua mesa, ela começou a preencher os relatórios e descrever tudo o que tinha visto. Ela tentava ao máximo não absorver e se manter imparcial com as atrocidades realizadas por Wolfgang, ainda que aquilo beirasse ao impossível.

Já no fim do turno, Aiden apareceu para conversarem.

-E então, como foi?- O chefe perguntou passando os olhos pela pupila, analisando-a de forma preocupada.

-Bom...- Iris suspirou, buscando organizar os pensamentos antes de o responder.- Você tinha razão quando o chamou de demônio. Aquele cara é cruel. E não é só as memórias recentes que não fazem sentido, mas as de todos os anos. Não consegui praticamente nada. Toda vez que chegava perto de descorbrir algum esconderijo, ou ouvir algum nome importante, ficava tudo borrado, ou a lembrança era cortada no meio.

-Sim, eu compreendo.

-Você já tinha visto isso antes?

-Para falar a verdade, não em adultos. Já tive a oportunidade de investigar crianças que haviam acabado de passar por grandes traumas, e a própria mente dela acabou apagando os acontecimentos. Mas com Wolfgang é diferente.

-Sim. Isso acontece com lembranças cruciais para entregar os Liberatores, em todos os anos, e não por um trauma.

-Exatamente.- Aiden assentiu.- Você já conseguiu avançar muito?

-Alguns anos, mas nada de útil.

-Aquele velho do dia do assaninato dos pais de Sebastian não apareceu novamente?

- Não. Há alguns rostos que são recorrentes, como o do pai de Miles, Joseph Lewis, e um outro ruivo que ainda não descobri o nome, mas nenhum que trabalhe no exército e possa estar infiltrado na Capital.

-Você já terminou isso?- Aiden apontou com a cabeça para os relatórios em cima da mesa.

-Sim.

-Tudo bem, então. Agora, vá descansar. Amanhã você continua.

Iris assentiu, e os dois se despediram. A garota reuniu seus pertences e caminhou em direção a saída do Quartel General.

Minutos depois, já na Casa Aurora, deitada em sua cama, Iris tentava não pensar no trabalho, nas coisas que tinha visto e nas que ainda teria que ver. Sempre que se pegava pensando nas memórias horripilantes de Wolfgang, Iris redirecionava seus pensamentos para coisas boas.

Lost FlameOnde histórias criam vida. Descubra agora