Capítulo 95 ― Noventa e cinco.
Madison discovers that Ana was never there.
Quando a guerra finalmente teve fim com a vitória deles e a morte do rei de Hybern pelas mãos de sua cunhada transformada em grã féerica, Rhysand cumpriu a promessa de ir ver Helion assim que as coisas se acalmassem.
Mesmo que estivesse ainda requerendo cuidados após ter sido morto e ter voltado a vida, ele preferiu ir logo ver aquele que tinha sido seu cunhado por muito tempo sem que soubesse.
― Beba a água fervida dessa erva e seus músculos vão conseguir se recuperar mais rápido. ― Helion alcançou o frasco com as folhas secas. ― O gosto é horrível, mas valerá a pena.
― Obrigado. ― Rhysand assentiu sentando ao seu lado.
― Você deve voltar logo para a corte, creio que Feyre vai sentir sua falta. ― Helion sorriu. ― Imagino que ela esteja mais grudada com você agora que voltou e está quase recuperado.
― Sim... Apesar dessa diferença enorme de idades que temos. ― O grão senhor da noite demonstrou sua insegurança. ― Me incomoda quando penso que estou a atrasando ou impedindo de conhecer coisas novas pelo laço de parceria, talvez ela tenha uma vida que nunca imaginou para si e não posso voltar atrás nisso.
Helion se viu em Rhysand por alguns instantes e pensou na primeira vez que terminou com Anastácia logo após ela ter conseguido se recuperar quando a Grande Guerra tinha tido fim.
― Eu terminei com sua irmã quando pensei que estava a impedindo de fazer o que quisesse, ela era muito jovem na época em que descobrimos que éramos parceiros e achei que assim ela ficaria livre para aproveitar a vida sem minha sombra por perto. ― Helion começou a dizer e Rhysand não escondeu sua surpresa enquanto o ouvia atentamente. ― Ana respeitou minha decisão quando disse que não iria me envolver com ela por ser tão jovem, ela sabia que eu estava cometendo um erro e preferiu respeitar minha decisão do que evitar aquilo, foi a primeira vez que a fiz chorar e mesmo assim ela dizia que estava tudo bem.
― Ana... ― Rhysand balançou a cabeça.
Quando morreu, mesmo que fosse por poucos segundos, desejou do fundo de seu coração que pudesse reencontrar suas irmãs novamente, mesmo que fosse por pouco tempo, desejava apenas ver como as duas estavam depois de tanto tempo em meio a dor, ao luto e a saudade.
― Nunca vou esquecer a sensação que tive quando eu voltei para os braços dela quando ela me aceitou novamente, implorei seu perdão por ter cometido aquele erro tão bobo e ela me aceitou com um sorriso nos lábios... ― Helion deixou um suspiro escapar. ― Ouça meu conselho e não repita o mesmo erro, aproveite cada momento junto de sua parceira.
― Você está certo, vou seguir seu conselho. ― Rhysand prontamente concordou com ele.
― Ótimo. ― Helion se levantou. ― Separei mais algumas coisas para que leve.
― Essa mala toda? ― O mestiço percebeu que ela parecia explodir por conta dos itens dentro dela.
― Você comentou a situação de suas cunhadas e talvez isso as ajude, coloquei algumas na comida e vão fortalecê-las física e mentalmente também, principalmente a que matou o rei de Hybern e sofre com o que parece ser clarividência. ― Helion ajeitou a mala para que continuasse fechada.
― Uau, obrigado.
― Disponha, preciso comentar com você... Eu sonhei com suas irmãs essa noite. ― Helion o revelou.
― Com as duas? ― Rhysand não escondeu sua surpresa, mas ficou feliz com o que havia ouvido.
Pelo menos alguém estava conseguindo ter sonhos com elas.
― No sonho que tive, reconheci Anelise correndo e rindo bastante enquanto Ana a seguiu. ― O grão senhor do dia tinha um sorriso nos lábios, mas ele logo desapareceu. ― Quando Ana me olhou, eu vi ele se transformando e pude ver um olhar magoado e muito triste vindo dela... Esse era meu maior medo, sabe? Que Ana tivesse morrido magoada comigo tão profundamente que ela sofresse com isso após a morte.
― Não pense assim, apesar de tudo que aconteceu, acho que o que você vinha fazendo por Ana com aquele feitiço focando em seu descanso ajudou que ela conseguisse passar para o outro lado sem dor e mágoas pelo que aconteceu. ― Rhysand expôs sua opinião. ― Acho que se ela pode reencontrar Anelise como você viu em seu sonho, é ainda melhor para que ela fique bem e consiga ter seu descanso eterno.
― Você está certo. ― Helion respirou fundo. ― Também lhe agradeço pela ajuda.
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As illyrianas terminaram sua reza e logo focaram em seus afazeres.
Era assim desde que todas souberam que o corpo de Anastácia estava ali no mausoléu que tinham construído com uma estátua em homenagem a ela. Quando Madison chegou com seu corpo naquela noite, foi algo de muito sofrimento para todas e de muita dor também, mas não fraquejaram e demonstraram disposição para que Ana pudesse ter um enterro digno e também pudesse ficar protegida.
Madeleine nunca mais havia voltado.
Ela tentava pensar que a irmã tinha esquecido da ilha de propósito para que não sentisse mais tanto sofrimento ao pisar naquele território e saber que Ana jamais voltaria como desejavam. Ninguém tinha conseguido localizar Madeleine e ela esperava que a irmã estivesse bem apesar de não querer ser encontrada.
Nos primeiros meses e anos após a morte de Ana, o número de illyrianas que fugiam para a ilha tinha diminuído drasticamente enquanto ela seguia sendo protegida e um clima de paz conseguia beirar naquele território cercado pelo mar e pelo apoio dos espíritos. A general esperava que a princesa pudesse ser uma das almas que pudesse estar cuidando daquele lugar e o protegendo.
Porém, depois de quase cinquenta anos vendo apenas aquelas que tinham decidido ir embora e esquecer-se da ilha por vontade própria, Madison ficou surpresa quando passou a encontrar barcos à deriva perto da ilha pedindo por socorro e descobriu que a tradição de cortar as asas das fêmeas havia retornado.
Mais mulheres começaram a vir e até mesmo aquelas que tinham ido embora anos antes voltaram clamando por ajuda e socorro.
Sempre teriam lugar para mais fêmeas e todas seriam protegidas da mesma forma. Jesminda tinha deixado uma bela aprendiz e Isabela conseguia cuidar de todos jutos das plantas apesar dos poderes curativos não serem tão fortes como da ruiva.
Somente Madison sabia o motivo que tinha feito Jesminda ir embora e ficava feliz por ela. Tinha ouvido falar sobre a praga que tinha sequestrado todos os grãos senhores durante cinquenta anos e sabia que o homem que ela amava tinha sido uma vítima também.
Jamais esqueceria do quão aleatório havia sido quando ela conseguiu ver um homem ruivo caindo no mar próximo da ilha e as illyrianas o salvaram já que as águas estavam tempestuosas e a correnteza muito forte naquele dia, Jesminda reconheceu que era Lucien e acabou sentindo o laço de parceira quando o encontrou pela primeira vez depois de tantos séculos.
Lucien o sentiu quando acordou nos braços dela e Madison quase se emocionou quando pôde ver o abraço entre eles depois de tanto tempo.
Certamente a Mãe havia planejado aquele encontro e os espíritos abriram a única exceção para que um homem conseguisse pisar naquele território sem consequência alguma. Apesar da tristeza que sentiu quando percebeu que Jesminda iria embora ao saber que Beron estava morto e Lucien estava livre daquele tormento, ela ficou muito feliz por sua amiga.
Anastácia tinha razão quando aconselhou a ruiva a não desistir do sonho de que um dia ficaria junto de seu grande amor. Se separaram em meio ao medo e eram jovens demais para poderem ver o laço de parceria que os unia e Lucien o sentiu por acaso por poucos segundos enquanto estava na corte Diurna, mas sabia que era ela e sabia que não podia deixar Jesminda ir embora uma segunda vez agora tendo certeza de que ela ficaria segura e eles poderiam viver o amor que sempre tiveram um pelo outro.
Certamente que Ana estava abençoando a união dos dois.
Madison andou pela ilha procurando ver o que estava de errado após o mar ter ficado tranquilo e ofegou quando reparou que algumas nuvens lentamente começavam a sumir deixando a ilha mais visível.
Aquilo durou dias e acabou com o sono de Madison e de algumas illyrianas que também compunham o exército, que logo traçaram planos para se protegeram caso houvesse um ataque de invasores, o que não percebiam é que a ilha continuava invisível para os demais olhares e especialmente para os masculinos que conseguiam enxergar apenas nuvens e ouvir poucos sons que eram trazidos pelo vento.
As joias que havia no interior da ilha ainda seguiram servindo como armas para poderem usar e tinham melhorado seu arsenal conforme os anos passaram. Estavam bem armadas e protegidas independente do que estivesse vindo.
― Preparem-se. ― Madison instruiu seu grupo e todas se agacharam entre as folhas e ela conseguiu enxergar algumas illyrianas escondidas entre as árvores.
Nos últimos dois dias havia percebido que barcos rondavam a ilha e se preparavam para um possível ataque pensando que finalmente os illyrianos iam tentar fazer algo contra a ilha que jamais era vista. Todas diminuíram o ritmo de sua respiração quando a noite chegou e puderam ver quando os barcos atracaram na areia da praia, Madison ficou em alerta quando não ouviu os corações dos indivíduos batendo.
Logo puderam enxergar as asas mostrando que estavam certas quanto a identidade de seus invasores que falharam em ser sorrateiros como a noite. Madison deu o sinal com uma das mãos e logo eles foram atingidos por flechas que entraram em seus corpos, mas não pararam com suas ações.
Os olhares estavam desfocados enquanto seguiam andando em fila.
