Novos Anjos Capítulo 29: Amor despedaçado

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-Pai, isso é sério? Luca arregalou os olhos.

-Muito sério, e tem muito mais coisas, ele deixou algumas cartas, lembra?

-Sim, mas com sua atitude ele praticamente confessou sua culpa, que agrediu o Flávio e tudo mais.

-É bem mais complexo do que isso meu filho- disse meu tio- Paulo, Arthur, vocês vão precisar dar muita força pro amigo de vocês.

-C- claro, tio, sempre- eu falei- Mas eu não consigo entender, o que tem a mais nesse caso todo? Parece que tem alguma coisa fora do lugar.

-Tem sim, vejo que você já notou- meu tio passou as mãos no meu rosto e de Arthur que de tão espantado não conseguia dizer uma só palavra.

-Sim tio, eu comecei a suspeitar depois de pensar muito... o Flávio e o Gustavo tinham algum relacionamento como o meu e o do Arthur, não é isso? Eu interroguei mas já com certeza.

-Eu não diria igual ao de vocês meninos, o caso deles era bem mais complicado, o Flávio parecia gostar dele mas o Gustavo aparentemente não aceitava nem um pouco, ele não se aceitava, vocês entendem, não é?

-Foi por isso que ele se matou? Luca perguntou.

-Se for pensar num sentido geral das coisas, sim, foi por isso- meu tio falou num lamento.

-Mas então por que tudo isso de agredir o coitado do Flávio? Arthur finalmente falou com lágrimas nos olhos.

-É difícil de entender Arthur, eu sei... meu tio o confortou com um abraço. Talvez haja alguma pista nas tais cartas que ele deixou, mas eu não tive acesso a elas.

Enquanto cada um de nós ficou digerindo o assunto à sua maneira meu tio e o Luca saíram, não sei exatamente para onde naquele momento, mas minha tia com a mãe do Flávio também acabaram de sair deixando eu e Arthur sozinhos com a promessa de que mais tarde teríamos a chance de ver o Flávio. Subimos até meu quarto quando quase imediatamente Arthur desabou a chorar na minha cama.

-Não chora Arthur- tentei acalmá-lo- A gente vai ver o Flávio daqui a pouco.

-Eu ainda não me conformo de não termos impedido o Flávio de sair com o Gustavo naquela hora, a gente teve a chance de mudar tudo e não fizemos- Arthur se lamuriava.

-Foi o Flávio que insistiu para a gente não ir junto, o que aconteceu aconteceu Arthur, não podemos salvar o mundo- tentei justificar.

-Eu me sinto tão mal, pela minha covardia toda- suspirou.

-Você não é covarde Arthur- falei.

-E pior ainda, ontem a noite brincamos e nos divertimos enquanto o coitado do Flávio deve ter passado a pior noite da vida dele, me sinto um verme- Arthur choramingou ainda mais.

-Não fica assim não Tutu- vem cá, sentei na cama e o fiz deitar em meu colo.

-Fazia tempo que você não me chamava de Tutu- ele disse ainda com uma lágrima caindo, enquanto se aconchegava entre minhas pernas.

-Eu tive uma ideia, vamos subir? Perguntei para Arthur.

-Subir para onde? Já não estamos em cima? Ele ficou curioso me olhando.

-Seu bobo, você ainda não sabia né? Dá pra subir até o telhado da casa, tem um espaço tipo um terraço lá em cima. Eu disse lhe puxando pelo braço.

-Você nunca tinha me mostrado- Arthur enxugou a última lágrima teimosa.

-É que não é exatamente um terraço, é só uma área onde ficam as antenas, a tia Júlia não gosta muito que a gente vá lá, mas é pra onde eu sempre vou quando quero ficar sozinho e pensar, olhar pro céu...e ficar sem fazer nada, o que você acha? Não é disso que a gente precisa um pouco?

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