Capítulo 92

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Capítulo 92 ― Noventa e dois.

Even when Anastácia dies, she loses someone else.

Todos estavam sentados na sala de estar na casa do Vento e ninguém ousava interromper o silêncio no cômodo após o enterro de Anastácia.

― Muito estranho o Helion estar no enterro. ― Amren comentou, ela havia ficado por poucos minutos. ― Ainda mais tão emocionado e quase descontrolado.

― Acho que ele conseguiu aguentar ficar depois de alguns remédios. ― Rhysand sentia seus olhos pesados, mas não iria descansar. ― Helion era o homem que Ana estava namorando, eles tinham terminado e na noite que ela ia fazer o jantar aqui... Ele iria aparecer implorando o perdão dela, era o que tínhamos combinado e ela não podia descobrir.

Morrigan fungou percebendo que sua suposição sempre fez sentido e se culpando por Ana nunca ter lhe revelado a verdade. A vontade de chorar lhe atingiu com força quando pensou que agora Ana estava junto de sua mãe e sua irmã. Ainda era impossível acreditar que Ana tinha falecido daquela forma tão cruel e inesperada e ninguém conseguia encontrar o possível culpado por aquele crime hediondo.

― Pode ter sido alguém de outra corte. ― Amren deu sua sugestão antes de beber um pouco.

― Não, eu teria sentido a presença no mesmo instante, ainda mais se fosse da Primaveril. ― Rhysand a respondeu encarando o encantador de sombras por alguns instantes não podendo ver que ele trincou o maxilar após ouvir sua negativa. ― Apenas Helion veio naquele dia e eu duvido que ele matasse a própria namorada.

Ele suspeitou que pudesse ter sido Tamlin com mais algum plano macabro e mandou seus espiões observarem a corte da Primavera, mas nada tinha mudado nos últimos dias naquele lugar e no fundo sabia que aquele maldito dessa vez não havia feito algum ataque.

― Vai deixar Anastácia lá? ― A segunda no comando também indagou. ― Talvez os illyrianos façam algo.

― Eu sei que eles não fariam, mas não deixarei Ana lá. ― Rhysand levantou. ― Quem quiser vir comigo, eu chamei alguém para levar a Ana.

― Não a deixará junto da mãe e da irmã? ― Morrigan não escondeu sua surpresa e não gostou daquilo. ― Mas...

― Ela morreu aqui nesse território, Mor, eu não acho que Anastácia vai conseguir descansar da forma como deve. ― O grão senhor foi sincero. ― Eu quero que ela fique bem e a salvo, ninguém conseguirá pensar bem enquanto ela estiver aqui.

― Onde ela ficará? ― Cassian perguntou de forma baixa.

No mesmo instante em que ele fez aquela indagação, a porta foi aberta e puderam ver a illyriana com uma expressão chorosa no rosto junto dos olhos inchados.

― Madison. ― Morrigan sempre a reconheceria e quase correu para se aproximar da moça e lhe abraçar. ― Eu sinto tanto.

― Eu também. ― A general se controlou para não chorar naquele momento.

― Onde está Madeleine? ― Rhysand notou que ela estava sozinha e achou que a moça viria acompanhada de sua irmã gêmea.

― Eu não sei, não consigo achá-la desde que nos chamou. ― Madison sabia que havia alguma coisa errada e podia perceber pela energia que a ilha emanava que algo estava errado. ― Acho que Maddie vai precisar de um tempo para tentar entender o que aconteceu.

Talvez os espíritos tentassem falar consigo e dizer que Ana tinha sofrido alguma coisa, o mar parecia mais agitado que o normal e o sol tinha desaparecido e não havia voltado mais. A general tinha finalizado um treinamento quando ouviu a voz de Rhysand em sua mente e ficou surpresa por ver como seu poder daemati era forte mesmo a distância.

Apenas ela e a irmã sabiam daquilo, ele contou apenas para as duas e a gêmea sem asas saiu correndo para longe quando ele contou que a illyriana de olhos violetas tinha sido assassinada.

― Todas já estão sabendo do que aconteceu e eu vou levá-la. ― Madison respirou fundo enquanto Morrigan se afastava.

― Ana não pode continuar aqui, ela deve ir para a ilha que ela mais amava. ― Rhysand disse com dificuldade.

― Você tem certeza disso? ― Madison o perguntou. ― Nem mesmo você poderá vê-la novamente.

― Mas, eu sei que ela estará muito bem protegida a todo instante e será o melhor...

