ACOTAR
Anastácia não almejava muito em sua vida desde que tinha nascido apesar de ter sido a herdeira direta da corte por anos até o nascimento de seu irmão. Ela não almejava encontrar um amor fora do território illyriano e conseguir encontrar uma f...
Capítulo 93 ― Noventa e três. Feyre discovers who Anastácia was. Feyre Archeron sabia que eles ainda tinham muito que fazer para se preparar para aquela guerra e pelo que seu parceiro tinha lhe contado, uma das missões mais difíceis que teriam seria pedir a ajuda dos senhores de Illyria para que tivessem o exército todo ao seu dispor.
Mesmo que Cassian fosse o comandante deles, ainda era odiado e por isso não era o suficiente para que todos estivessem de acordo.
"O rosto dela." Feyre disse pelo laço após saírem de mais uma casa de um senhor.
"Todos os lugares que fomos tem o mesmo rosto." Ela não escondeu sua curiosidade.
"Aquela fêmea, querida, é a única fêmea illyriana que foi importante para eles e sempre será somente ela." Rhysand lhe disse pela ponte entre os dois, surpreendendo a Archeron.
Rhysand já tinha comentado que depois iria lhe explicar melhor e só aumentava sua vontade de saber mais sobre aquela moça de olhos violetas idênticos ao de seu parceiro. Ele tinha comentado consigo sobre o falecimento de sua mãe e irmã mais nova e acreditava que quando se sentisse pronto, haveria outras coisas que ela iria descobrir.
― Podemos ir embora? ― Cassian resmungou quando todos se ajeitaram na pequena varanda da casa. ― Pelo amor da Mãe e por tudo que é mais sagrado.
― Não, ele é o último e nossa última esperança também. ― Rhysand suspirou antes de bater na porta de madeira.
― Oh... ― Elena os observou fazendo questão de olhá-los de baixo para cima antes de forçar um sorriso. ― Se não é o grão senhorzinho vindo nos fazer uma visita.
Feyre tentou manter sua expressão fria e imparcial quando ouviu o modo como a illyriana falou com Rhysand e tentou se controlar logo reconhecendo aquele que era chamado como general Devlon, viu quando ele apoiou uma das mãos contra a cintura da mulher que estava na porta.
― Grão senhor. ― Devlon se curvou de leve só para fingir que seguia o protocolo. ― Como posso lhe ajudar?
― Poderíamos entrar? ― Rhysand o indagou e a moça abriu mais a porta.
― Eu vou fazer um chá para nós. ― Elena resmungou se afastando.
Quando a Archeron entrou naquela casa precisou lutar contra a surpresa que sentiu ao ver que ela era enfeitada por diversos quadros daquela mesma moça de olhos violetas e pode perceber que ainda haviam vários que mostravam a moça em várias fases de sua vida desde a infância até uma idade adulta lhe causando estranheza, nunca tinha ouvido sobre Devlon ter uma filha e Rhysand também não tinha comentado consigo.
― Então, para que quer minha ajuda dessa vez? ― Devlon o indagou enquanto sentava, Cassian e Azriel ficaram em pé. ― Se é meu apoio para as fêmeas lutarem, não.
― Conversaremos sobre isso outra hora, comandante Devlon, vim agora na verdade pedir por seu apoio para a guerra que se aproxima. ― Rhysand foi direto ao assunto principal. ― Sabe que Hybern está se armando agora que tem o Caldeirão completo e quer uma guerra contra nós novamente em busca de escravizar os humanos mais uma vez.
― Aquele merda não aprendeu quinhentos anos atrás, eu sabia que ele tinha que ter sido morto. ― O comandante balançou a cabeça. ― Não imaginei que minha ajuda seria importante com você sendo o grão senhor e tendo illyrianos tão poderosos aos seus lados.
― Aqui está o chá. ― Elena reapareceu com a bandeja a segurando somente com uma das mãos e se aproximou dos dois que estavam seguindo em pé. ― Para vocês também, meninos. ― O tom dela ficou um pouco mais ameno.
A última vez que tinham se visto por tanto tempo tinha sido apenas quando ela foi encontrada morta cinquenta anos antes, desde então Elena preferia seguir mais reclusa mantendo sua única amiga sendo a mãe do encantador de sombras.
― Aqui, mocinha e grão senhorzinho. ― Ela ofereceu uma xícara para Feyre e outra a Rhysand. ― Dev. ― Alcançou para o parceiro.
