AVISO::::: CAPÍTULO COM CENAS DE VIOLÊNCIA E SANGUE, NÃO LEIA SE FOR SENSÍVEL!
Capítulo 72 ― Setenta e dois.
Anastácia shows the birth of the court of dreams.
Helion tentava não focar sua atenção nos illyrianos enquanto a comida era colocada na mesa e assentiu para Dani de forma discreta, ela entendeu que deveria colocar as velas aromáticas pelo corredor e assim confundir o olfato deles.
― Então... ― Rhysand começou a dizer enquanto o grão senhor sentava na ponta da mesa oposto ao lado que ele estava. ― Eu vi a estátua que você fez para minha irmã.
― Ah, você viu? O que achou? ― Helion indagou um pouco curioso. ― Não é uma grande homenagem considerando tudo que ela fez, mas...
― É grande sim, deu para ver claramente. ― Rhysand foi irônico antes de tomar seu vinho e ele percebeu o singelo ciúme em seu tom de voz.
Podia quase voltar no tempo diante de seus olhos ao perceber que ele tinha a mesma desconfiança que Robert expôs quando Helion quis fazer mais pelo salvamento das asas de Ana.
― Ainda é o mínimo que posso fazer por ela.
― Parece que você faria muito por ela. ― Azriel não evitou seu comentário e Cassian o encarou tentando presumir o que seu irmão poderia fazer naquele momento.
Pelo olhar do encantador de sombras podia sentir que ele estava fuzilando o grão senhor somente por encará-lo.
― Eu lamberia o chão que ela pisa se assim ela pedisse, não consigo evitar. ― Helion sorriu sendo extremamente sincero sem se controlar.
― Muito por alguém que o salvou. ― Rhysand ainda estava desconfiado e viu quando o outro grão senhor assumiu uma séria expressão em seu rosto.
Era a primeira vez que ele ficava sério daquela forma desde que tinham chegado na corte Diurna.
― Sua irmã e eu estávamos juntos na Grande Guerra quando os hybernianos nos encontraram, eu não consegui senti-los enquanto apontavam suas flechas na minha direção e Ana quis subir em uma árvore para ver se estávamos muito distantes da última batalha que se desenhava ali... ― Helion começou a dizer brincando com o líquido avermelhado em sua taça. ― Infelizmente se tornou um alvo para eles e todas as flechas atingiram seu corpo e suas asas, quando a levei para dentro de uma caverna, ela queria que eu prometesse que a mataria se ela não pudesse voar novamente. ― Ele engoliu a seco.
― Nenhum illyriano quer perder as asas. ― Cassian murmurou desconfortável ao ouvir aquela história. ― É a pior coisa que pode acontecer.
Nem mesmo Rhysand sabia direito o que havia acontecido com a própria irmã durante o final daquela guerra. Sabia apenas que ela tinha sido ferida nas asas e tinha ido para a corte Diurna para receber um tratamento melhor enquanto não tivesse condições de atravessar e voltar para casa, conforme os anos foram passando após aquele acontecimento, Ana dava apenas respostas vagas quando era perguntada sobre e gostava de focar em sua vitória e sobrevivência.
― Eu arranquei cada flecha do corpo dela e também de suas asas, Anastácia não gritou em momento algum mesmo com aquela dor extrema. ― Helion respirou fundo, doía relembrar o que sua parceira tinha passado. ― Quando eu a trouxe para minha corte, entendi que os ferimentos dela não cicatrizavam por toda a dor que ela pegou daqueles que via morrendo, já estavam numa guerra e ela não queria que sofressem mais... Não fiz aquela estátua somente por sua irmã ter me salvado, ela também salvou a muitos outros mesmo na morte.
― Minha irmã é incrível. ― Rhysand comentou e deixou um suspiro escapar. ― Mesmo que ela não me conte seus feitos.
― Ela se lembra daqueles que morreram nos braços dela, por isso não comenta sobre isso, deseja que eles continuem descansando em paz. ― Helion conseguiu lhe responder, mas engoliu a seco quando notou que havia falado demais.
― Vocês realmente estão bem próximos. ― Rhysand voltou a falar sobre, já não disfarçava mais seu ciúme em relação a irmã.
O jantar ficou com um clima pesado e as empregadas que observavam da porta da cozinha abafaram suas risadas ao verem aquela cena.
― Ela ainda não lhe contou? ―Helion fingiu uma cara de preocupação e até mesmo suspirou. ― Já faz anos, achei que você sabia.
― Do que? ― O grão senhor da Noturna indagou entre dentes.
― Eu não consegui negar, não consigo dizer não para ela e gosto do que estamos fazendo... ― O grão senhor do sol demonstrou medo. ― Não consegui evitar essa relação e também não conseguimos parar, é difícil depois que começa.
Rhysand já estava com a boca aberta e quase se erguendo a cadeira sem acreditar no que ouvia.
Eles estavam namorando?!
― Eu estou ensinando Anastácia a cozinhar. ― Helion revelou e respirou fundo. ― Ufa! Que alívio poder dizer isso em voz alta.
Cassian quase caiu da cadeira que estava sentado se não fosse Azriel o segurando por um dos ombros e ele balançou a cabeça antes de voltar a comer, era melhor ter focado em sua comida.
― Não estou entendendo. ― Rhysand tentou se acalmar.
― Sua irmã tem vindo à minha corte para que eu lhe ensine a cozinhar, ela tinha vergonha de botar fogo em algum lugar da corte Noturna e aqui posso ensiná-la sem que ela tenha medo. ― Helion sorriu. ― Ela está indo muito bem.
― Ah, entendi. ― O grão senhor da Noturna deixou um suspiro de alívio escapar, tinha levado um susto e era apenas um engano.
― O que pensaram? Que eu estava namorando Anastácia?
― Sim! ― Os três illyrianos responderam ao mesmo tempo.
― Illyrianas nunca foram de meu interesse, mas vocês por outro lado... ― Helion apoiou o rosto em das mãos. ― Minha cama sempre espera por vocês e também por Morrigan.
― Não, dispenso. ― Cassian prontamente negou.
― Terei fé que uma hora isso vai mudar. ― Helion não iria ceder e ficou satisfeito ao ver que tinham caído em seu plano.
― Aceitam mais vinho? ― Dani se aproximou. ― É bom para aguentar essas cantadas baratas dele, vão precisar. ― Sussurrou para os illyrianos.
― Eu ouvi o que você disse. ― Helion disse para a governanta.
― Eu não disse nada. ― Ela negou rapidamente. ― Aceitam?
Eles concordaram, precisavam beber um pouco depois de fortes emoções. Helion sorriu ao ver que estavam provando o vinho manipulado pelas ninfas para que o álcool fosse mais forte e torceu para que eles apagassem ao chegar nos quartos que tinham escolhido.
Helion pensou em Ana e desejou que ela estivesse bem. O laço estava quieto e ele não iria incomodá-la mesmo que a preocupação enchesse sua mente, desejava saber se a parceira estava bem e se seu plano seguia dando certo.
Pensou em pedir ajuda para que os espiões da corte observassem o que estava acontecendo, mas sabia que seria em vão já que ela tinha lhe contado que uma barreira seria erguida na corte dos pesadelos. Anastácia não queria que Rhysand soubesse do que ela estava fazendo e ele respeitaria sua decisão além de lhe dar total apoio.
Pelo menos o território inteiro da Noturna continuava calmo e silêncio, nada parecia surgir no horizonte para atrapalhar o plano de sua parceira.
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Ninguém conseguiu lutar contra elas mesmo que alguns tivessem a coragem para tal, tudo começou a desaparecer conforme o poder de Anastácia passava pelo salão os levando ao medo e enchendo seus corações com aquele sentimento de derrota. A espada que ganhou de Cassian se materializou em sua mão direita e ela correu a erguendo quando um homem veio em sua direção e junto de um grito a illyriana cortou sua cabeça em um golpe só a separando do resto do corpo.
A raiva que ela sentia também vinha sendo compartilhada para todas as outras enquanto a matança continuava, as paredes manchadas com esguichos de sangue e os gritos que tanto tinham assombrado aquele local estavam diminuindo conforme o tilintar das espadas seguia forte.
Todos que estavam dentro daquele cômodo pereceram sem chance alguma de fuga e mesmo que tentassem lutar contra o evidente destino que tinham, sabiam que era uma luta em que tinham perdido desde que Anastácia pisou sobre aquele palco agora destruído com tantos corpos que foram jogados sobre eles. As portas foram abertas quando o último homem ali parou de respirar e as illyrianas gritaram mais uma vez antes de correrem com suas armas em punham enquanto outras iam a frente seguindo voo.
― Cada escória desse local terá fim hoje e eles aprenderão sobre a dor que causaram enquanto morrem. ― Anastácia comentou quando todas sumiram. ― Você também irá junto delas, Mor, confiamos que todos vão seguir o conselho que você deu sobre ficar em casa com as portas trancadas essa noite.
― As poucas pessoas de bem que há nesta corte certamente vão seguir o que eu disse, mas os outros... ― Morrigan franziu o cenho quando viu uma mão segurando uma das pernas de sua prima.
― Sua vagabunda maldita. ― A voz de Keir era sôfrega e o sangue escorria por sua boca.
Ela havia o surrado por longos minutos pensando em todas as vezes que Keir tentou lhe bater desde quando era criança e ela o conheceu pela primeira vez, lembrou de quando visitava Morrigan e via seu corpo coberto por hematomas e o longo cabelo loiro cultivado desde a infância parecia ter sido feito para esconder todos os seus machucados, pensou nas vezes que Rhysand também apanhou dele enquanto Robert exigia que ele tentasse se impor e da única vez que aquele maldito tentou erguer sua mão para atingir Anelise e a illyriana o parou terminando por quebrar seus dedos pela audácia dele.
― Está bom o suficiente, Mor? ― Anastácia não reagiu enquanto Keir tentava arranhar suas pernas mesmo não tendo unhas para aquilo. ― Está como você ficou?
Morrigan ofegou e chegou a entreabrir a boca ao entender o motivo de Anastácia ter surrado somente Keir daquela forma enquanto os outros todos ela executou sem demorar mais que um minuto em cada morte, mas ele seria diferente.
Com ele tinha que ser diferente.
― Sim. ― A loira a respondeu e Anastácia deu um chute contra o rosto de Keir o empurrando contra o chão novamente e pisando em sua face sem misericórdia.
― Sua maldita! ― Elas ouviram um grito de longe.
― Oh, conselheiro Robert. ― Morrigan foi irônica.
― Aqui. ― A illyriana entregou um pacote para a prima. ― Os pregos que tirei do seu corpo séculos atrás e conservados com meu ódio, use-os.
― Eu irei. ― Morrigan engoliu sua emoção e encarou o pai vendo seu olhar amedrontado.
― Você não fará nada. ― Keir prontamente afirmou já sem alguns dentes. ― É uma idiota medrosa, nunca terá coragem de fazer alguma coisa, nunca terá coragem de ser forte.
― Ela teve bons exemplos fortes e o seu amedrontado jamais será um deles. ― Anastácia estava séria e impunha medo ao estar coberta com o sangue de seus inimigos.
O conselheiro nada pôde fazer enquanto corria na direção das duas planejando golpear a illyriana com sua espada. Ana se abaixou e girou o corpo erguendo uma das mãos em questão de segundos e atravessando o tórax de seu inimigo.
― Eu sabia que chegaria o dia que eu mataria alguém com o mesmo nome dele. ― Ana sorriu fraco e encarou o homem vendo sua expressão de puro choque e dor. ― Eu sempre odiei todos os seus conselhos, era sempre o primeiro a falar e foi hoje o primeiro a se esconder achando que teria uma chance contra nós, era melhor que tivesse fugido.
Keir arregalou seu único olho aberto quando enxergou a sobrinha arrancando o coração daquele homem e o segurando por alguns instantes nas mãos antes de jogá-lo em qualquer lugar.
― Eu irei esperar por você. ― Anastácia refez seu penteado tentando amarrar os fios úmidos enquanto respirava fundo. ― Depois que acabar com Keir, vá para fora e eu me livrarei desse palácio horrendo.
― Espere! ― Ele ainda tentou gritar, mas Morrigan lhe calou com mais um chute terminando por quebrar seu nariz.
― Eu disse que você pagaria com juros, Keir, adeus. ― Anastácia fez uma leve referência antes de se virar.
Enquanto a illyriana andava pelo cômodo completamente destruído e ensanguentado até sair por ele, ela seguia ouvindo os gritos de todos que sofriam o castigo das mulheres dispostas a tudo para ver aquele povo livre. Os bordéis estavam sendo lavados com o líquido rubro e as próprias prostitutas tão exploradas também aproveitavam o momento para se vingarem, lavavam as próprias almas após tantos anos de estupros e violência, todos os homens pereciam.
E algumas mulheres também sofriam da mesma forma por terem os apoiado por tanto tempo, por terem virado as costas para suas irmãs e deixado que elas sofressem com seus egoísmos.
Anastácia respirou fundo enquanto ouvia as súplicas de Keir e procurou se acalmar quando começou a sentir seu corpo doendo por toda a raiva que seguia acumulada dentro de si enquanto remoía cada irritação que sentiu naquele lugar, todos riram de sua tristeza quando ela perdeu Anelise e todos debocharam dela. Ana sabia que em muitas reuniões que Rhysand tinha ali, eles gargalhavam da pequena illyriana e o irmão tinha que fingir que aquilo não lhe incomodava, mas ela nunca conseguiu disfarçar e prometeu para si mesma que cada um deles seria executado.