― Anastácia será protegida com a vida de cada uma, tenha certeza absoluta disso. ― Madison se curvou de leve. ― Podemos ir.

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Enquanto Madison estava junto do grão senhor e seu círculo íntimo ouvindo suas instruções, Madeleine estava parada em frente ao túmulo recém-colocado no cemitério junto da então senhora da corte e de Anelise.

Anastácia tinha sido posta no meio delas e ela não conseguia parar de chorar.

― Como isso pode ter sido possível? Quem teria coragem de fazer isso?! ― Madeleine tentou respirar fundo, mas não conseguia se acalmar e se apoiou na pedra. ― Minha senhora.

Ela seguiu chorando.

Tinha pedido para uma illyriana lhe largar ali sem contar o que havia acontecido, ela não tinha coragem alguma de dizer em alto e bom som que Anastácia tinha simplesmente morrido, assassinada por um assassino sem rosto no território que ela mais havia defendido.

Jamais iria acreditar que o dia do aniversário de Ana tivesse sido o último que teve junto dela. Devia ter lhe abraçado mais ao invés de dar um tapa em sua cabeça ou talvez a outra illyriana já sentisse que seu fim estava próximo e não quis avisar ninguém?

Madeleine fechou os olhos por alguns segundo pensando em como Helion devia estar passando por tudo aquilo e como Rhysand estava agora que tinha perdido sua única família de sangue, a irmã mais velha que sempre estava disposta a defendê-lo ao mesmo tempo que sempre queria lhe encher de chutes.

Sem Ana, os dois estavam sozinhos.

Muitas outras pessoas estariam sozinhas sem a princesa da corte Noturna.

― Quem fez isso a você, Ana? ― Madeleine indagou tentando se acalmar após sua crise de choro ter cessado. ― Quem a machucou assim?

― Eu quem fiz isso. ― Viktor sorriu quando surgiu atrás de Madeleine. ― E você não podia ter vindo em melhor hora.

A moça ainda tentou se virar, mas logo teve seu peito invadido fazendo com que o sangue emergisse por sua boca e o coração foi arrancado sem que tivesse chance alguma de defesa ou reação e ele segurou seu corpo antes que ela batesse contra o chão. Viktor tinha espalhados por seu corpo cordas amarradas junto do cabelo de Anastácia conseguindo assim ocultar sua presença desde o instante em que a vida desta tinha sido ceifada.

Ele observou Madeleine e começou a proferir o feitiço que precisava usar no momento o sabendo na ponta da língua apesar da linguagem ser de uma época antiga demais e pouco relatada. Ele pegou uma das pulseiras que tinha e rapidamente abriu a mão da moça colocando a mecha do cabelo castanho escuro entre os dedos dela e levando uma mesma para sua boca conseguindo fazer com ela a engolisse e segundos depois enquanto o corpo dela se alterava ficando idêntico ao da princesa, ele tocou na testa da mulher sem asas e seu corpo desapareceu enquanto ainda o segurava mantendo o vestido branco em suas mãos para segundos depois a peça estar vestido o corpo de Anastácia enquanto aquela que jazia com seu uniforme illyriano era Maddie dentro do caixão.

― Pronto. ― Viktor acariciou o cabelo de Ana observando os fios mais curtos que ela tinha. ― Agora eu a tenho só para mim e acredite, eu estou lhe fazendo um favor. ― Apoiou sua cabeça contra a dela e se controlou para não gargalhar.

A pegou no colo e observou o túmulo uma última vez antes de se afastar desaparecendo com a princesa da corte Noturna em seus braços.

Minutos depois enquanto a noite seguia a dentro ainda tendo resquícios da escuridão de Rhysand, ele mesmo surgiu se aproximando dos túmulos de sua família e logo encarando o que tinha sido recém colocado ali no meio vendo que ele ainda estava cercado por diversas flores de todas as espécies possíveis.

Ele o abriu usando sua magia, Cassian e Azriel ajudaram a retirar o caixão o apoiando sobre o túmulo e Rhysand engoliu a seco antes de abrir a peça.

― Desculpe lhe atrapalhar, minha irmã, mas será por pouco tempo... Eu lhe prometo. ― Rhysand a segurou nos braços tomando todo o cuidado possível, observando as asas encolhidas pelo espaço que ela tinha ficado. ― Por favor...

― Ela ficará em um caixão confortável para as asas também. ― Madison percebeu o que ele queria dizer. ― Não se preocupe. ― A voz soou trêmula quando a luz da lua iluminou o rosto de Anastácia por alguns instantes. ― Se despeça dela, por favor, eu vou ficar aguardando. ― Preferiu se afastar.

