Capítulo 105

97 12 4
                                    

Capítulo 105 ― Cento e cinco.

Anastácia knows something is wrong.

Seu coração foi arrancado de seu peito e aquilo não lhe provocou dor, não houve tempo. Mas, pôde sentir aquela mão atravessando seu tórax e mexendo dentro de si enquanto apertava o músculo cardíaco lhe provocando uma dor extrema que fez suas pernas ficarem bambas quase no mesmo instante enquanto um choque passava por si.

"Volte para a vida, Ana."

"Volte para sua vingança."

Franziu o cenho enquanto ouvia aquela voz suave e ao mesmo tempo sombria lhe chamando e a instigando enquanto seguia com os olhos fechados. Toda a calmaria que ela sentia parecia ter se esvaído e a raiva tinha retornado, o ódio por ter morrido daquele jeito e a dor por quem ter sido o seu assassino, aquilo não podia ficar impune.

Ele realmente deveria pagar!

Abriu os olhos de forma demorada quase os fechando mais uma vez quando uma luz extremamente forte a cegou por alguns segundos.

"É bom vê-la novamente, meu amor."

Anastácia mexeu os braços de forma brusca e tentou nadar enquanto sentia seus pulmões arderem em busca de ar a surpreendendo enquanto voltava para a superfície. Não podia acreditar no que tinha sonhado, aquilo não podia ser uma memória sua!

Não podia ser verdade, estava ficando louca.

Um de seus braços foi pego com força e ela foi puxada com mais rapidez para fora do rio sendo erguida e respirou fundo assim que voltou a respirar enquanto tossia cuspindo um pouco de água. Ela observou as próprias mãos vendo os cortes que cicatrizavam após o rio ter limpado o sangue coagulado que tinha ficado por cima.

Apertou cada um deles disposta a ver mais do líquido rubro e uma mão com cicatrizes segurou seu rosto lhe fazendo encará-lo.

― Azriel. ― Encarou o espião da corte vendo que as sombras dos dois quase se enroscavam, mas evitavam se encostar enquanto protegiam os próprios donos. ― Eu estou sangrando... Significa que eu estou viva, não é? ― Sua respiração estava ofegante.

Ela se calou quando ele passou a apertar a região de seu maxilar com força quase trincando o osso e forçando a comprimir os lábios enquanto o olhava.

― Está sentindo isso? ― Azriel a indagou encarando quase o fundo de seus olhos e a moça assentiu depois de alguns segundos focando na dor que sentia. ― Então sim, você está de volta e está viva.

Ele se afastou por alguns instantes e Ana deitou a cabeça contra seu peito, Azriel preferiu ficar parado sem mexer quase um músculo sequer quando ouviu a moça fungar e se assustou ao notar que ela estava mesmo chorando.

― Está tudo bem. ― Ele acariciou um de seus ombros. ― Vamos sair da água. ― Ofegou quando lentamente foi erguido e sentiu as mãos dela contra suas costas.

Os dois saíram daquela água gelada e ele reparou que levitavam sem o auxílio de suas asas molhadas.

― Obrigada. ― Anastácia sorriu de forma fraca.

~~~~~~~~~~~~~~~~

A moça até tentou dizer para o irmão que estava bem e havia feito aquilo apenas como um teste, mas Rhysand não lhe deu ouvidos e estava quase cego de preocupação enquanto Azriel lhe contava que sua irmã tinha tentado se afogar para confirmar se estava viva.

Ana não teve um segundo sequer para explicar sua teoria, ele não quis lhe ouvir e logo preferiu chamar por Madja o mais rápido possível para analisá-la vendo se algo podia estar errado, ela mostrou um de seus dedos do meio para o encantador de sombras e ele deu de ombros não se importando com aquilo, pelo menos tinha a salvado e não esconderia aquela loucura dela.

Quando Madja chegou e o irmão deixou as duas sozinhas, Anastácia não entendeu o motivo que lhe fez preferir desviar o olhar quando reparou que a curandeira lhe encarava parecendo estar em busca de alguma coisa. Ela deixou que a outra moça a examinasse procurando algo de errado e sentiu quando uma das mãos dela ficou tempo demais parecendo tatear suas costas.

― Como está se sentindo? ― Madja a indagou quando se afastou dela. ― De forma sincera, como você está realmente se sentindo?

― Bem... ― Ana deixou um suspiro escapar. ― Se eu penso nisso por algum motivo me sinto muito furiosa, com muita raiva como nunca senti antes... É como se meu coração estivesse cego de ódio, mas estou me controlando para não ficar cega por ele.

― Isso vai lhe prejudicar em algum momento, não pode ter um sentimento ruim dentro de si por tanto tempo. ― A curandeira não escondeu a preocupação dela consigo, não podia fazê-lo desde quando a tinha visto pelo primeiro instante e percebeu que algo estava errado.

― Depois que eu matar quem eu quero, isso tudo vai passar. ― Anastácia conseguiu sorrir fraco, deixando a outra sem reação quando lhe ouviu. ― Ainda não sei o que me fez voltar, mas começo a ter uma ideia do que pode ter sido.

Quando Anastácia se levantou da cadeira que estava sentada, ela acabou a derrubando quando precisou se apoiar nela e se ajoelhou contra o chão enquanto sentia uma dor de cabeça insuportável.

"Mana, precisamos colher essas flores, venha comigo!"

"Venha filha!"

"Venha, senhora, estou lhe esperando."

A voz de Madeleine ressoava em sua mente junto das vozes de sua mãe e sua irmã enquanto sua visão ficava clara demais para conseguir manter os olhos abertos, parecia que o sol estava tentando lhe cegar naquele momento e acabou perdendo a consciência quando Madja a segurou.

― O que aconteceu?! ― Rhysand já tinha corrido quando ouviu o primeiro grito de sua irmã.

― Ana precisa descansar muito, meu senhor, a dor de cabeça que sentiu pareceu ter sido forte demais para conseguir aguentar. ― Madja encarou a moça adormecida. ― Cuide dela, por favor, sua alma voltou com ódio e muita raiva... Talvez pela forma que morreu ou pela que voltou, precisam cuidar disso.

― E por qual motivo ela está com tanto ódio? ― Rhysand acariciou o rosto de sua irmã. ― Eu não percebi, eu...

― Ela está o ignorando, mas não vai conseguir continuar por muito tempo... Não sei o que ela está planejando, mas não será algo bom para ninguém. ― Madja deu sua sugestão e o grão senhor assentiu concordando com ela.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Rhysand queria que ela ficasse junto dele enquanto descansava, mas lutou contra sua vontade ao ver que Devlon exigia como um pai para ficar perto de sua filha e permitiu que o homem a levasse nos braços até sua casa, ele e a parceira desejavam que Ana pudesse descansar em seu quarto depois de tanto tempo.

Os dois a ajeitaram na cama e guardaram o remédio que Madja havia dito para que ela usasse quando tivesse alguma crise de enxaqueca evitando que se tornasse algo forte ao ponto de perder a consciência, Elena e Devlon a arrumaram na cama após a illyriana ter trocado sua roupa e ficaram velando seu sono por longos minutos sem acreditar que sua menina estava de folga e ressonava de forma tranquila com o rosto contra um dos travesseiros e as sombras relaxadas sobre seu corpo.

"Ana..."

"Anastácia."

A illyriana começou a despertar quando ouviu seu nome sendo chamado e estranhou enquanto se sentava na cama, se sentiu um pouco tonta e reparou onde estava fazendo com que um sorriso surgisse em seus lábios. Ela cheirou o cobertor sentindo o cheiro de seus pais e se sentiu mais tranquila, mas não conseguiu ignorar seu nome sendo chamado mais de uma vez.

Algo parecia estar a guiando quando Ana abriu a janela de seu quarto, sabia que seus pais estavam dormindo e não se importou de sair pela janela levitando por alguns segundos antes de chegar ao chão. Deixou que o uniforme illyriano substituísse o pijama que a mãe tinha colocado em si e seu cabelo foi amarrado com a ajuda das sombras antes dela seguir andando.

Passou pelo balanço que os pais tinham colocado para si e adentrou a floresta sem sentir receio algum apesar da desconfiança que sentia e deixou que os sifões brilhassem de forma leve enquanto seguia andando desviando de alguns galhos e folhas pelo chão.

Acelerou um pouco seus passos quando percebeu que um homem de pele escura estava parado e reparou que ele estava dentro de um círculo desenhado na terra, uma linha traçada com a cor vermelha e estranhou quando viu que não era sangue, parecia que o poder dele vinha do solo.

― Olá. ― Ele sorriu largo quando encarou a moça a deixando confusa. ― Realmente assim é a primeira vez que nos vemos, mas é uma honra conhecer aquela que deixou Helion apaixonado... E mesmo assim ele a matou. ― Balançou a cabeça parecendo ter pena.

