Novos Anjos Capítulo 2: Novos Amigos

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Depois de sair da sala da Direção finalmente pude deslumbrar o verdadeiro interior da escola, não era tão pequena quanto eu pensava mas nada gigante como minhas escolas anteriores nos eua. Droga- Pensei, tenho que parar de ficar fazendo essas comparações, vai todo mundo me achar o cara mais metido do mundo se eu ficar o tempo todo insinuando que tudo lá fora é melhor, foco, preciso de foco, a ideia agora eram e  re-socializar, bem, ao menos o primeiro amigo eu já conheci. Bem, quer dizer... não tivemos tempo de conversar muito, ele pareceu legal, mas sei lá se vai querer ser meu amigo, droga, talvez eu esteja pensando demais, foi estranho, ele parece tão legal e divertido, eu realmente fiquei com vontade de ser amigo dele.

Agora já nos corredores das inúmeras salas consegui finalmente ver pessoas pelo vidro de algumas portas, sim, um corredor imenso com aquelas várias portas de metal com um vidro no meio, obviamente pra sermos sempre observados de fora, ao menos eu já estava vendo gente dentro dessa escola. Meu estomago embrulhou de novo, meus pensamentos em relação a novidade voltaram, o medo de encarar toda aquela gente nova e seus olhares estava forte, poxa, se ao menos o Arthur tivesse vindo junto, aliás, o que será que ele estava fazendo na sala da direção? Só me contou que tinha ganhado a bolsa de estudos, mas eu sequer perguntei qual era a turma dele. Droga- pelo tamanho dele deve ser mais novo que eu, duvido que seja da mesma sala que eu, nem perguntei a idade dele mas não devia ter mais que 10 anos.

Acordei dos meus pensamentos quando a secretária me mostrou a sala, chamou a professora pelo vidro, abriu a porta e me disse para entrar.
Sério? essa mulher nem me conhece e já me odeia? Me largou na sala de aula como se eu fosse um preso que o carcereiro empurra cela adentro. Levantei a vista e olhei tímido para a professora, era uma senhora dos seus 50 e poucos anos, meio baixinha com cabelos longos e um vestido bem fora de moda de vovó.

- Seja bem vindo querido, meu nome é Edna e sou professora de História- Disse num tom simpático- Pessoal, levantou a voz, digam oi pro colega novo de vocês, como é seu nome querido?
Nem meu nome a secretária disse pra professora? Caramba que servicinho ruim essa moça fazia- pensei com raiva. 

- Hã...b- bem, gaguejei, oi, meu nome é Paulo.
- Oi, Paulo, respondeu a sala toda num único tom.
- Vamos querido sente bem ali, ela apontou uma mesa próxima da janela que estava vazia.

Me dirigi lentamente até a mesa vazia, aproveitei cada passo pra ir examinando um pouco a sala, de um lado uma concentração de meninas, que agora cochichavam, claro que eu devia ser o assunto, eu era a carne nova ali pronta pra ser abatida, ou talvez só amaciada pra sabe-se lá o que. Algumas até que bonitinhas, especialmente uma menina moreninha de cabelos cacheados que parecia não conseguir parar de falar com a colega do lado, no meio mais algumas garotas e alguns meninos, bem normais eles, gordinhos, magrinhos, cabelos claros, cabelos escuros, morenos, brancos, é quase esqueci como o Brasil mistura todas as cores, é bem diferente de onde eu morava antes. Não conseguia deixar de pensar em como isso era legal, viva a diferença. Essa mistura toda fazia milagres, imagina meninos loiros, com pele queimada de sol do país tropical, ou um moreninho de cabelo encaracolado cos olhos verdes. Sim, era a descrição de alguns meninos que eu estava vendo, um mais fofo que o outro.

Também olhei as meninas, claro, eu olhava tudo, mesmo depois de sentado, meu cérebro não parava de se encher de informações visuais, os meninos me chamavam mais atenção, lógico não era como se eu pensasse nisso com tanta frequência, eu acabara de fazer 12 anos, sei lá oque vai ser meu futuro, eu olhava bem mais para os meninos, mas nunca se passou pela minha cabeça imaginar ficar ou namorar seja com menina ou menino, eu ainda me sentia a criança que queria brincar mais algum tempo da minha vida, ler, estudar, aprender- droga, eu era nerd também que nem chamei o Arthur.
Ah, o Arthur- Pensei, foi o primeiro contato humano que eu tive desde que cheguei no Brasil, é, eu tinha essa coisa de achar "humano" apenas quem era da minha idade ou próximo. Eu me sentia tão deslocado com adultos, parecia o tempo todo que só queriam apertar minhas bochechas e me chamar de fofo. Tudo bem, eu era o menino esteriotipado de beleza, tinha cabelo loiro bem clarinho, as vezes com uma franja, que nem hoje ou dia ou outro com um topete, depende do penteado, podia me considerar com apele bem clara, afinal de contas viver em Nova Iorque não era como se eu tomasse banhos de sol todos os dias, por fim tinha os olhos bem azuis, herança do meu pai eu imagino, pois todos se referiam a ele como o europeu de olhos azuis.

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