― Nenhum grunhido de dor. ― Madison resmungou. ― Vamos, agora!
Mais barcos vinham chegando e iniciaram seus ataques.
Atingiram os homens com espadas, adagas e todas suas armas possíveis, vendo que eles se desfaziam com seus toques.
― São de barro. ― Yeda apertou a cabeça de um até que seu rosto estourou lhe sujando com o pó. ― É barro! ― Ela gritou junto de outras atraindo a atenção.
― Mas que porra... ― A general resmungou arremessando um pequeno machado na direção de um deles e vendo que se desfaziam rapidamente.
Porém, o número deles parecia aumentar a cada instante enquanto lutavam contra aqueles illyrianos falsos.
Todos apesar de serem facilmente derrubados por elas ainda tentavam se arrastar para continuar alguma aproximação e logo seus corpos cediam se misturando a areia.
― É uma armadilha. ― Madison acabou adivinhado tarde demais.
Uma explosão que fez a ilha tremer mudou o foco delas e a general prendeu sua respiração quando ouviu gritos de illyrianas e pode ver que o mausoléu estava sendo atacado. Ele conseguiu ser destruído em segundos e os homens de barro pularam sobre elas, causando sustos e escalaram o local chegando até o teto que pegava fogo.
― Tirem ela de dentro! ― A general gritou correndo junto de outras moças.
Flechas atingiram os homens e mesmo assim não desistiam com as mulheres rapidamente entendendo que estavam atrás do corpo que estava ali dentro. Uma parte do mausoléu despencou e mesmo assim elas se arriscaram em busca de Anastácia.
Porém, em meio ao fogo um homem illyriano voo sem se preocupar com ele e elas enxergaram o caixão preto sendo levado.
― Não! ― Madison voou imediatamente junto de outras illyrianas e tentaram lutar.
Ela era mais veloz e conseguiu ir na frente segurando a perna do illyriano e a apertando com sua força até que o membro se desfizesse o atordoando antes de fincar uma adaga contra suas costas puxando suas asas e conseguindo pegar o caixão que estava aberto.
Não desviou de um illyriano que vinha ao seu encontro empurrando a madeira e soltando o corpo de Anastácia.
― Maldito! ― Madison conseguiu matá-lo e segurou a princesa enquanto o caixão era estraçalhado ao encostar no fogo, pelo seu tom vermelho podia ter certeza que ele era mágico.
Ela desceu rapidamente buscando abrigo no chão e reparou que os homens de barro pararam de aparecer e os barcos foram destruídos com as flechas que eles mesmos tinham atingido o mausoléu que já estava parcialmente destruído.
― A princesa?! ― Isabela se aproximou rapidamente sem ninguém perceber que o que o corpo segurava se desfez parcialmente como pó. ― Cadê ela?
― Estou com ela aqui. ― Madison se aproximou e ouviu ofegos e até mesmo alguns gritos. ― O que foi?
― A ponha no chão. ― Yeda também pediu sem esconder seu choque e a general seguiu sua fala.
Ela deixou um grito de dor escapar e segurou no rosto de sua irmã gêmea quando a reconheceu.
― Madeleine?! ― Ela não acreditou no que seus olhos viam. ― Não, minha irmã! ― Abraçou seu corpo.
― Onde Anastácia está? ― Era a pergunta que todos faziam e algumas tentaram voltar ao mausoléu quando o fogo conseguiu ser apagado.
Madison se afastou da irmã e todas se assustaram quando o corpo dela se alterou e voltou a ser o de Anastácia.
― O que é isso? ― Madison também se afastou sem conseguir entender o que estava acontecendo.
― Talvez... ― Isabela tentou analisar aquela situação. ― Ela tem alguma coisa de Anastácia.
― A mão fechada. ― A general percebeu e segurou nos dedos atrofiados tendo muita dificuldade para conseguir abri-los.
A mais nova segurou a mecha de cabelo que caiu da mão e percebeu que estava velha demais misturada ao pó e então a forma definitiva manteve a mesma de Madeleine.
― Pela Mãe... ― Yeda levou uma das mãos ao peito.
― Precisamos avisar ao grão senhor. ― Madison secou seus olhos. ― A princesa não estava aqui esse tempo todo, ela está desaparecida.
― Não entendo, Rhysand lhe alcançou esse corpo... ― Isabela também estava muito surpresa. ― Se esse não é o verdadeiro e Maddie está aqui, então....
― Talvez Ana esteja viva! ― A general ouviu aquela comentário e não reagiu. ― Sim, a Ana pode estar viva.
Logo todas começaram a pensar naquela hipótese enquanto ela tinha novamente o corpo da irmã nos braços.~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
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A Court Of Loss And Love (Helion)
FanfictionACOTAR Anastácia não almejava muito em sua vida desde que tinha nascido apesar de ter sido a herdeira direta da corte por anos até o nascimento de seu irmão. Ela não almejava encontrar um amor fora do território illyriano e conseguir encontrar uma f...