Novos Anjos: Capítulo 5- Um dia bem longo

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Não acredito, não – se lamentava Arthur sentando na sala de espera da diretoria colocando as mão no rosto- não posso levar advertência ,meu pai me mata.
Não fica assim- falei muito arrependido- olha desculpa, eu sei que fui muito fresco, a culpa foi toda minha, eu digo pro diretor que você não teve nada a ver, que eu que estava te perturbando na aula.
Será que vão acreditar? Ponderou- não deixa, bora cada um levar a bronca merecida e pronto. Ficou cabisbaixo.

Um minuto de silêncio se passou, dois minutos, três, quatro, cinco. Quebrei o silêncio.

Tá demorando né? Chamei Arthur que estava virado pra parede e não respondeu. Ei Arthur... você tá bem? Olhei de novo e o vi com a cabeça na parede e semblante preocupado com uma lágrima escorrendo pela bochecha.

Senti um nó na garganta naquela hora, por causa de uma bobagem minha deixei aquele menino tão gentil e bem humorado totalmente pra baixo, tentei chamá-lo novamente.

Não chora tutu, olha não vão fazer nada demais, uma bronca no máximo e mandam a gente de volta pra sala. Vem cá, chamei.
Você não entende – respondeu ele recusando- não posso ser chamado atenção, se meu pai descobre... ele odeia que eu estude aqui, acha que não é lugar pra mim. E tem a bolsa, não posso perder a bolsa.
Arthur –tentei justificar, você não vai perder a bolsa por causa de uma bronca por trocar bilhete na sala. Não precisa de todo esse drama.
Pra você é fácil né? Levantou enxugando as lágrimas. Todo filhinho de mamãe, tem tudo de bom a hora que quer, paga escola deve viver numa mansão e comer só coisa boa.

Ok. Aquilo doeu e muito, parte por ele ter razão e parte porque eu não tinha mãe pra ser "filhinho de mamãe".

Desculpa, de verdade, me perdoe – respondi me pondo a chorar.
Sinto muito se a verdade dói – ele disse sem vergonha de ser maldoso.
Não tenho mãe pra poder ser "filhinho de mamãe"- murmurei- me perdoa se não sei ser um bom amigo.

Imediatamente a expressão em seu rosto mudou, um misto de surpresa e tristeza invadiram seu semblante, ele claramente percebera que havia falado algo que não devia, suas lágrimas sumiram enquanto as minhas nasciam em abundância.

Paulo, eu... eu não sei o que dizer – tentou se desculpar- eu não sabia, juro. Tentou se aproximar.
Você não tinha como saber –respondi enxugando o rosto- comecei a rir
Por que tá rindo? Perguntou agora curioso.
Nós dois somos uns bobões, né? Quanto mais tentamos consertar, só piora. Vamos só pedir desculpas um pro outro e ficar de bem novamente? Sugeri.
Sim, verdade, vamos- respondeu com um sorriso de volta no rosto revigorado.

Arthur veio e me abraçou, para minha surpresa ao abraçá-lo de volta ele me deu um beijo na bochecha. Senti meu corpo todo tremendo por um segundo mas não recusei.

Amigos? Perguntou
Amigos sim- respondi

Como se tomada por uma diabólica sincronia naquele exato momento a portada diretoria se abriu, para nossa surpresa não apenas o diretor mas também sua esposa a coordenadora saíram lá de dentro seguido por um agora surpreso Flávio.

Oque fazem aqui? Perguntou
Eu mandei bilhete no meio da aula pro Arthur- respondi disposto a assumir toda a culpa.
Meninos- falou o diretor se voltando para nós, entrem por favor. E você Flávio, volte para sua sala, terminamos de conversar em casa.
Ainda tem mais coisa? Eu não matei ninguém não, que saco.
Flávio –levantou a voz sua mãe – não responda seu pai desse jeito.
Ele não é meu pai- respondeu muito malcriado e irritado.
Chega disso agora mesmo, seus colegas estão bem aqui, quer passar vergonha na frente deles? – disse sua mãe – aqui não é hora nem lugar de discutir esses assuntos. Siga pra sua sala agora mesmo.

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