Capítulo 18

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5° DIA DE FOLGA

Havia acordado cedo para organizar tudo, já que Kaique chegaria pela tarde e iria ao aeroporto para buscá-lo e ir direto para o Maracanã. Dizendo ele, hoje seria um jogo diferente, iria com ele para o lado do Maracanã Mais junto com ele e a delegação, logo depois iríamos sair para jantar.

Ontem minha tia chegou pela madrugada, mas foi para um hotel e me avisou pela manhã enquanto limpava as coisas. Eu estava um pouco sozinha, então apenas fiz um café e fui para a varanda. Meus pensamentos giravam em torno do final de semana e as coisas que Gabriel havia falado para mim.

Pela tarde, fui até o aeroporto já arrumada para o jogo. Ao ver a comissão técnica, pude ver que todos estavam felizes da vida. Kaique, nem se fale, ele estava todo sorridente com a medalha no pescoço, assim que me viu pegou a medalha e colocou no meu pescoço.

– Isso aqui é para você, Victória! Parece que eu estou em um sonho – ele falou logo depois de me abraçar

– Eu vi a sua entrevista, mas saiba que o que você conseguiu, foi mérito seu. Você batalhou por isso aqui – seus olhos se encheram de lágrimas – não acredito que tu vais chorar na frente de todos os meninos

– Victória! Quanto tempo! – ouvi Nara vim na minha direção – está tudo bem com você? Vi que viu o jogo junto com o Gabriel – ela me olhou meio safadinha

– Como você sabe disso? – olhei surpresa para ela

– Então é verdade! – ela esticou a mão para o Kaique – me dá o dinheiro que eu ganhei a aposta – olhei para ela incrédula

– Não acredito que vocês apostaram isso! Vocês estavam sem nada para fazer? – ela apenas sorriu e Kaique ficou uma cara nada boa para mim

– Amanhã quero saber tudinho o que aconteceu, Victória – me assustou um pouco a forma que ele falou – ele é meu amigo, mas não quero você com ele

– Sim, senhor patrão. Mais alguma coisa que eu não posso fazer?

– Eu tô falando sério, Victória. Ele me contou as coisas que ele faz quando sai para festa e não quero que isso aconteça com você – respirei fundo

– Meu caro amigo, onde você viu que a Victória é uma mulher de ficar com alguém? Ela é para casar logo de cara. Ela não merece enrolação de vocês homens – eu e Nara rimos enquanto Kaique ficou meio sério

– Vamos mudar de assunto que ele é um ciumento – ele ajeitou a mochila na sua costa – como vai ser? A gente já vai direto para o maraca?

– A gente ainda não comeu nada desde o café, então eles queriam ir almoçar e ir para o maraca depois – concordei e ele ficou em silêncio

– Não fica assim, meu ciumentinho! Não aconteceu nada entre a gente. Tu sabes que eu priorizo meu trabalho e minha família, como eu iria jogar tudo isso no lixo? – ele ficou me olhando – qual é? Por que eu iria mentir para ti?

– Ela tem um ponto nisso – Nara olhou para ele e balançou a cabeça – relaxa, cara. Não tem o por que ficar assim

– Bora ir com o pessoal que se não vamos ficar para trás – falei e peguei no braço de Kaique, puxando ele junto comigo

Tudo o que foi planejado deu certo. Fomos a um restaurante perto do Maracanã e depois fomos para o estádio, cerca de duas horas antes do jogo, por conta de que eles tinham que tirar fotos, fazer entrevistas e mais algumas coisas. Eu e Nara ficamos esperando uma salinha com ar-condicionado, sala essa, que normalmente trabalhávamos assistindo o jogo por um vidro.

O jogo começou no horário marcado, às 21h30m. Eu e Nara ficamos perto da porta, pois era o único lugar que dava para assistir o jogo em pé naquele lugar. O jogo foi muito truncado, ambas as equipes pareciam estar com sede de gol, mas apenas uma equipe saiu vitoriosa e, essa, foi o flamengo. Com um gol de Arrascaeta e do Gabi a equipe conseguiu mais três pontos para casa, o que deu uma sensação de alívio.

– Hoje foi muito bom, sério! Amei ir no Maracanã Mais – falei ao estacionar o carro em frente a casa – obrigada por hoje de coração

– Eu queria ir para o jogo junto com vocês duas. O único lugar que eu poderia ir era lá – nós saímos do carro e fechei o mesmo – se eu fosse para a arquibancada poderia ter alguma coisa

– Sim, eu entendo. Gostei de lá, a única coisa ruim é que não podia ficar em pé, mas resolvi esse problema logo – abri a porta de casa e tomei o maior susto da minha vida – tia! O que a senhora está fazendo aqui?

– Onde vocês estavam até esse horário?

– Nós fomos para o Maracanã – Kaique falou seco – tudo bem com a senhora, mãe?

– Tudo bem, querido – ela se levantou do sofá e veio abraçar o seu filho – da próxima vez vê se vocês atendem o celular, caramba! – balancei a cabeça positivamente – eu achei umas latinhas de cerveja na geladeira e no lixo

– O que tem? Essas cervejas acabaram sobrando de ontem. Algumas tomei durante o jogo – expliquei e ela me olhava séria

– Você queria beber ou ficar bêbada? Tinha oito latinhas de cerveja no lixo e na geladeira tem mais seis

– Eu queria beber. Ontem foi o jogo da decisão do seu filho, eu estava nervosa por ele e... – ela respirou fundo

– E daí? O que beber todas tem haver com o jogo do Kaique? Me parece uma desculpa para virar uma alcoólatra – eu me contive para não soltar uma risada irônica

– Mãe! A senhora está passando dos limites com a Victória. Se a senhora for ficar para fazer essas coisas, eu peço que se retire e amanhã conversamos

– Você está me expulsando da sua casa? Não acredito que isso está acontecendo

– Mãe, a Victória está relaxando, assim como a senhora fazia quase todo o final de semana depois do trabalho exaustivo que tinha

– Mas ontem foi terça-feira e ela estava bebendo ao invés de trabalhar – ela me olhou brevemente

– A senhora não sabe o que está acontecendo aqui. Não chega com um carrão de cena sem saber das coisas. A Victória estava a dois meses sem saber o que era folga, então deixa ela curtir do jeito que ela quiser. Ela está na casa dela

– Casa dela? Quem comprou essa casa foi você!

– Não, quem participou de tudo dessa casa foi a Victória. Certo que com o meu dinheiro, mas quem viu tudo foi ela. Desde as decorações até os móveis. Tudo, tudo foi ela

– Eu também ajudei com…

– Por favor, para com isso – ele respirou fundo e foi até a porta – amanhã a gente conversa, eu estou cansado

– Não acredito que está me pedindo para sair. Victória?

– Tia, eu não posso fazer nada. A casa é do Kaique, ele que manda

Feitiço se virou contra a feiticeira. Ela ficou argumentando mais algumas coisas e foi embora.

Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora