Capítulo 98

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Capítulo 98 ― Noventa e oito.

Anastácia discovers that she has died.

― Eu não acredito, não acredito que você está mesmo aqui. ― Rhysand respirou fundo tentando cessar seu choro e se afastou um pouco para encará-la. ― Minha irmã mais velha. ― Acariciou seu rosto.

― Eu mesma. ― Ana assentiu. ― Por qual motivo você não está acreditando?

― Você estava morta. ― Amren disse antes que alguém pudesse impedir e deu de ombros quando Feyre e Cassian a repreenderam.

Até mesmo Nestha balançou a cabeça e revirou os olhos quando ouviu a ex demônio.

Rhysand também lhe deu um olhar mortal e sentiu desejo de ter o poder de fritar os miolos da imediata de sua corte.

― Que porra aconteceu com você? Está tão fraca que está alucinando coisas? ― Anastácia a analisou por alguns segundos.

Diante de seus olhos prateados acabou pensando na última memória que tinha, lembrando que estava andando pela floresta e uma flecha acertou uma de suas asas, ainda estava confusa com o que havia acontecido... Mas, tinha certeza que alguém havia enfiado a mão dentro de seu peito.

― Não! ― A voz embargada dela atraiu a atenção do irmão. ― Eu não morri, não morreria tão fácil... Eu passei pela grande guerra e quase tive minhas asas estraçalhadas, sobrevivi e não iria morrer sem ser em batalha.

Os olhos violetas estavam marejados, mas o mais novo pode perceber quando a raiva passou a dominá-los e as janelas trincaram.

― Não, você está errada. ― Anastácia negou. ― Eu não morri. ― Ela bufou e os sifões em suas mãos se materializaram. ― Não, você está mentindo Amren. ― A voz saiu raivosa e as sombras dançaram por seu corpo.

― Estou mesmo? ― Amren não fraquejou mesmo sem saber o que aconteceria se a illyriana mostrasse seu poder.

― Minha irmã, ei... ― Rhysand podia imaginar a irritação dela no ambiente e notou suas mãos trêmulas.

Com um grito de ódio sabia que Anastácia podia botar a casa abaixo e todos os móveis sentiriam sua raiva junto de quem estivesse ali dentro.

― Olhe nos meus olhos, vamos conversar melhor. ― Rhysand segurou contra seu rosto e atraiu a atenção dela.

― Eu lhe deixei sozinho? ― Foi à primeira pergunta dela quando encarou os olhos do irmão iguais aos seus.

Anastácia segurou contra a jaqueta de couro do irmão querendo que lhe negasse sua pergunta, mas o grão senhor se recusou a respondê-la voltando a chorar por conta do poder dela o manipulando. As lágrimas dos dois caíram ao mesmo tempo de seus olhos e ele conseguiu sentir o desespero dela e a tristeza que surgia.

― Eu sinto muito. ― Anastácia soluçou se entregando ao próprio choro. ― Me perdoe, por favor... Eu não queria falhar com você. 

Rhysand empurrou uma mecha do cabelo dela para trás da orelha e aproveitou o toque para fazer com que a própria irmã dormisse e ele a segurou evitando sua queda. Segurou seu corpo a abraçando por alguns instantes antes de pegá-la no colo.

― Não tinha o direito de revelar isso para ela, não deveria ter dito desse jeito. ― Foi a primeira coisa que ele disse para Amren.

― Ora, não há jeito para dizer que alguém voltou dos mortos, isso se for ela mesma. ― A imediata da corte também estava desconfiada e Rhysand preferiu não lhe escutar.

― Eu vou descobrir isso. ― Ele se afastou disposto a levar a irmã para o quarto que ela tinha ali.

Foram raros os momentos que Anastácia tinha ficado naquele outro cômodo, mas ele era quase idêntico ao quarto que tinha na casa dos Ventos e ele a colocou com cuidado na cama ajeitando os travesseiros para que ela pudesse descansar melhor. Acariciou seu rosto por alguns segundos percebendo que ela tinha a respiração tranquila naquele instante e sentou ao seu lado no colchão.

Quando notou que a mente de Ana estava com seu escudo abaixado, usou seu poder daemati enquanto segurava uma das mãos dela contra seu próprio peito e então sua visão se misturou com a dela podendo enxergar a memória que Anastácia mais estava focando desde seu despertar.

"Será que nos acertaremos hoje? A surpresa do jantar seria eu cozinhando, mas talvez as coisas possam mudar."

Sentia a ansiedade começando a dominar o corpo da irmã enquanto ela andava tentando se distrair por alguns instantes. Rhysand estava com os olhos fechados e franziu o cenho quando conseguiu sentir o corpo dela passando por uma barreira mágica que se disfarçava com a serração vista naquele dia. As sombras dela caíram bruscamente ao seu lado por conta daquele contato e sentiu sua irmã ficando assustada sem entender o que estava acontecendo.

Apertou os dedos dela de leve quando sentiu que algo estava errado. Abriu os olhos por alguns instantes e continuou a encará-la quando lhe ouviu gritar e balançou a cabeça ao perceber como tinha sido possível que não percebesse aquilo acontecendo em seu território.

Os fechou a tempo de ver uma flecha atingindo a asa de Anastácia como a primeira havia feito, pode perceber o choque dela quando encarou algo que não conseguiu ver mesmo sendo através da memória dela e ofegou quando ele pode experimentar o mínimo da sensação que ela teve ao ter seu tórax invadido e o coração segurado.

Rhysand deixou de usar seu poder quando a irmã colocou sua mão livre por cima da dele e ele pode perceber ela fechando sua parede mental como ela tinha feito quando viva exatamente da mesma forma.

― Então foi isso que aconteceu... ― Anastácia murmurou e sua voz falhou, ela logo ergueu seu corpo quando teve uma forte crise de tosse.

E Rhysand lhe deu um copo com água que Ana logo terminou de beber em segundos fazendo com que ele repetisse o processo até que sua tosse fosse cessando enquanto sentia suas costas doendo levemente ao respirar fundo.

Sentia como se tivesse ficado sem água por muito tempo e a boca tinha deixado de ficar seca.

― Por quanto tempo? ― Anastácia indagou ao irmão após ele continuar ao seu lado mesmo em silêncio enquanto tomava água.

― Você ainda precisa descansar e tentar dormir, minha irmã. ― Rhysand ainda tentou evitar lhe responder, mas a moça segurou a coberta quando ele tentou puxá-la.

― Quanto tempo?!

― Um dia depois do seu aniversário fez exatamente cinquenta anos. ― Rhysand sentiu dor ao dizer aquela frase.

― Eu não acredito... ― Anastácia deixou de segurar seu choro. ― Por que?

O irmão se aproximou para abraçá-la e as lágrimas escaparam por seus olhos enquanto ouvia a mais velha chorando em seus braços e ele lhe apertava com força desejando que pudesse tirar sua dor como ela conseguia fazer consigo.

― Eu vou descobrir tudo que aconteceu e quem fez isso. ― Rhysand esfregou suas costas. ― Durma mais um pouco, por favor. ― Usou seu poder para que ela descansasse em seus braços antes de voltar a deitar seu corpo observando seu rosto molhado pela água de seus olhos e limpou com um lenço que tinha no bolso interno de sua jaqueta.

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Anastácia começou a despertar parecendo seguir sua rotina como sempre tinha sido já que abriu os olhos minutos antes dos primeiros raios de sol passarem pelas frestas da janela que o irmão tinha deixado aberta para si, trazendo a brisa do início da manhã enquanto ela se levantava e reparou na camisola que estava usando.

Reconheceu o tecido dado pela prima como presente e pensou nela lembrando que não havia a visto quando voltou apesar de ter visto rostos que nunca tinha visto antes e deixou um suspiro escapar quando se lembrou de sua morte por meio século.

Tirou aquela roupa quando entrou no banheiro e se afastou para que pudesse se observar melhor no espelho vendo que não havia nada de errado consigo. As mesmas cicatrizes estavam no lugar até mesmo em suas asas quando as sombras se afastaram e focou em seus seios antes de chegar na região do colo procurando por alguma cicatriz no peito e algo que a lembrasse que seu coração tinha sido arrancado.

Ao reparar que a tatuagem feito pelo acordo que fez com seu irmão tinha desaparecido, engoliu com dificuldade. 

Se virou para observar suas costas vendo que na região havia as mesmas marcas de sempre.

― Até meus seios estão iguais como antes. ― Resmungou jogando seu cabelo para trás e se observando no espelho uma última vez antes de ir logo para o chuveiro desejando tomar um banho longo.

Seu plano acabou sendo frustrado já que voltou a sentir dor nas pernas e preferiu encurtar aquele momento em que sentia a água por seu corpo novamente, as sombras lhe ajudaram com as toalhas e Ana se aproximou do armário quando reparou na peça rosa que estava para fora de uma das portas e revirou os olhos quando viu vários vestidos coloridos e de diversos tamanhos.

As sombras seguravam sua toalha enquanto ela se esticava para pegar seu uniforme e precisou se apoiar na porta quando sentiu uma das pernas falhando novamente.

"Talvez seja falta de comida!" Suas meninas sugeriram para si após ela ouvir que resmungavam entre si.

― Oh sim, eu não como há cinquenta anos. ― Anastácia concordou e tentou vestir seu uniforme de forma rápida após secar seu cabelo com a toalha e jogá-lo para suas costas mesmo sentindo os fios molhados.

Fechou a porta de seu quarto e imaginou que estivesse sozinha ali já que o irmão devia ficar mais na casa do Vento e presumia que os illyrianos quando estivessem em Velaris faziam a mesma coisa, então não estranhou quando tudo estava silencioso enquanto o dia amanhecia.

Voltou sua atenção para a escada quando pulou um degrau sem perceber e escorregou conseguindo parar antes que descesse mais alguns degraus sentindo sua bunda sofrendo aquele baque e precisou levitar até chegar ao final dela logo levando as mãos até os joelhos.

― Eu preciso mesmo comer. ― Ana resmungou antes de seguir seu caminho pela cozinha.

Deixou um ofego escapar e sentiu sua barriga roncar como mal lembrava quando notou a mesa farta de café da manhã que lhe esperava inclusive com um copo cheio de ovos crus para tomar, tudo parecia tão delicioso que acabou fazendo sua boca salivar enquanto se aproximava.

― Obrigada, irmão. ― A casa não era mágica e sabia que ele tinha relação com toda a comida posta, se sentou com uma leve dificuldade e tentou decidir o que comeria.

Quando tomou seu copo com ovos pôde sentir a presença de outras pessoas na casa e deu de ombros caso quisessem falar consigo, ela estaria muito ocupada repondo toda sua energia perdida.

Era melhor estar de barriga cheia para investigar o que havia acontecido consigo. 

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A Court Of Loss And Love (Helion)Onde histórias criam vida. Descubra agora