Novos Anjos Capítulo 1 : A nova escola

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Nosso carro já dava a milésima volta pelo quarteirão, eu já me sentia enjoado com tantas voltas, não apenas pelo fato de minha tia estar com tanta dificuldade de encontrar lugar para estacionar, mas também porque já se passara quase 1 hora de viagem entre o momento em que saímos de casa, ela deixou meus irmãos na escola e agora estava me deixando na minha nova escola, Colégio Monte Rey.

Sim, pela primeira vez vou estar sozinho em uma escola, eu que sempre estudei junto com meus irmãos agora vou estudar sozinho na Monte Rey pois eles já passaram pro ensino médio enquanto a Monte vai apenas até o 9º do fundamental. Bem talvez o corre corre das matriculas tenha atrasado um pouco as coisas, já estávamos quase no fim de fevereiro e as aulas haviam iniciado 20 de Janeiro- Meus Deus, quanto de atraso eu vou ter que tirar? Eu pensava inquieto. Também vou ser o aluno novo que chegou quase no fim do primeiro mês de aula, vão me achar um folgado, ainda mais quando souberem que estou chegando dos EUA, oque vão pensar de mim? Que sou um mauricinho metido? Como vão me olhar? Não conheço ninguém na cidade toda, o que dirá da escola?

Chegamos no Brasil em cima da hora de tudo, minha tia uma advogada que estava terminando o Doutorado em Nova Iorque tinha recebido uma proposta incrível de uma grande Universidade de São Paulo para ser a Diretora do departamento Jurídico e coordenadora do curso de Direito. Como eu sei tudo isso? Bem, sempre fui meio nerd mesmo e morando nos EUA o que não faltava eram informações de todos os lugares, sem contar que minha tia sempre foi muito rígida com os estudos, meus irmãos odiavam, mas eu com o tempo me apeguei a isso tudo, podia me orgulhar de ter lido todos os livros que ganhei de presente na vida, diferente do Luca, meu irmão mais velho que adorava usar os livros para... bem para qualquer coisa que não fosse ler.

Parei meus pensamentos inquietos imediatamente quando vi uma oportunidade e gritei- Ali, tia, ali, uma vaga pra estacionar.

- Finalmente suspirou ela, estamos bem atrasados, são quase 8:00.
- Será que vou levar bronca logo no primeiro dia? Fiz cara de choro.
- Claro que não meu anjo, a diretora já está a par de toda a situação, eu vou explicar que também perdemos a hora no trânsito, afinal de contas o que é mais uma hora de atraso? - Já estamos 3 semanas atrasados.
- Ah- virei de lado com mais vontade ainda de chorar- como vou recuperar tudo isso?
- Meu anjo, sei que vai ser difícil mas você consegue, me perdoe tenho culpa nisso, sei que nosso ano começou bem fora do normal, mas vamos tentar e nos esforçar.
- Ok- respondi conformado- o que poderia ser pior? Cidade desconhecida? Pessoas diferentes me olhando e me julgando, ah, tudo ótimo, depois dizem que ser criança é fácil.

Descemos do carro com pressa e nos dirigimos até a entrada, era uma bela escola, nada tão grande quanto as escolas que estudei no exterior ,mas era tudo bem arrumado e no lugar, um largo corredor nos levava até a recepção onde minha tia se apresentando recebeu as boas vindas e foi solicitado que aguardasse ser chamada.

-Ei- Pensei aborrecido, o aluno aqui sou eu. Ninguém me cumprimenta ou me diz pra ser bem vindo, me senti incomodado pela falta de tato da recepcionista, mas tudo que pude fazer foi sentar ao lado de minha tia e aguardar. Entediado comecei a observar ao redor para ver algo interessante, uma porta de vidro escuro enorme a nossa frente tapava toda e qualquer possibilidade de visualizar como era a parte de dentro da escola. – Droga que lugar frio, será que é uma escola mesmo? Pensei, não ouço um barulho sequer, talvez as crianças daí sejam mudas, ou pior, vai ver os professores colocam grandes mordaças em seu rostos para evitar que atrapalhem as aulas, sorri ironicamente, claro que eu estava me perdendo em pensamentos bobos de desenhos animados e filmes que um dia devo ter assistido.

- Meu Anjo? Estão nos chamando, vamos depressa- disse minha tia cortando meus pensamentos, levantei rápido e corri para seu lado.

A essa altura do campeonato já devem ter percebido que essa coisa de "meu anjo" era toda a babação de ovo que minha tia tinha comigo, não consigo imaginar alguém que tenha um nome desses, é claro, aliás sou tão bobo que as vezes pareço ser grosseiro, nem me apresentei até agora, Meu nome é Paulo, Paulo Eduardo Karlsen,  bem esse sobrenome era do meu pai, que veio da Noruega e nos meus quase12 anos de vida nunca me disseram o que significava. Mas sim, aqui já começa a dar na vista algumas particularidades da minha vida, não conheci meu pai, ele faleceu em um acidente quando eu era muito novo para lembrar, na verdade só sei como é o rosto dele por algumas poucas fotos dele com minha mãe.

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