Morrigan foi a primeira a se despedir de sua prima e controlou seu choro após dar um beijo sobre sua testa, ela logo andou um pouco rápido para que conseguisse chegar até Madison e pode perceber que a illyriana chorava tentando ser contida.

― Você não vai voltar também, não é? ― Morrigan indagou de forma baixa.

― Não, nunca mais. ― Madison foi sincera com ela. ― Com a morte da Ana eu me torno a única protetora da ilha se Maddie não voltar ou esquecer-se dela por vontade própria e eu não posso abandonar minhas amigas lá, a família que construímos só pela partida da matriarca. ― A general tentou pôr em palavras uma explicação que ficasse melhor para Mor conseguir entender.

Naquele momento a loira se arrependeu por sempre ter ignorado seus sentimentos desde o instante em que viu Madison após se conformar com a partida daquela que achava ser seu amor mesmo que ela fosse imortal, a general era uma illyriana muito forte alçada ao maior posto no exército que lutou na grande Guerra e mesmo assim Mor preferiu esconder tudo que sentia e disfarçar.

Em respeito por aquela que tinha perdido e visto construir uma família além de ter medo do futuro.

Mas, agora, um futuro sozinha sem sua prima e Madison parecia ser muito pior além do que havia imaginado.

― Eu...

― Eu sei, Mor. ― Madison a encarou enquanto a luz da lua passava sobre as duas. ― Sempre imaginei que podia ser verdade o que Ana tinha dito e você não disfarça muito bem.

― Não consigo fazer isso quando é você quem me olha. ― A loira foi sincera e aceitou segurar a mão da outra quando esta foi estendida para si.

― Eu também. ― A frase de Madison fez com que Morrigan arregalasse os olhos e engolisse sua vontade de chorar. ― É muito cedo para dizer isso agora, mas eu imagino que um dia nós ficaremos juntas, vamos ter a chance disso.

― Enquanto você acreditar, eu também vou. ― Morrigan disse de forma extremamente baixa e a outra assentiu.

― Venha cá. ― A illyriana lhe puxou para que se abraçassem e a loira não segurou suas lágrimas quando sentiu a pele dela contra a sua. ― Não faça nenhuma besteira, não morra.

― Eu digo o mesmo, não morra, por favor. ― A terceira no comando teve suas lágrimas secadas pelo seu amor.

― Não vou. ― Madison assentiu e se afastou dela. ― Adeus.

Morrigan não conseguiu dizer em voz alta aquela palavra e apenas sibilou enquanto a vontade de chorar ainda era grande.

― Cuide muito bem dela. ― Rhysand pediu com a voz baixa e o rosto molhado por mais lágrimas.

― Eu irei. ― Madison ergueu os braços e logo Ana foi passada para si com a cabeça sendo colocada contra seu ombro. ― Senhora. ― Murmurou.

A illyriana observou por longos segundos a árvore que protegia os túmulos que ali ficaram e respirou fundo antes de alçar voo enquanto a escuridão de Rhysand ocultava a presença das duas enquanto ela voava para longe e logo conseguiu se esconder em meio às nuvens.

― Não devíamos avisar ao Helion? ― Morrigan indagou ao primo e deitou a cabeça contra seu peito quando ele abriu um de seus braços para abraçá-la de lado.

― Ele disse que só aceitaria receber cartas sobre Ana se uma delas tivesse uma forma de como trazê-la de volta, mas ele pode sentir isso então... ― Rhysand resmungou.

― Pela Mãe, isso é ainda pior. ― Cassian entendeu.

― Eles eram parceiros? ― A loira não escondeu sua surpresa e Azriel também não disfarçou.

― Eu vou respeitar a decisão dele. ― Rhysand respirou fundo. ― Ainda preciso comunicar aos grãos senhores o que aconteceu com Ana e decidir se vou a esse baile que Amarantha está enchendo o saco sobre.

― Deveria negar a ida a esse encontro, Amarantha ainda procura uma forma de acabar com você e pode usar algo sobre a Ana. ― Morrigan era contra a ideia assim como os dois illyrianos que estavam atrás dos dois e seguiam observando o céu nublado.

― Vamos ver o que ela está planejando. ― O grão senhor murmurou.

 ― O grão senhor murmurou

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A Court Of Loss And Love (Helion)Onde histórias criam vida. Descubra agora