― Obrigado, meu bem. ― Ele agradeceu de forma carinhosa e a moça sentou ao seu lado.
― Sabe que minha relação com os senhores segue sendo complicada apesar de eu ter tido alguns problemas nos últimos cinquenta anos, Cassian e Azriel também não puderam ficar aqui e...
― Eu lembro bem, nos abandonou ao relento justo quando a geada veio por destruir as plantações e alguns illyrianos morreram de fome. ― Devlon frisou. ― Deve imaginar o motivo deles não quererem lhe ajudar.
― E você sabe o motivo dos meus problemas. ― Rhysand retrucou.
― Sim, mas eles não me interessam nenhum pouco. ― O comandante fez uma leve careta.
― Dev... ― Elena cutucou a região de suas costelas e os dois se encararam.
Feyre os observou e notou que os dois falavam pelo laço, podendo ver que a expressão de Devlon se tornou mais suave antes de assentir.
― Eu não pude me vingar dos hybernianos que a feriram na grande Guerra e direi a todos que temos a chance de fazer isso agora. ― Devlon disse mais contido. ― Mas, gaste seu dinheiro e compre armas melhores e melhore os equipamentos que temos já que eles foram usados na última guerra e não vão aguentar.
― Certo, eu farei isso imediatamente. ― Rhysand concordou com ele. ― Obrigado, sua ajuda é de extrema importância.
― Não me agradeça, agradeça a minha parceira que é uma alma mais bondosa do que eu jamais serei e sumam daqui. ― O comandante se levantou de forma grosseira e preferiu subir as escadas logo batendo a porta de um cômodo com força até que os quadros tremessem na parede.
― Peço desculpas, ele voltou a ficar muito arisco quando pensa nela. ― Elena disse de forma baixa. ― Ele vai para o quarto dela e fica lá.
― Nunca o desmontaram também? ― O grão senhor não controlou sua pergunta.
― Não... Enquanto você estava preso e Cassian e Azriel não vinham aqui, começaram a surgir boatos de que a mesma praga que tinha lhe pegado iria trazer Ana de volta e que ela não tinha morrido como você tinha dito. ― Elena ficou com o olhar vago e forçou um sorriso. ― Mas, você e eu sabemos que sim, Ana morreu mesmo... Apesar disso, a esperança de que um dia ela possa voltar conforta nosso coração nesse luto interminável.
― Você perdeu uma filha, eu não consigo imaginar como essa dor pode ser. ― Rhysand desviou seu olhar antes de encará-la.
― E aquele homem conseguiu sobreviver à praga? ― Elena se levantou indo até um quadro. ― Como era o nome dele... Helion?
― Sim, ele sobreviveu por ela certamente. ― O mestiço se levantou e sua parceira o seguiu.
― É o que nós fizemos nesses últimos cinquenta anos, sobreviver por ela. ― A illyriana limpou a moldura usando seus dedos. ― Tentarei conversar sobre nos vingar por ela sobre os hybernianos quando for lavar roupa no rio, as mulheres vão comentar com seus maridos e o boato vai se espalhar.
― Muito obrigado. ― Rhysand agradeceu de forma sincera.
Quando Feyre e Rhysand saíram, ela pensou nos illyrianos que tinha visto mais cedo e percebeu que ao entrar na mente de todos ele acabou vendo que todos tinham memória da mesma moça dos quadros vendo que ela era venerada ainda em vida e sempre muito celebrada.
Os illyrianos podiam sentir ódio pelo grão senhor, mas isso sempre desaparecia quando pensavam nela.
― Então... Ana? ― Feyre indagou intercalando seu olhar para os três.
― A melhor illyriana que já existiu. ― Cassian prontamente lhe disse, acabando por lhe surpreender. ― Impossível não saber quem é ela e ainda mais aquela que meu irmão amou por tantos séculos. ― Ele se aproximou de Azriel e logo levou um soco contra suas costelas.
― Ah, não me lembrem disso. ― Rhysand balançou a cabeça. ― Feyre, querida, eu já lhe falei que perdi minha mãe e minha irmã... Mas, eu ainda não tinha lhe dito que perdi minha irmã caçula no mesmo dia que mamãe, a mais velha foi assassinada há cinquenta anos.
A Archeron chegou a abrir a boca sem esconder sua surpresa.
― Vamos visitá-las, elas estão enterradas aqui. ― O grão senhor entrelaçou o braço dela contra o seu.
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Eles foram voando para que chegassem mais rápido e logo estavam encarando a árvore erguida para proteger os três túmulos.
― Aqui estão juntas a minha mãe Diana, minha irmãzinha Anelise e no meio a mais velha... Anastácia. ― Rhysand mexeu sua mão e fez com que diversas flores surgissem ali sobre os túmulos.
― E então aquela moça tão venerada pelos illyrianos é a sua irmã? ― Feyre conseguiu balbuciar depois de longos segundos em silêncio.
― Sim, aquela que foi muito amada por todos aqui é minha irmã mais velha. ― Rhysand forçou uma risada. ― Nem parece que viemos do mesmo útero, mas há uma explicação para isso... Ana foi criada por Devlon e Elena já que meu pai não a achava boa o suficiente para ser a princesa da corte, então ela viveu por muito tempo aqui e quando eu nasci ela já tinha vinte anos mais da metade dele vividos aqui em Illyria.
― Anastácia foi a única fêmea a vencer o rito de sangue numa época que ao menos era permitido que fêmeas o disputassem. ― Cassian comentou também observando o túmulo. ― E a única que me derrotou em qualquer luta.
― Ana chutava nossa bunda de qualquer forma, era impossível ganhar dela. ― Azriel comentou falando mais do que Feyre já tinha ouvido. ― Conseguia acabar comigo e Cassian em poucos minutos.
― Por isso eu nunca tentei, essa humilhação eu jamais passei. ― Rhysand deu de ombros.
"Ana morreu aqui quando todos achávamos que ela estava protegida e por isso é a única que não permanece aqui nesse túmulo." Rhysand compartilhou aquela informação pelo laço.
"E onde ela está agora?" "Em um lugar onde ninguém a incomodará durante seu descanso eterno e nem mesmo eu a verei novamente." A Archeron pode sentir o pesar na voz de Rhysand e o abraçou.
― Podemos contar que você... ― Cassian ainda tentou perguntar.
― Não. ― Azriel prontamente o negou vendo o outro illyriano se aproximando dos túmulos para rezar e Rhysand acompanhou o amigo.
Feyre se aproximou do encantador de sombras observando que elas teimavam em não lhe esconder como ele queria.
"Traidoras." Disse para elas e pode ouvir que todas riam ao redor de si.
― Eu a amei por muito tempo. ― Azriel comentou quando Feyre o encarou pela terceira vez em poucos segundos. ― Não sei quando começou e talvez podia ser pelo fato de que Ana foi quem segurou minhas mãos enquanto o óleo queimava e usou o próprio corpo para apagar já que água iria piorar tudo, ela surrou meus meio irmãos e minha madrasta, ela também me ajudou a conseguir uma casa para minha mãe e fez com que ela tivesse amigas aqui e então eu passei a amá-la sem perceber.
― Ela fez muito por você, isso é muito inspirador. ― Feyre sorriu fraco.
― Ela fez muito por Cassian também, talvez uma hora ele lhe conte tudo que ela fez por ele... Mas, a morte de Ana me doerá para sempre. ― Azriel não escondeu sua expressão triste. ― Me dói até hoje saber que eu fui o último a vê-la com vida.
― Sinto muito. ― A Archeron não evitou sua expressão de pesar.
― Vamos indo. ― Rhysand comentou enquanto se afastava do túmulo.
― Eu os alcanço depois. ― Azriel já estava longe da moça.
"Ele prefere fazer isso sozinho." O grão senhor respondeu a parceira quando notou a expressão de confusão em seu rosto.
E enquanto voava junto de Rhysand ela conseguiu ver o espião da corte se ajoelhando em frente ao túmulo e cruzando as mãos para rezar pela mulher que amou por tanto tempo.
― Vocês seriam cunhados. ― Feyre acabou soltando a frase enquanto voavam e Rhysand riu de forma fraca.
― Sim, seríamos... Mas, Ana já tinha um namorado muito mais velho que Azriel então ele já tinha perdido essa disputa. ― Rhysand não o havia mais visto após a morte de Amarantha e quando ele entregou um pouco de seu poder para Feyre. ― Nós o veremos na semana que vem, verá com seus olhos quem era o amor de minha irmã.
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