Capítulo 10

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– O que devo a honra da ligação às duas da manhã, senhorita Nara? – ouvi um barulho alto de música, mas preferi tentar ignorar

Amiga, ainda bem que está acordada. Eu preciso de você no endereço que te mandei agora – fiquei um pouco preocupada com o seu tom de voz, então me endireitei no sofá – tá tudo certo comigo, mas preciso que venha para cá. É algo um pouco urgente e que vou precisar de você para uma missão

– Nara, o que você fez dessa vez? Ainda mais duas da manhã em uma balada? Você mexeu com o homem...

Vem logo, mulher! – Nara gritou e desligou o telefone

Eu estava extremamente preocupada, então sem ao menos trocar meu pijama, fui em direção ao balcão da cozinha, peguei as chaves do carro e saí de casa com pressa. A sorte é que não havia tanto trânsito no caminho, então deu para dar uma acelerada no carro, porém quando estava na metade do caminho pude perceber que o percurso era para uma balada que frequentavamos quase todos os finais de semana quando me mudei para o Rio de Janeiro. Ao chegar parei o carro perto da entrada onde tinha poucas pessoas, mas nenhuma delas era Nara, então liguei para ela

– Eu estou aqui na frente, cadê você? – falei assim que parei o carro e ela desligou – obrigada pela resposta, Nara

Fiquei na frente do local durante uns três minutos contados no relógio e, logo, vi Nara vim em direção ao carro junto com um homem que parecia um tanto bêbado. Com o intuito de ajudar minha amiga, saí do carro e fui em sua direção.

– Victória, leva ele para casa. Não dá para ele continuar aqui – sua fala estava arrastada, o que significava que ela estava começando a ficar bêbada – as meninas estão tudo se aproveitando dele. Para não piorar ou acontecer alguma coisa, é melhor ele ir para casa – olhei para o homem e era o Gabriel Barbosa

– Nara, você está de sacanagem com a minha cara, né? Você quer que eu leve ele para casa dele? – ela concordou – por que não ligou para o agente dele? O Fabinho?

– O Fabinho não atendeu a ligação. Se ele ficar aqui vai ser pior para a imagem dele. Ele vai te agradecer por isso mais tarde – cocei minha cabeça e respirei fundo – não pensa no seu trabalho agora. Para de ser egoísta, ajuda ele logo. Imagina se fosse o Kaique, não iria ajudar ele? – peguei o braço dele e Nara me ajudou a levá-lo até o carro

– Vou deixar ele e vou para casa. Cuidado com a bebida que eu não vou vim te buscar – ele sorriu e fez ‘ok’ com a mão – amanhã me manda mensagem quando acordar

– Pode deixar, vou fazer como sempre faço. Te ligar e mandar mensagem – ela deu meia volta e sem se despedir voltou para a festa

Olhei para Gabriel que estava sentado dormindo no banco do carona, fechei a porta do lado dele e entrei no carro, porém me lembrei que esqueci de colocar o cinto ele, então me apoiei no banco em que ele estava e estiquei meu braço para alcançar o cinto, peguei o mesmo e afivelei nele.

– Gabriel, você mora onde? – perguntei me ajeitando no banco e afivelando o cinto – Gabriel? – falei, mas sem ter resposta – isso vai ser difícil. Gabriel, onde você mora? – coloquei minha mão em seu ombro e sacudi de leve – Gabriel?

Acabei desistindo ao ver ele apenas se mexia um pouco e tentava se esforçar para falar. Como alguns fotógrafos estavam se aproximando do carro com um olhar um tanto curioso, acabei saindo com o carro e no meio do caminho percebi que o jeito era levá-lo para casa e colocá-lo para dormir no quarto de Kaique, já que eu não fazia ideia de onde poderia ser a casa dele. Dirigi com toda a calma do mundo até em casa para que Gabriel não vomitasse dentro do carro, já que algumas vezes ameaçou a fazer isso. Durante o caminho ouvi ele resmungar algumas vezes e lágrimas rolarem pelo seu rosto seco.

– Gabriel! Chegamos – olhei para o lado e ele continuava do mesmo jeito que havíamos deixado ele

Sai do carro e abri a porta de casa, voltei para o carro e tirei Gabriel com um pouco de dificuldade e o levei para dentro. Com muito esforço consegui colocá-lo na cama de Kaique e cobri o mesmo com um lençol e olhei para o seu rosto que tinha uma expressão de tristeza.

– O que tem de errado comigo? – ele falou baixo, mas pelo silêncio que se encontrava consegui ouvir – o que eu fiz?

Fiquei olhando um tempo para ele e, depois, fui até a cozinha pegar um copo de água e deixar na bancada que tinha perto da cama, caso ele tivesse sede durante a noite. Vendo que ainda havia lágrimas em seu rosto, eu me abaixei um pouco e limpei suas lágrimas, a expressão dele mudou completamente. Um sorriso meio bobo se formou em sua boca e ele segurou com delicadeza a minha mão.

– Isso só pode ser nuvens tocando meu rosto. Como é macia

Ele puxou meu braço e fiquei mais próxima de seu rosto. Eu conseguia sentir sua respiração. Meu coração estava cada vez mais acelerado, mas tinha que me manter firme, devagar fui tirando minha mão de sua. Fiquei olhando mais um pouco para seu rosto até ele realmente cair no sono e, então, me lembrei de ligar o ar-condicionado para que ele dormisse melhor. Fui até meu quarto e me deitei, o ar já estava ligado, havia deixado para ir gelando o ambiente, enquanto assistia o filme. Fiquei virando de um lado para o outro sem conseguir dormir, as palavras que ele pronunciou ficaram na minha cabeça e sua mudança de expressão também.

– Por quê estou com isso na cabeça? Aquilo não foi nada de mais – respirei fundo me sentando na cama

Tentei fazer de tudo para dormir, mas nada funcionava, meu coração ainda estava acelerado com aquilo tudo que tinha acontecido. Eu queria simplesmente dormir e acordar com tudo resolvido. Depois de muito tempo, enfim, consegui dormir…

Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora