Capítulo 30

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Brooklyn, Nova York, 23h30

5 anos atrás

No fim da noite, quando eu já estava exausto demais para continuar lustrando a prataria ou esperar que qualquer cliente entrasse pela porta, decidi que era hora de fechar a caixa registradora e ir para casa

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No fim da noite, quando eu já estava exausto demais para continuar lustrando a prataria ou esperar que qualquer cliente entrasse pela porta, decidi que era hora de fechar a caixa registradora e ir para casa. Mais um dia em que o restaurante estava vazio e as contas se acumulavam sem me esperar erguer o Brianna's Kitchen do completo anonimato.

Apesar de ter escolhido o Brooklyn, o aluguel era um absurdo, e a conta bancária do senhor Hanks sugava todas as nossas economias há seis meses, junto com as minhas esperanças de ter sucesso como chefe profissional. Já era a segunda semana consecutiva que não recebíamos mais do que três clientes por dia, em suma, trabalhadores de uma construção do outro lado da rua, que vinham almoçar por causa do preço mais baixo que eu conseguia cobrar. Eles não compravam o suficiente para eu quitar as contas e eu me vi obrigado a demitir meu auxiliar de cozinha.

Examinei o salão. Não era nada demais, as mesas eram velhas, o estofado das cadeiras estavam manchados e as paredes exibiam marcas deixadas pelo tempo. Suspirei pesadamente, eu não queria abandonar meu sonho, mas estava começando a me sentir encurralado e sem esperanças.

Minha casa ficava à alguns quarteirões e eu sempre voltava andando depois do expediente, era bom, me dava tempo para colocar a cabeça no lugar e dissipar o estresse do dia. Quer dizer, na maioria das vezes eu conseguia. Mas não naquele dia.

Enrolei algumas horas dando voltas no quarteirão, passei na frente do meu prédio umas três ou quatro vezes. Demitir Tobias naquele dia, foi um divisor de águas, não dava mais para continuar ignorando a catástrofe iminente: estávamos falindo. Cassie tinha largado o emprego de manicure há um ano, para ficar em casa cuidando da nossa filha enquanto eu corria atrás de um sonho impossível. No entanto, logo eu teria que ter a conversa que estava adiando há tanto tempo, ainda essa semana.

Ao abrir a porta devagar para não acordar minhas meninas, agachei ainda na entrada para desamarrar os cadarços das botas. O apartamento estava um breu e eu não pretendia ligar a luz, não pretendia nem ao menos dormir no nosso único quarto para não correr o risco de fazer barulho. Me livrei das botas e as chutei para o canto da sala, tirando meu casaco para pendurar atrás da porta.

— Finalmente. — a voz da minha esposa me fez virar para trás no mesmo instante, e o abajur acendeu, revelando a mulher abatida sentada na poltrona.

— Cassie? Nossa! — exasperei. — Você me deu um susto. — suspirei e me virei para terminar de guardar o casaco. — Não era para você estar na cama?

— Fiquei te esperando a noite toda. — sua voz era fria, quase sem emoção.

— Eu sei, cheguei tarde. — fechei a porta e a encarei, seu rosto parcialmente nas sombras, iluminado apenas pela luz fraca e amarelada da luminária antiga.

Victoria Calloway - A CEO E O SECRETÁRIO Onde histórias criam vida. Descubra agora