― Não venha falar desse filho da puta perto de mim. ― Anastácia rosnou e as sombras serpentearam por seu corpo ao sentir a raiva dela.

― Quer adivinhar quem eu sou? ― O homem riu e ela ficou o encarando por mais alguns instantes.

"É ele!"

"Ele é o feiticeiro da corte Diurna!"

"É o inimigo de Helion."

As sombras sussurraram para si e Ana acabou suavizando sua expressão para o quase pavor das gavinhas.

― Você é o Viktor, não é?

― É uma honra finalmente poder lhe conhecer dessa forma. ― Viktor assentiu. ― Quando descobri que Helion ia lhe matar, eu tentei o impedir e não consegui... Sabia que deveria lhe trazer de volta.

― Você... ― Ana balbuciou e engoliu com dificuldade. ― Quer dizer que eu sou de barro?!

― Oh, claro que não. ― Ele balançou a cabeça de forma negativa. ― Esse corpo é o seu mesmo, consegui lhe preservar muito tempo e há cinquenta anos que eu vinha tentando trazer sua alma de volta, mas o idiota do Helion sempre conseguia me impedir e um dia eu consegui ao aproveitar a brecha que ele deixou.

― O que?

― Helion estava impedindo que sua alma conseguisse ter descanso eterno ou até mesmo reencarnasse, a manteve presa e sei que você quer se vingar dele, vou lhe ajudar nisso. ― Viktor também não escondeu um sorriso triunfante enquanto lhe dizia aquilo, tinha ensaiado por tanto tempo.

― Eu sei por que quer me ajudar, quer que eu lhe ajude em sua vingança também... ― Anastácia se lembrava da história que já tinha ouvido. ― Helion me contou o que aconteceu.

― Não, ele lhe contou o que queria que você soubesse... Não o que realmente aconteceu. ― Viktor apoiou as mãos atrás de suas costas. ― Eu posso lhe contar sobre isso se quiser.

― Quanto tempo irá demorar? ― Anastácia observou o caminho que tinha feito para chegar ali.

― Até o amanhecer. ― Ele afirmou e Ana assentiu preferindo seguir andando junto dele.

― Antes de começarmos... Você foi quem matou minha amiga, Madeleine? ― A illyriana o encarou o segurando pelos ombros antes que ele desse mais um passo para longe.

― Eu soube que isso aconteceu, mas não tive relação alguma com a morte dela... Eu peguei seu corpo na floresta quando estava anoitecendo e a trouxe comigo lhe mantendo protegida, infelizmente não sei como sua amiga faleceu. ― Viktor fingiu uma expressão triste, mas conseguiu enganar Anastácia quando ela sentiu a calma de seu coração através do toque de seus dedos.

Anastácia ouviu a história novamente sobre a grã senhora da corte Diurna e percebeu a emoção de Viktor enquanto ele contava sobre a própria mãe.

― Helion roubou a coroa dela e tirou proveito de seu momento vulnerável logo após o parto, eles a induziram ao erro e a deixaram sangrando até a morte. ― Viktor disse entre dentes. ― Quando meu pai descobriu o que ele fez e entendeu que Helion era o vilão da história, preferiu se matar para não conviver com a tristeza por ter matado a parceira após vê-la morrer e me deixou sozinho.

― Sinto muito que tenha passado por isso. ― A expressão de Anastácia era neutra apesar do seu tom de pesar.

― Sabe, você está fazendo muito bem ao esconder seus sentimentos e deixando apenas a raiva passar por essa barreira que criou... ― Viktor comentou consigo após assentir. ― Ainda estou apurando melhor o motivo dele lhe querer morta, mas aqui vai um conselho... Não confie em ninguém.

― Oh, nem na minha família? ― Ela foi irônica.


― Aquela que está dormindo é totalmente confiável junto dos outros illyrianos, mas me refiro ao seu irmão... Não acha suspeito que Helion conseguiu passe livre para vir a corte Noturna? ― Viktor a indagou.

Anastácia até pensou em retrucá-lo dizendo que ele parecia estar do mesmo jeito ali no território illyriano, mas então lembrou que tinha sido assassinada perto de Velaris e Rhysand deveria ter sentido a presença do outro grão senhor na cidade que ele jurou proteger. Lembrou também que Helion tinha ido na casa do Vento naquele mesmo dia e parecia falar algo muito importante com seu irmão, algo que ela não podia saber de forma alguma.

― Você está certo. ― Ana acabou concordando com ele. ― Eu não posso confiar em ninguém.

― Exatamente, todos eles levantam suspeitas e vou descobrir o que aconteceu. ― Ele se prontificou a fazê-lo.

― E enquanto isso eu o ajudarei em sua vingança. ― A illyriana concordou com ele. ― Nós temos um acordo. ― Estendeu a mão.

― Ótimo, nós temos um acordo. ― Ele concordou apertando seus dedos e logo os dois sentiram o mesmo formigamento na região do peito.

A tatuagem de Ana que simbolizava o acordo entre os dois andou mais alguns centímetros até ficar exatamente sobre o coração.

― Gostei de conversar com você, princesa guerreira. ― Viktor disse voltando para o círculo desenhado no chão. ― Nós nos veremos novamente e creio que vamos nos dar bem. ― Ele disse antes de desaparecer em meio ao seu poder vermelho como o próprio sangue.

― Sim, também acredito que vamos nos dar bem. ― Anastácia murmurou falando sozinha e percebeu que o sol começava a nascer no horizonte, revirou os olhos quando reparou que não sentia sono de forma alguma.


 ― Anastácia murmurou falando sozinha e percebeu que o sol começava a nascer no horizonte, revirou os olhos quando reparou que não sentia sono de forma alguma

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

A Court Of Loss And Love (Helion)Onde histórias criam vida. Descubra agora