Capítulo 97 ― Noventa e sete.
Anastácia returns without understanding what happened.
Ela sentiu sua mente um pouco zonza enquanto ouvia os pássaros passando por si e sentiu as sombras andando por seu corpo até que ela despertasse completamente. Levantou sua cabeça a sentindo dolorida e observou o tempo nublado quando abriu os olhos de forma total.
― Oi, meninas. ― Pigarreou e tossiu um pouco estranhando sua voz rouca.
Percebeu que estava com a cabeça encostada contra um tronco e se sentiu um pouco perdida.
― Que merda... Eu dormi em uma árvore? Mas, que porra... ― Anastácia se levantou com dificuldade e as sombras ajudaram quando suas pernas falharam. ― Eu deveria fazer um jantar e durmo, francamente.
Tentou se ajoelhar usando a árvore como apoio e ficou erguida, mas antes que caísse novamente usou seu poder para levitar e reparou que suas asas estavam estranhas.
Era como se fizesse muito tempo desde a última vez que tinha voado.
― Acho que vou usar esse poder por um tempo. ― Anastácia tentou mexer suas pernas e levitou lentamente. ― Que caralho...
Enquanto tentava entender o que tinha acontecido consigo, a illyriana ouviu passos pela floresta e ficou confusa quando reparou que ela parecia diferente de como estava antes.
― Puta que pariu, por quanto tempo eu estive dormindo? ― Já passava a ficar puta consigo mesma.
Uma adolescente bufou ao terminar de colher as flores que sua mãe queria e fez uma careta quando imaginou ela reclamando consigo por sua demora para terminar com a lista do que deveria pegar.
Ela ficou com medo quando ouviu barulhos estranhos perto de si e logo sua atenção foi para a moça que flutuava a poucos metros de si.
― Olá, minha linda, poderia me dar uma ajuda? ― Anastácia indagou e gritou no mesmo instante que a menina. ― Porra, caralho! ― Ela caiu no chão enquanto a adolescente correu o mais rápido que podia para longe de si e sem largar o cesto.
"Foi engraçado."
"Como ela pode correr da Ana?"
As sombras comentavam consigo e Ana deixou um sorriso fraco escapar enquanto ouvia as risadinhas.
― Não entendi porque ela saiu correndo. ― Anastácia voltou a levitar. ― Eu sou linda e certamente me conhece, não há motivo para sair correndo desse jeito.
"Não é melhor voltarmos, senhora?"
― Vamos esperar um pouco, ainda é dia e preciso arrumar minhas pernas antes de voltar. ― Anastácia respirou fundo estranhando ao sentir que parecia respirar um ar puro demais.
Um filete de sol escapou por entre as nuvens e tocou uma de suas mãos fazendo com que ela alargasse seu sorriso, aquilo sempre era bom.
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Azriel havia acabado de comprar mais flores para presentear Elain quando reparou na filha da florista voltando extremamente pálida com a respiração ofegante.
― Mamãe! ― Ela estava muito chorosa para quem havia ido apenas colher flores e ele se preocupou enquanto fingia observar das pétalas de uma rosa. ― Eu vi a moça que a senhora tem o quadro na sala!
― Mas, do que está falando? ― A moça franziu o cenho. ― Ela já morreu, meu amor, já lhe expliquei isso.
― Então eu vi o fantasma dela! ― A adolescente não tinha dúvidas. ― Ela perguntou se eu podia ajudá-la e sai correndo, ela sorria igual ao quadro e os olhos dela eram bem violetas, que medo!
Azriel deixou um ofego escapar e se afastou bruscamente focando no que tinha ouvido, não tinha escutado nada errado apesar da respiração ofegante da menina, ela parecia ter total certeza do que falava sobre o fantasma que tinha visto.
Desde que tinham descoberto que Anastácia não estava enterrada onde todos tinham imaginado, uma corrida tinha começado para entender o que tinha acontecido e antes que Rhysand se matasse ficando sem comer e sem dormir procurando por informações sobre a morte da irmã depois de tanto tempo, Azriel e Cassian também tentavam ajudar de alguma forma.
Morrigan tinha ficado mais tempo na ilha escondida para consolar Madison e lhe ajudar a enterrar o corpo de sua irmã gêmea que tinha ficado desaparecida por meio século, suprindo a falta do corpo de Anastácia.
― Entreguem para Elain e voltem rápido! ― Azriel disse sua ordem para elas enquanto algumas continuavam consigo e ele se afastou do centro de Velaris observando cada parte do local enquanto seguia seu caminho logo indo para a floresta e se afastando.
Ficava com uma sensação desconfortável por lembrar do local exato que tinha visto Ana uma última vez, lembrando que ela pediu para que ele se cuidasse. Ele acelerou seus passos quando ouviu um grito feminino e reconheceu o tom de voz da illyriana no mesmo instante enquanto já corria desviando do limo e das folhas caídas.
Estavam nas últimas semanas da primavera diferentemente da última vez que tinha estado na presença de Anastácia.
― Que caralho! ― Ele parou com tudo quando ouviu a voz dela com mais nitidez. ― Meus músculos estão exaustos, será que eu sonhei que subia os degraus da casa do Vento e... Você não vai me assustar.
Azriel estava escondido pelas sombras e arregalou os olhos quando imaginou que Ana estava falando com ele, engoliu a seco e respirou fundo antes de se aproximar sem disfarçar seu olhar mostrando o choque que sentia ao vê-la novamente com o mesmo uniforme que ela tinha usado quando sumiu.
― Você voltou rápido. ― Anastácia sorriu fraco. ― Pode me dar uma ajuda?
― Isso é impossível...
― Eu sei, às vezes eu preciso de ajuda. ― Ana tentou se apoiar na árvore e logo acabou indo ao chão. ― É um desses casos, minhas pernas estão doloridas demais para que eu ande.
― Não pode ser, eu estou ficando louco. ― A illyriana ficou o encarando enquanto ele balbuciava, o uniforme estava em perfeito estado sem o rasgo que tinha visto quando ela morreu.
Sem ferimento algum provocado pela queda, céus, como podia estar a vendo ali?
Conseguia ouvir seu coração batendo e ele tinha um ritmo calmo apesar de lento, a respiração dela seguia normal também.
― O que há de errado com você? ― Anastácia apontou para ele. ― Parece que você viu alguém que morreu e voltou a vida, não estou entendendo. ― Deixou um fraco riso escapar. ― Azriel? ― O chamou quando ficou sem resposta.
Ele andou até seu encontro e deixou que as sombras tentassem tocar primeiro apesar das gavinhas dela demonstrarem irritação com aquilo.
― Está tudo bem. ― Ana disse para elas a mantendo contra suas asas. ― Eu estive morta para você ficar me encarando desse jeito, homem?
O illyriano tocou seu braço e a puxou para cima sentindo sua pele quente.
― Como isso é possível? ― Ele a pegou no colo. ― Precisamos ver Rhysand agora mesmo.
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Anastácia deixou um suspiro escapar quando Azriel chegou com ela na casa da cidade e estranhou muito ele usando as sombras para escondê-la enquanto sobrevoavam Velaris e a moça estranhou algumas coisas vendo que a cidade parecia diferente.
Ele a largou e Ana precisou se apoiar no corpo dele antes que caísse mais uma vez, mas agora sentia que suas pernas estavam melhores que antes apesar de estar um pouquinho zonza.
― Acho que estou melhorando. ― Azriel apoiou uma das mãos contra sua cintura e ela se apoiou usando seu ombro. ― Obrigada pela ajuda, apesar de você estar estranho demais, sério, parece que vai desmaiar... Se controle.
― Você demorou menino. ― Amren se aproximou dele e deixou a taça de vinho cair no chão. ― Mas, que porra...
― Hm, eu devia ter lhe perguntado isso antes de cozinhar... Você consegue comer comida? Seria legal sua presença no jantar. ― Anastácia franziu o cenho e apontou um dos dedos conseguindo refazer a taça e a colocando em um móvel seguro. ― Parece que você viu o mesmo fantasma que Azriel. ― Se afastou um pouco dele.
― Pela Mãe, pelo Caldeirão, puta que pariu! ― Cassian disse rapidamente e preferiu ficar escondido contra o corpo de Amren ao ver quem o encantador de sombras tinha junto de si.
