Capítulo 52

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Estávamos há quatro minutos olhando para o pequeno pote de urina com o palitinho e torcendo para aquilo ser só uma maluquice da cabeça de Nara. Porém, nesse um minuto que restava para ficar pronto, havia passado pela minha cabeça que, sim, aquilo poderia acontecer, poderia ser real a possibilidade de eu estar gerando uma criança dentro de mim.

- Já está surgindo as linhas - nos aproximamos mais do pote e vimos subir - Victória...

Sim, havia duas linhas. Duas linhas que confirmavam a minha gravidez e eu estava sem acreditar. Olhei para Nara e vi seus lábios movimentarem, mas não conseguia associar as suas palavras. Eu estava aérea, como se tudo ao meu redor fosse um sonho.

- O que eu faço agora, Nara? - falei da forma mais devagar em toda a minha vida - isso só pode ser um sonho, isso não é real - fiquei olhando para o teste com a esperança que mudasse para uma linha

- Victória, calma, tá bem? A gente vai ter que fazer o teste de sangue - ela tirou o palitinho e jogou a urina fora - guarda isso com você. Vamos para o hotel, vou dar uma desculpa esfarrapada para o seu Luís para sairmos antes do tempo

- Não, você está com fome, passou o dia todo trabalhando sem comer nada - eu me apoiei na pia - vai comer um pouco e eu vou...

- Sozinha? Victória, você é minha amiga! Eu não vou deixar você sozinha por aí do jeito que você está. Eu vou com você, lá no hotel peço algo para mim - ela ficou me olhando e, logo depois, me abraçou - vai ficar tudo bem. Você sabe que tem a mim para contar e quero saber de tudo, quem é o pai dessa criança. Lá no hotel você me conta

- Está bem

...

O caminho todo foi um completo silêncio até o rádio que normalmente fica ligado do uber estava desligado ou em um volume muito baixo. Eu olhava atrás da janela com meus olhos marejando e um bando de pensamentos controlando a minha mente. Eu só queria que tudo fosse uma completa mentira ou um pesadelo intenso que ainda não tive coragem de acordar. Ao chegar no hotel, eu e Nara fomos andando pelos corredores do hotel e que avistei Gabriel e Pulgar vindo na nossa direção, o que me fez ficar com um receio de Nara contar a ele.

– Buenas noches, meninas – Pulgar olhou diretamente para Nara.com um grande sorriso no rosto e logo depois olhou para mim – le pasó algo? Ella esta pálida

– Ela passou mal com a comida do restaurante, daí viemos embora – olhei brevemente para Gabriel que estava com uma cara de preocupado

– Você quer ajuda para ir no quarto? – ele perguntou com uma voz meio rouca – posso te levar até lá. Você parece não estar muito legal e está muito pálida

– Eu estou bem, eu vou andando devagar até lá o quarto. Só estou assim, por que não estou comendo direito, só isso – não olhei na cara dele para falar – vamos, Nara. Eu preciso descansar um pouco para amanhã

– Claro. Vamos indo – ela segurou no meu braço e caminhamos até o quarto, onde logo fui sentar na cama – amiga, não precisa ficar assim – quando me dei conta estava chorando novamente

– Nara, eu não vou consegui. Eu não posso fazer isso. Isso é um pesadelo ou um engano, não pode ser – continuei a chorar – eu não quero contar para ele isso. Vai estragar a vida dele e a minha. Sabe o quanto vai ser difícil para mim e para ele? Hoje que o seu Luís me deu uma notícia muito boa do que eu queria para minha vida e isso acontece. Eu não posso...

– Victória, que isso? Se acalma, mulher. Não precisa ficar desse jeito, não – ela se sentou do meu lado e limpou minhas lágrimas – vamos fazer o seguinte, amanhã você surta com tudo que tem de direito, mas, agora, fica calma. Eu sei que é impossível isso

Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora