Capítulo 89

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Capítulo 89 ― Oitenta e nove.

Anastácia listens to Helion for the last time.

Anastácia demorou a se curvar quando foi cumprimentada e logo o fez observando o homem sorrir para si enquanto se afastava. Andava de forma despreocupada pelo centro de Velaris e ainda estranhava quando lhe cumprimentavam, achava que tudo terminaria ontem depois de comemorar seu aniversário.

Apesar dos pesares e ainda sentir seu coração doer pelo coração partido há quinze dias, conseguiu aproveitar as festas que fizeram para si. Se divertiu em Illyria dançando e comemorando com todos que participaram de sua festa, tinha música e bastante comida fazendo com que todos aproveitassem aquela pausa de treinamentos e ela ainda pode cozinhar junto de Elena como sempre tinha desejado.

Ajudou a mãe como queria e ainda riram com Devlon tentando ajudar e sua parceira batendo um ovo contra sua testa dizendo que ele lhe ajudava daquela forma enquanto a filha gargalhava e chorava de rir com a reação dele. Tinha recebido inúmeras flores das crianças junto de alguns desenhos feitos com macarrão que lhe arrancaram sorrisos sinceros.

Na ilha tinha uma enorme festa lhe aguardando também com todas lhe parabenizando e mostrando o quão amada era por aquelas que tinha salvado e construído uma amizade, teve música, cantorias e Yeda quase saltitando por Anastácia beber uma taça de seu vinho festivo e aumentar a comemoração entre todas, o bolo que tinha ganhado ali era coberto de flores comestíveis e agradeceu pelo capricho que tiveram.

"Não deixe que isso se apague, Maddie, jamais." Anastácia disse para sua general após receber um abraço dela tão forte que mostrava o agradecimento que ela tinha consigo mesmo após tantos anos.

"Saiba que você sempre ficará no meu lugar caso eu não esteja mais aqui." Não sabia por qual motivo tinha feito aquele comentário, mas deixou um leve resmungo de dor escapar quando Madeleine deu um tapa contra sua cabeça dizendo que ela deveria parar de dizer aquilo.

Não estava participando de um funeral e sim seu aniversário, deveria focar apenas em celebrar mais um ano seu de vida.

E depois ainda tinha a última festa em Velaris que Ana decidiu participar e pode ver que as pessoas gostavam de si e mais do que havia imaginado, ganhou presentes e abraços a cada instante que lhe viam, lhe parabenizando e agradecendo por sua presença.

Ganhou mais uma montanha de presentes e agradecimentos assim como na corte dos sonhos onde conseguiu passar mesmo de forma rápida e a felicidade quase transbordou por seu coração por ver como era amada por todos apesar de seu jeito às vezes grosseiro ou rude, aprenderam a gostar dela.

Tarde da noite quando todos foram dormir, comemorou mais um pouco de seu aniversário junto de Bryaxis e percebeu que o pesadelo em si parecia desconfortável com alguma coisa e até chateado, mas não insistiu quando ele disse que não queria comentar sobre. Aproveitou a presença dele junto das sombras e levitou por si junto delas como fazia quando criança.

Deitou em sua cama exausta e conseguiu dormir bem despertando um pouco antes do amanhecer tendo a chance de ver o dourado de seu quarto se misturando com a mesma cor que vinha dos céus conforme o sol surgia e sentiu um leve pesar em seu peito ao pensar em Helion e na corte Diurna, tudo seguiu silencioso desde que os dois terminaram e Ana preferiu não ir nem mesmo na fronteira entre as cortes com medo de ficar ainda mais chateada sem poder ir para o outro território, talvez aquilo pudesse ser dolorido demais para si e preferiu evitar.

Ainda era muito recente e sabia que não deveria insistir, mas mesmo assim antes de fechar seus olhos rezou para que ele aparecesse de alguma forma ou lhe chamasse pelo laço junto de uma surpresa para lhe parabenizar por mais um ano de vida. Sabia que no dia seguinte seria a última vez que esperaria algo do grão senhor e lutava para não se sentir decepcionada antes mesmo do dia chegar.

Não podia sofrer por antecipação.

Quando chegou à casa do Vento com duas sacolas pesadas ― Mais presentes dos cidadãos de Velaris ―, pensou no que poderia fazer de jantar naquela noite já que tinha dito ao irmão que tinha uma surpresa para ele e o mais novo prometeu que chegaria até mesmo cedo além de usar uma roupa especial para a ocasião.

As sombras pararam seu caminho bruscamente e Ana sentiu seu coração dando um salto quando ouviu a voz de quem estava conversando junto de Rhysand.

― Casa! ― Murmurou e ela lhe entendeu conseguindo lhe esconder entre a cortina escura de um dos corredores e as sombras lhe ajudaram também ocultando sua presença junto da magia da casa.

― Eu falo sério, a Ana não pode saber disso. ― Ela apertou os lábios quando conseguiu enxergar Helion caminhando ao lado do irmão, ele estava com tranças novamente. ― Ela não pode nem desconfiar do que estou fazendo.

― Não se preocupe, a Ana jamais saberá disso. ― Seu irmão mais velho prontamente concordou com ele. ― Tem a minha palavra de que ela não vai nem desconfiar do que está planejando.

Anastácia trincou o maxilar ao ver aquela interação entre os dois e conseguiu controlar sua raiva ao pensar na possibilidade de estarem planejando algo que ela não fosse gostar.

Helion não tinha tentado falar consigo nenhuma vez sequer, mas tinha ido até a corte Noturna falar com seu irmão mais novo e ainda dizendo que ela jamais poderia saber sobre aquela conversa entre os dois.

Respirou fundo tentando se acalmar e deixou de pensar em algo ruim, tentou pensar que talvez o grão senhor do dia podia estar planejando alguma surpresa para si e pensando em como pedir perdão a ela mesmo Ana tendo dito que não o perdoaria, os dois sabiam que aquilo era mentira. Tinha certeza que o perdoaria só de vê-lo ali naquela noite querendo conversar consigo e sentiu seu peito doer ao pensar em tantas possibilidades, só desejava ficar ao lado dele novamente para poder ajudá-lo.

Quando as vozes dos dois diminuíram, Ana deixou um suspiro escapar e se afastou da cortina segurando as sacolas com força enquanto preferia seguir para a cozinha.

― Dizem que cozinhar ajuda com distrações e acho que estou precisando disso. ― Ela disse falando com a casa mágica enquanto largava as sacolas em cima da mesa, podendo perceber que havia muitos alimentos ali e retirou do bolso de seu uniforme o pequeno caderno que tinha usado para anotar a receita que tinha feito com a ajuda de Elena no dia anterior e esperava conseguir reproduzi-la com perfeição já que lembrava claramente do que tinham feito.

Procurou a carne moída que tinha conseguido comprar no dia anterior percebendo que dentro da geladeira todos os bolos que tinha ganhado em Velaris estavam pela metade e comemorou vendo que a sobremesa já estava ali pronta para que provassem.

Misturou os ingredientes que queria observando o caderno onde tinha anotado a receita e tentou disfarçar sua careta quando passou a amassar a carne usando sua mão para juntar tudo que queria até transformar em bolinhos. Usou um rolo para deixar da forma redonda que queria e os botou em um mesmo pote deixando que descansassem por alguns minutos.

Enquanto lavava suas mãos logo sentiu que não estava sozinha no cômodo.

― Olá, Az. ― Anastácia sorriu fraco enquanto se virava para encará-lo. ― Como posso lhe ajudar?

― Eu... Eu gostaria de conversar. ― Azriel levou alguns segundos para lhe responder. ― Se não estiver muito ocupada, é claro.

Ana observou o que tinha que fazer ainda e secou suas mãos em um pano. Se Helion aparecesse ali hoje era melhor que tudo estivesse conversado antes com o illyriano que parecia mesmo seguir lhe amando.

Foi naquele momento que Anastácia reparou no bilhete que estava em cima da tampo do pote onde tinha colocado a carne e o segurou com uma das mãos.

"Precisamos conversar, meu amor, preciso que me escute... Por favor, me encontre na floresta saindo de Velaris."

Sabia que aquela letra era de Helion mesmo que não precisasse de assinatura e seu coração saltou dentro do peito ao ver que ele queria conversar consigo, talvez o pedido de perdão pudesse vir mais cedo que imaginava.

― Claro, podemos conversar. ― Anastácia arrumou algumas partes da cozinha com seu poder colocando a carne novamente na geladeira enquanto marinava.

― Podemos conversar em outro lugar? ― Azriel a indagou enquanto ela se aproximava.

― Sim, sem problemas. ― A moça assentiu.

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Anastácia tentou engolir o nervosismo que sentia quando aterrissou na floresta junto do encantador de sombras ele havia escolhido aquele lugar para poderem conversar e ela não se importou, podia sentir que Helion não estava por perto.

Podia sentir a localização dele e ficou um pouco confusa quando pensou que ele estava longe demais e balançou a cabeça de forma negativa.

― Eu... ― Ela podia ver que Azriel estava envergonhado e talvez fosse a primeira vez que pudesse reparar que as orelhas dele estavam avermelhadas mostrando onde mais corava.

― Eu deveria ter lhe dito isso antes há muito tempo. ― Anastácia acabou o interrompendo. ― Eu namorei por muitos anos e há alguns dias ele terminou comigo e isso tem me doído muito, Az, meu coração foi destroçado e arrancado do meu peito e levará tempo para eu conseguir me recuperar disso.

― Eu posso lhe ajudar com isso! ― Azriel ficou em sua frente surpreendendo a moça. ― Por favor.

― Não, eu apenas magoaria os seus sentimentos enquanto estiver dessa forma. ― Ana foi contra a ideia. ― Você é especial e merece encontrar alguém especial que também o ame muito ao ponto de não ter medo de dizer isso aos ventos.

― Ana, eu amo você! Amo como nunca amei ninguém antes, você é o meu alguém especial. ― O encantador de sombras conseguiu dizer de uma vez só. ― Mesmo não sendo digno de seu amor e não o merecendo, eu a amo.

― Eu não posso aceitá-lo por já amar outra pessoa, mas um dia você verá que esse amor não é o que está pensando agora e outra pessoa vai amá-lo também. ― Anastácia sorriu fraco mesmo observando os olhos avermelhados do illyriano. ― Eu profetizo que um dia a mulher que o amará intensamente será alguém apaixonado por flores como eu nunca fui e então você dará flores a ela todos os dias para vê-la sorrir e eu estarei ao fundo observando e ficando feliz por você.

― Como pode ter tanta certeza disso? ― Azriel indagou e Ana secou uma lágrima teimosa que escapou de seus olhos.

― Talvez eu já tenha sabedoria o suficiente para pensar no futuro dessa forma. ― A moça deu de ombros o fazendo rir de forma fraca. ― Eu fico feliz por você ter me dito, mas nunca pense que não é merecedor de amor... Você merece somente o melhor, Az e um dia terá isso, eu prometo.

Ele a surpreendeu quando lhe abraçou e Anastácia não se afastou, aceitou o carinho afagando suas costas e aproveitando para tirar a sua dor naquele momento não desejando que Azriel sentisse a mesma dor que ela ao ter o coração partido.

― Eu preciso ir. ― Ele disse quando se separaram. ― Rhysand está me chamando.

― Vá, eu ficarei aqui por mais um tempo e depois voltarei para a casa do Vento. ― Anastácia sorriu fraco observando o olhar dele oscilar. ― Eu ficarei bem, sei me proteger e o grão senhor talvez queira sua presença urgentemente.