― Isso é impossível, não pode estar acontecendo. ― Amren resmungou várias vezes seguidas.
― Como essa casa foi reformada tão rápido? ― Anastácia murmurou e percebeu outras pessoas no cômodo. ― Oh, vocês não me avisaram que teria mais pessoas para o jantar, calculei mal a comida... Que porra há com todos vocês, caralho? ― Se irritou ao ver como todos estavam.
Quando ouviu os palavrões junto daquela voz rouca inconfundível Rhysand acelerou seus passos quase partindo a porta do escritório para chegar até a sala de estar vendo quem seu irmão tinha ao seu lado.
― Não, não pode ser. ― Rhysand sentiu seus olhos marejar no mesmo instante e Feyre ficou ao seu lado.
― Não pode ser o que? Eu estava morta, por acaso?! ― Anastácia bufou e revirou os olhos. ― Eu não entendo porque viemos para a casa da cidade, preciso começar o jantar e a carne vai marinar por tempo demais na casa do Vento.
― Minha irmã... Ana? ― O grão senhor balbuciou sem entender como era possível estar a vendo depois de meio século e não era o único, então tinha certeza que não estava alucinando ou sonhando.
Ana ainda estava lenta, mas conseguiu segurar o punho de Rhysand antes que ele chegasse até seu pescoço.
― Você não é real, não é possível! ― Ele murmurou tentando torcer seu pulso.
― Ué... ― Anastácia ficou surpresa ao ver que a força dele estava sendo maior que a sua e precisou usar sua outra mão para impedir que ele fizesse aquilo. ― Isso não está sendo engraçado, caralho. ― Ela puxou seu braço e bateu a cabeça contra a dele fazendo com que o irmão a soltasse quando atingiu seu nariz. ― Ai! Que dor, puta que pariu.
Ela o tocou antes que ele se afastasse e suspirou quando deixou de sentir aquele incômodo na testa passando a dor para seu irmão.
― Sinta o dobro, idiota. ― Anastácia limpou o sangue de sua testa percebendo que tinha um pequeno corte, mas não se importou já que o sentia cicatrizando. ― Que porra há de errado com você? Volte para seu corpo e se controle, eu não fui embora.
― Você é só uma alucinação que todos estamos vendo, se a incomodamos em seu descanso vá embora! ― Rhysand falou e seu tom saiu anasalado por conta do sangue na região.
― Com licença, eu disse que no melhor e no pior eu vou estar com você... Como eu posso ir embora assim? ― Anastácia percebeu a expressão dele e se aproximou ignorando o cansaço que sentia nas pernas. ― Eu só dormi na floresta depois que eu vi o Az, é estranho, mas acho que foi isso que aconteceu... Não fui embora e nem vou ir.
― Não... ― O grão senhor chorou.
― Foi o acordo que você e eu fizemos, a promessa que eu fiz a você naquele dia no cemitério. ― Ana ficou em sua frente tentando secar seu rosto. ― O que está acontecendo? Eu ia fazer o jantar para você, porque está assim?
Ela se surpreendeu um pouco quando o irmão se aproximou bruscamente a abraçou com força apertando quase seus ossos para confirmar que ela estava mesmo ali e Ana afagou as costas dele após fazer uma leve careta, Rhysand chorava contra seu ombro.
― Está tudo bem, não precisa mais chorar assim... ― Ana beijou seu rosto. ― Sua irmã mais velha está aqui, você está a salvo.
Ela não percebeu que todos ainda estavam em choque e sem acreditar que Rhysand estava a abraçando depois de meio século, ninguém conseguia entender o que estava acontecendo e Feyre tentou se manter calma ao ver a cunhada que todos tinham dito que havia morrido ali abraçando seu parceiro e dizendo para ele que estava tudo bem.
Como podia estar tudo bem?~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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A Court Of Loss And Love (Helion)
FanfictionACOTAR Anastácia não almejava muito em sua vida desde que tinha nascido apesar de ter sido a herdeira direta da corte por anos até o nascimento de seu irmão. Ela não almejava encontrar um amor fora do território illyriano e conseguir encontrar uma f...