Novos Anjos Capítulo 31: Memórias do Flávio

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Nunca pensei que de um ano para o outro tanta coisa pudesse acontecer em minha vida, talvez poucas pessoas da minha idade já tenham passado por tantas mudanças bruscas e acontecimentos inusitados.

A proposito eu me chamo Flávio Ferreira Monte Rey e tenho 12 anos, atualmente minha mãe e meu padrasto são proprietários da escola onde eu estudo, sim, finalmente vocês sabem porque a escola tem esse nome.

Sou de uma família meio tradicional, acho que de ascendência espanhola nunca procurei saber direito, mas o sobrenome que herdei do meu avô materno entrega tudo. Meu avô era pedagogo e passou a vida inteira como professor, a vida inteira ele nutriu o sonho de poder construir uma escola onde pudesse passar em frente seus ideais e conceitos éticos e morais, sim é meio complicado e eu só lembro mesmo dessa parte da frase que minha mãe sempre repetia.

Infelizmente meu avô faleceu antes que pudesse ver realizado o sonho de construir sua escola mas durante toda sua vida guardou dinheiro para esse feito, deixando para minha mãe com a promessa de que fundaria a escola, e com a devida justiça a batizou de Monte Rey levando o sobrenome do meu avô, Roberto Miguel Monte Rey.

Pouco me lembro do meu avô, quando ele faleceu eu tinha apenas 3 anos deidade, eu apenas penso e vejo em minha mente fragmentos dele me levando pra passear na praça em frente a escola onde ele lecionava, meu avô era tão apaixonado que deu aulas até o fim da vida.

Após ele falecer deixou uma quantia bem alta de dinheiro para minha mãe que cumprindo seu desejo utilizou para começar nossa escola, lembro que eu já tinha 5 anos quando finalmente o Colégio Monte Rey foi fundado. No começo era uma escola pequena, apenas educação infantil, mas já no ano posterior quando fiz 6 anos já entrei no 1ºano do fundamental, era uma turminha bem pequena com apenas 9 ou 10alunos.

Comecei a ter muito orgulho, eu era o filho dos donos da escola, meu pai era o Diretor e minha mãe a coordenadora, eu começava a notar que muitas pessoas gostavam de estar perto de mim por causa disso. Eu acabava tendo olhares sobre mim todo o tempo ainda mais por meus tios também serem professores.

Para não me alongar demais os problemas começaram a acontecer quando cheguei no 3º ano, a escola que começou a crescer e ficar super bem teve uma queda imensa muito por culpa de investimentos péssimos por parte de meu pai que passou a utilizar os rendimentos da escola para investir em coisas que nada tinham a ver com quaisquer atividades relacionadas a educação.

Paralelamente a isso o casamento dos meus pais entrou em crise, minha mãe não suportava mais ver meu pai destruir o sonho não apenas dela mas principalmente do meu avô. Eis que um dia eu nunca soube de onde( eu nunca quis saber por causa da minha birra) surgiu o Raul, sei que ele é de uma família muito rica e foi exatamente essa riqueza toda que salvou nossa escola, Raul pagou todas as dívidas e ainda usou seu capital para ampliar em muito o tamanho e a estrutura da Monte Rey.

Meus pais se divorciaram e minha mãe praticamente obrigou meu pai a vender sua parte da escola para o Raul, foi a partir daí eu acho que comecei a pintar a imagem dele de uma forma muito ruim, não, o Raul de forma alguma era uma pessoa má, mas na minha cabeça de criança ele era o responsável pelo rompimento da minha família.

Apesar de tudo ele sempre foi muito paciente e carinhoso comigo, eu sempre o pensei como um cara que só queria puxar meu saco para agradar aminha mãe, mas não era verdade hoje eu percebo que ele se preocupava de verdade comigo.

Amonte Rey acabou virando uma escola bem grande e com ótima estrutura, passamos a ser referência entre as escolas da cidade, vários alunos ganharam prêmios nas olimpíadas de Matemática, Geografia e um monte de outras que não sei o nome. Apesar de minha mãe sempre dizer que o ambiente da educação é muito movido por paixão é óbvio que todo esse crescimento da escola resultou em nos deixar numa situação econômica excelente. Mudamos para uma cobertura num condomínio muito bom da cidade e nossa vida era muito boa.

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