Novos Anjos Capítulo 8: Declaração de amor

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Eu não estava acreditando, ele estava mesmo me beijando, seus lábios eram macios e suaves e deslizavam sobre os meus como um pedaço da mais suave seda. Eu sentia o sabor da gelatina misturada com o sabor do Arthur, um sabor puro, limpo, refrescante, minha cabeça parecia vazia, entregue apenas aquele momento. Na verdade ele parecia estar dando o primeiro beijo da vida dele, era desajeitado obviamente não sabia como fazer, mas foda-se, era o primeiro beijo que eu recebia de outro garoto, e um garoto que agora eu estava mesmo perdidamente apaixonado.

Não tivemos tempo de trocar mais palavras, no exato momento que o beijo terminou ouvimos o barulho da porta se abrindo. Minha tia chegou coma mãe do Arthur. Ambas pareciam cansadas, mas eu sabia que era melhor não perguntar nada naquele momento.

Minha tia apenas trocou mais algumas palavras com a mãe de Arthur, que iria passar a noite com ele no quarto ao final pediu para me despedir.

Tchau Arthur- lhe dei um abraço- fica bem ok? Amanhã a gente vem te ver.

Obrigado... por tudo, pra toda sua família que me tratou tão bem, obrigado tia, falou para minha enquanto enxugava uma lágrima.

Não chore meu querido- respondeu minha tia- agora tudo vai ficar melhor, eu prometo, descanse bastante que quero ver você bem forte para nos visitar novamente.

Ao sairmos minha tia ainda trocou umas palavras com a mãe de Arthur e demos boa noite, duvido que aquela noite fosse ser tão longa quanto o dia, ao menos na cama e medicado ele poderia dormir bem, pensei. Não sei o que deve ser pior, sentir toda aquela dor no corpo pelas pancadas ou a dor por saber de onde vieram aquelas pancadas. No caminho até o carro encontramos meu tio que nos aguardava para voltarmos para casa e ele explicou toda a situação, resolveu-se não denunciar o pai do Arthur, desde que ele aceitasse iniciar um tratamento em relação ao alcolismo, o meu tio pessoalmente o inscreveu num programa para atendimento de pessoas como o pai do Arthur que havia no hospital, não haveriam despesas, desde que ele seguisse o tratamento sem problemas, não me sinto orgulhoso do que eu pensei no momento, mas sim, pensei que ele não merecia toda aquela bondade do meu tio, ele não iria nunca pagar pelo que fez como filho? A minha imaturidade não permitia que eu visse de outra forma, em muitos momentos meus pensamentos se perdiam no que se passava na cabeça do Arthur em toda aquela situação, quando apanhava, quando sofria em silêncio sozinho a noite em seu quarto sentindo dor, quando foi a escola com a cabeça cheia de tudo isso, eu ficava zonzo perdido em todos as lembranças daquele dia. Apenas quando chegamos na garagem de casa as minhas lembranças chegaram naquele último momento, Arthur me beijou.

Não, não é como se eu houvesse esquecido, claro ocorreram muito mais coisas naquele dia que ocupariam qualquer mente por semanas, não foi exatamente esquecimento, talvez fosse a paralisia que aqueles segundos me trouxeram, a surpresa, a delicadeza do momento só nosso, o sentir ele tão próximo de mim, fosse no sentido literal ou figurado, eu ainda passaria um bom tempo tentando compreender o que foi exatamente aquele beijo.

Enfim a porta de casa de abriu e entramos, pude notar claramente o semblante esgotado de meus tios que trocavam algumas palavras enquanto iam até seu quarto, eu precisava dizer alguma coisa, os segui.

Tia , tio- eu chamei- eu queria... queria dizer obrigado... me engasguei...

Não precisa dizer nada meu Anjo- ela voltou-se a mim passando suavemente as mãos em meus cabelos- o que você fez hoje foi uma coisa muito bonita, você cuidou e se dedicou por uma pessoa de quem você gosta muito.

Era o mínimo que eu poderia fazer- ele é meu amigo- mas a verdade é que vocês que fizeram a maior parte do trabalho.

Vem cá meu Anjo- ela me abraçou- o verdadeiro caráter de uma pessoa, a bondade que ela tem no coração nós vemos quando ela demonstra amor pelo outro ao invés de apenas a si mesmo, você entende? Quero que lembre sempre disso como uma lição de vida.

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