― Até depois. ― Azriel se despediu dele. ― Obrigado.

― Não precisa agradecer, se cuide. ― Ela acenou quando ele voou e o vento provocado pelo balançar de suas asas fez seu cabelo ficar bagunçado. ― Vamos caminhar um pouco, meninas. ― Disse para suas sombras.

Anastácia percebeu que o dia tinha amanhecido com um típico clima de outono e tentou ignorar o frio que sentia em suas asas enquanto andava. Ela adentrou a floresta tentando não pensar muito no que podia acontecer e revirou os olhos quando lembrou da época em que era pequena e quase teve suas asas arrancadas por ali.

― Quanta coisa mudou desde então... ― Resmungou. ― Será que nos acertaremos hoje? A surpresa do jantar seria eu cozinhando, mas talvez as coisas possam mudar.

Anastácia não percebeu que tinha outra presença na floresta além dos animais e as sombras também não detectaram enquanto uma barreira mágica era erguida se disfarçando entre a névoa.

Ela sentiu que havia algo errado enquanto caminhava e as gavinhas caíram ao seu lado de forma brusca e a assustando.

― O que houve? Meninas?! ― Percebeu que todas ficaram ao seu redor e ergueu sua espada quando um arrepio passou por sua nuca.

Anastácia gritou quando sentiu sua asa sendo atingida por algo e bateu contra uma árvore sentindo-se zonza pela dor que sentia. Ela sentiu mais uma flecha chegando até sua outra asa e deixou um grunhido escapar enquanto se apoiava contra o tronco, franziu o cenho quando notou o círculo mágico e dourado na árvore reconhecendo como sendo o mesmo que Helion fez para lhe expulsar de sua corte.

A illyriana perdeu a força nas pernas e ficou quase sem reação quando sentiu algo passando por seu tórax e segurando seu órgão mais vital.

― Você realmente achou que o grão senhor do dia teria uma illyriana tão ogra como parceira? A Mãe não seria estúpida de errar assim. ― A voz disse contra seu ouvido e Anastácia reconheceu seu tom. ― Achou mesmo que eu viria lhe pedir perdão? É mesmo uma idiota, iludida e estúpida por pensar que um grão senhor como eu a teria como esposa.

As lágrimas caíram sem controle pelo rosto de Ana e ela tentou lhe dar uma cotovelada, mas seu corpo não seguia mais seus comandos.

― Você é fraca, muito mais do que eu havia imaginado. ― Ele deixou um riso escapar. ― Mas, não se preocupe... Não terá que pensar mais nisso.

Ela tentou lhe chamar pelo laço mesmo que ainda estivesse bloqueada, mas não escutou som algum. Apenas um vazio mórbido que começava a se apagar junto de sua mente em meio a dor que sentia.

O som de seu coração saindo do próprio peito ficaria em sua mente para sempre como o último som que escutou e seu corpo não caiu de forma tão rápida com um baque no chão, ele foi segurado de forma delicada demais e então Anastácia o enxergou pela última vez vendo que ele tinha seu órgão em uma das mãos.

A última visão que teve foi a de Helion, seu parceiro a matando.

― Durma bem, meu amor. ― Ela já não ouviu aquela frase. ― Eu vou cuidar muito bem de seu corpo, não se preocupe com isso... Tenho tudo muito bem planejado e depois da queda vou ter tempo para conseguir lhe curar.

E então sua visão ficou turva e tudo se escureceu para sempre e uma última lágrima escorreu por seu rosto.


E então sua visão ficou turva e tudo se escureceu para sempre e uma última lágrima escorreu por seu rosto

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A protagonista morreu mesmo? Sim
Ainda tem muitos capítulos pela frente? Sim
Vai dar tudo certo, confiem <3 

A Court Of Loss And Love (Helion)Onde histórias criam vida. Descubra agora