Cada um deles morreria por aquela audácia.
― É assim que se controla a corte dos pesadelos. ― Anastácia murmurou olhando uma das janelas e vendo o fogo atingindo um dos bordéis mais antigos daquele local.
Pensou em como seu corpo tinha ficado na corte Diurna logo após a perda de sua mãe e sua irmã, os sifões que agora estavam por seu corpo começaram a se desfazer pelo descontrole de seu poder. A janela que ela encarava trincou no instante em que desviou seu olhar dela e estourou quando a moça voltou a andar, todas as outras passaram a ter o mesmo destino.
A joia dourada contra sua nuca brilhava enquanto as rachaduras surgiram pelas paredes e ela não ouviu mais os gritos de Keir, apenas tinha certeza de que sua prima já tinha saído do palácio e então Anastácia gritou deixando todo seu ódio sair por meio daquele som gutural e extremamente raivoso até suas lágrimas transbordarem.
Aquele maldito lugar!
A verdadeira corte Noturna, aquela cidade escavada que tinha sido criada por tanto ódio e sadismo. Aquele palácio maldito cheio de riquezas que Keir exigiu ter para se acomodar como senhor da corte fingindo ser submisso ao grão senhor enquanto planejava derrubá-lo. Anastácia sabia sobre os tesouros que ele escondia de Robert e também de Rhysand, por isso a sala onde o uroburo estava guardado seria a única coisa que manteria intacta enquanto o palácio começava a cair sobre seus pés.
Os quadros caiam sobre o chão, os vasos e tudo parecia se desfazer seguindo seu poder dourado enquanto Ana também liberava seu choro e toda sua dor.
Helion engoliu a seco e lutava para seguir forçando a comida dentro de sua boca enquanto ouvia os gritos de Anastácia sentindo o peso doloroso que ela vinha carregando e cultivando dentro de si por tanto tempo para conseguir acabar com a moradia dos pesadelos naquela corte.
Era o último resquício do luto dela que ela forçou a mantê-lo desde o instante que Keir debochou de si durante a coroação de Rhysand, ela jurou que ele pagaria por aquele seu sofrimento e manteve aquela promessa em seu íntimo por todos aqueles anos. Morrigan observava de longe junto das outras illyrianas vendo que os escombros do palácio se desfaziam ao toque do vento até sumirem completamente em alguns segundos.
Anastácia passou pelo portão antes dele quebrar e se partir em vários pedaços enquanto seguia na direção de sua prima passando por algumas pedras.
― Vai manter aquela parte? ― Morrigan reconheceu uma coluna intacta quando a fumaça sumiu.
― Nós temos que mantê-la, a corte dos pesadelos não sumiu para o lado de fora daqui, daremos um jeito para que seja a única coisa sobre ela e a mudaremos ao mesmo tempo. ― Anastácia observou a barreira que seguia erguida. ― Mas, todos aqueles malditos tiveram o que mereceram e aquilo nunca vai prosperar novamente.
― O que faremos agora? ― Madison indagou.
― Quem ainda tiver forças... ― Ana deixou um suspiro escapar. ― Hora de iniciar a limpeza física.
― Ainda temos dois dias e meio até que Rhysand volte. ― Morrigan comentou quando se aproximou da prima. ― Dará tempo de arrumar tudo. ― Ela afirmou.
Anastácia reparou que o dia lentamente começava a amanhecer e pelo poder da barreira e sua luminosidade o primeiro raio de sol que entrou em contato com ela fez com que a estrela solar atingisse o solo da cidade escavada.
Era tão difícil para que o sol chegasse ali e agora aquilo estava acontecendo, Ana deixou que seu poder flutuasse entre o chão aumentando o brilho dourado e ela reparou nas pessoas mirradas que saiam de casas quase aos pedaços, a população fraca daquele local enquanto os ricos pegavam seu dinheiro e usufruíram deixando migalhas para as pessoas mais necessitadas.
Percebeu que muitos carregavam objetos usados em limpezas, baldas, esfregões, panos. Todos seguiam em silêncio, mas ela podia ver pelos olhares que estavam agradecidos apesar do choque que sentiam, talvez demorassem a entender que aquilo tinha mesmo acabado.
Anastácia tentou limpar o próprio rosto com um pouco de água, mas o cheiro de sangue não sairia tão facilmente dela, porém a dor em seu corpo não existia mais e seu coração estava em paz após os últimos acontecimentos e sabia que muitas illyrianas estavam da mesma forma também.
Até mesmo illyrianos que tentaram se esconder não escaparam da fúria delas, todas foram contaminadas pela cólera que Anastácia tinha dentro de seu peito.
― Mor. ― Anastácia chamou pela prima quando terminou de esfregar o chão.
― O que? ― A mais nova ajeitou o pano sujo contra um dos ombros e finalmente reparou que os moradores daquele local estavam chocados por vê-la daquela forma.
O cabelo quase solto já que se desprendia do fino elástico mostrando o quão descabelada estava, a roupa suja e rasgada enquanto se concentrava para limpar o sangue dali desejando que eles nunca mais passassem por aquilo. As illyrianas pararam com a limpeza quando notaram que Anastácia fez aquela ação e também passaram a encarar a loira a deixando nervosa, mas ela se controlou.
― Eu peço perdão por ter demorado tanto tempo a fazer alguma coisa. ― Morrigan começou a dizer, a voz alta seguia intacta apesar dos gritos durante aquela madrugada tão agitada. ― Perdão por tudo que passaram e pelo que sofreram, além de pedir perdão por aqueles que não estão mais aqui, eu prometo que essa foi a última vez que todos passaram por algo assim e isso jamais irá se repetir.
A illyriana tinha um sorriso nos lábios enquanto passava seu olhar pelas pessoas vendo que todas tinham uma leve expressão no rosto, a emoção tomava conta de todos junto do alivio enquanto o sol seguia iluminando aquela cidade encrustada numa montanha.
― A dor está indo embora junto com o vento e eu aprenderei junto com vocês se assim me permitirem. ― Morrigan abaixou sua cabeça se curvando de leve.
― Saudações para Morrigan, a terceira no comando da corte Noturna e a senhora da corte dos sonhos! ― Anastácia gritou usando o pouco de voz que ainda tinha e surpreendendo a prima. ― Vida longa a rainha dos sonhos!
― Saudações para Morrigan, uma sonhadora nascida em meio a pesadelos. ― Madison ergueu sua espada e outras illyrianas fizeram o mesmo em sinal de respeito.
― Vida longa a nossa rainha. ― A população também gritou deixando a loira com os olhos cheios de água e extremamente agradecida por aquele apoio.
― Os sonhos venceram! ― Anastácia gritou com a voz falhando e bateu palmas enquanto os esfregões iam ao chão para que abraços pudessem ser trocados enquanto a comemoração seguia.
Madison se aproximou da loira e surpreendeu Morrigan com um forte e confortável abraço.
― É agora. ― Madeleine chegou ao lado da outra illyriana.
― Nós conseguimos! ― Anastácia lhe abraçou e a moça tentou desviar do toque para que pudesse observar melhor a cena a alguns metros de si, a gêmea não se assustou quando foi pega no colo e apenas apoiou as mãos contra os ombros da outra enquanto ela seguia andando consigo nos braços.
Anastácia girou com a amiga nos braços sem esconder sua felicidade.
― Obrigada por sua ajuda. ― Morrigan agradeceu a general quando o abraço delas teve fim e acabou encarando os lábios dela quando sentindo seu coração acelerar.
― Você também pode ficar se quiser, Maddie. ― Anastácia comentou quando se aproximou e colocou Madeleine no chão. ― Há algumas illyrianas que vão ficar conosco para continuar a limpeza e creio que muitas delas ficarão por aqui de forma definitiva.
― O que é muito bem vindo, agora temos bastante lugares vagos. ― A loira comentou com uma leve careta. ― Você pode ficar se quiser, general. ― Tentou encarar a outra moça por alguns segundos, mas não conseguiu e logo desviou seu olhar.
― Eu sei que as illyrianas que ficarão vão cuidar muito bem dessa corte e também farão a segurança dela, obrigada pela oferta. ― Madison se curvou de leve. ― Mas, creio que terá muito o que fazer ainda Mor e enquanto sua prima lhe dar apoio, eu voltarei junto das outras que quiserem.
― Não! ― Madeleine rugiu, mas Ana passou uma das mãos contra seus ombros tentando acalmar aquela pequena fera exausta.
― Como você preferir. ― Anastácia concordou mesmo reparando na leve tristeza de sua prima. ― Vamos iniciar as viagens de volta após a limpeza, ainda bem que trouxemos coisas para comer.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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A Court Of Loss And Love (Helion)
FanficACOTAR Anastácia não almejava muito em sua vida desde que tinha nascido apesar de ter sido a herdeira direta da corte por anos até o nascimento de seu irmão. Ela não almejava encontrar um amor fora do território illyriano e conseguir encontrar uma f...