SINOPSE:
Victoria Calloway, tem 28 anos e uma ambição de dar medo. Está determinada a assumir o controle da Lumière, mas para isso terá que seguir a risca as regras do pai.
A primeira regra é casar.
Maxwell Beltran, seu assistente pessoal, deseja to...
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Senti o aroma agradável do café assim que passei pela porta da cafeteria, o sininho anunciou minha entrada e não fui notada pelos funcionários ocupados em atender a enorme fila da Katz's Delicatessen. Todas as mesas estavam ocupadas, aqui e ali pessoas se reuniam em dupla ou em grupos, conversando animadamente e bebericando em suas xícaras de porcelana.
Ainda de pé no tapete de entrada, vi um casal sentado de frente para a janela, estavam sorrindo um para o outro, o rosto dela estava vermelho depois de ouvir algo do suposto namorado. Suspeitava que fosse algum segredo romântico, daqueles que nos fazem olhar para os lados com vergonha de ter sido ouvido por mais alguém. Então eu sorri. Sorri desejando estar no lugar dela, ter segredos confidencializados a mim, ter o meu rosto tomado pela timidez depois de ouvir palavras doces de alguém.
Não sabia o motivo de ter tido esse súbito desejo, mas o afastei assim que me peguei encarando o casal por tempo demais.
— A senhora está em algum filme da Disney? Eu estou mesmo com pressa. — a voz irritada de um homem surgiu atrás de mim. — Era só o que me faltava, saia da frente! — ele passou por mim, esbarrando no meu ombro.
— Não precisa ser um babaca. — usei o mesmo tom e fui para a fila, me posicionando atrás dele.
Nem mesmo aquele idiota, foi capaz de tirar a magia da nostalgia que eu estava sentindo. Faziam tantos anos que eu vinha evitando esse lugar, desde que meu avô tinha adoecido e já não era capaz de me acompanhar em uma boa conversa na nossa mesa de sempre. Eu sentia muita falta do meu velho amigo. Durante a longa espera pela minha vez de ser atendida, só conseguia pensar nas lições que tinha aprendido com ele.
O mais marcante aconteceu logo depois que eu saí arrasada de uma prova de Finanças Corporativas Avançadas na faculdade. Estava muito brava comigo mesma por ter deixado uma questão em branco, mesmo depois de ter passados noites em claro estudando a matéria. Após ouvir todas as minhas frustrações, vovô me disse com uma tranquilidade característica da sua personalidade:
"Pequena, na vida, falhar é inevitável. Somos seres humanos, o animal mais imperfeito do planeta, e ao mesmo tempo, o mais perfeito em transformar defeitos em qualidade. Lute, persista, de sua linda cara a tapa. Não estou dizendo que não vai cair algumas vezes, mas se é o que seu coração quer fazer, levante e corra atrás, porque você é única que pode conquistar seus sonhos. Não deixe nada e nem ninguém, tirar isso de você, nem mesmo uma provinha da faculdade. Lembre-se de que você é uma Calloway. Os Calloway conseguem tudo o que desejam."
Como eu sentia a sua falta... Eu adorava meus pais, foram pessoas presentes na vida dos filhos, apesar dos compromissos frequentes. Mas meu avô tinha um lugar muito especial no meu coração, ele foi por muitos anos, o meu melhor amigo, até a demência o fazer esquecer da minha existência. Doença cruel.
— A senhora vai fazer o pedido? — a atendente me resgatou dos devaneios e eu notei que era a próxima da fila.
— Claro, dois cafés Saint Louis, por favor. — pisquei algumas vezes, disfarçando as lágrimas que começavam a embaçar minha visão. — Para a viagem.
