Depois da ligação e muita discussão do que poderia fazer a respeito da situação com o pessoal e tentar evitar uma briga com a minha tia, foi decidido que o Kaique iria passar a noite na casa de Gabriel e eu iria para casa depois de deixar ele lá. O relógio marca duas e meia da manhã quando chegamos a casa de Gabriel. Ele fez questão de ajudar Kaique a ir para o quarto e fiquei na sala esperando ele.
– Coloquei na cama – Gabriel falou andando na minha direção – não quer dormir aqui? É perigoso ir dirigindo sozinha esse horário
– Não quero causar mais incômodo do que já causei da última vez – ele deu um pequeno sorriso – o que foi? Eu fiz alguma coisa errada naquele dia?
– Tirando a parte que a senhorita acabou pegando uma bebida de um estranho. Você me agradeceu por existir, falou que a sua vida estava ficando colorida agora, e que antes era um completo cinza, além de cantar “eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci…”
– Você está de brincadeira comigo, não é? Eu não posso ter feito isso – ele começou a rir
– Você fez exatamente isso e depois dormiu – coloquei minha mão sob o rosto
– Não precisa ser tão detalhista agora. Nossa, desculpa por fazer você ouvir essas asneiras – dei um pequeno sorriso – nunca pensei que com 24 anos ia passar por isso como se fosse uma adolescente
– Eu acho que fiz pior com você naquele dia, não?
– Você não fez nada de mais. Só chorou um pouco e ficou falando algumas coisas que não me lembro agora ao certo – ele olhou para frente e encostou sua costa no sofá
– Não acredito que me viu chorar, mano. Nunca fiz isso na minha vida. Chorar na frente de mulher
– Acho que estamos kits com as vergonhas que passamos na frente um do outro – ele gargalhou e eu também – bom, eu vou precisar ir agora. Está tarde e tenho que chegar em casa
– Não quer mesmo dormir aqui? Está tarde para andar sozinha até a sua casa – ele ficou olhando para mim – sua tia vai desconfiar se você chegar lá sozinha
– Ela vai desconfiar mais ainda se eu não for dormir lá – me levantei e ele fez o mesmo
– Olha, ela vai desconfiar da mesma forma. Dorme aqui em casa, é perigoso ir esse horário, Victória – fiquei em silêncio pensando no que responder para ele – se foi por causa de mais cedo, eu já me desculpei
– Não é isso. Eu só estou pensando em como poderia fazer…
Nunca tinha sido tão mentirosa comigo mesma e com os outros que estão à minha volta. Isso estava me causando estranheza, algumas vezes me perguntava se eu realmente me conhecia por ter esses comportamentos.
– Se você for para a sua casa, eu vou te acompanhar. Não vou deixar você ir sozinha para casa
Eu estava sem saídas, ficando ou indo para casa, Gabriel iria me acompanhar do mesmo jeito, então mais antes ficar aqui do que ir para casa.
– Está bem, eu vou ficar, mas amanhã de manhã estou indo cedo para casa – ele tentou controlar um sorriso que insistia em aparecer – como a gente vai fazer?
– Se você quiser, pode dormir com o Kaique lá no quarto, eu durmo no sofá, ou você pode dormir no sofá e eu durmo no outro – concordei e ele saiu da sala – vou pegar umas roupas que a minha irmã deixou aqui para você vestir
– Não precisa. Eu durmo com essa roupa que eu estou – ele me olhou com uma cara de “sério isso?”
– Você não vai dormir com uma calça dessas. Eu vou te emprestar. Fica tranquila, minha irmã não vai saber – ele foi até o seu quarto e eu fiquei sentada na sala – tem essas duas, ve qual fica melhor em você
– Obrigada. Obrigada por me ajudar em uma situação dessas – fui na direção dele e peguei as duas roupas
…
GABRIEL POV'S
Fazia um tempo que eu virava de um lado para o outro no sofá. Aquele horário era o pior horário para dormir. Três horas da manhã. Eu não conseguia dormir, a minha ansiedade atacava e eu só tentava controlar respirando fundo e imaginando coisas boas, mas nada estava fazendo efeito.
Me sentei no sofá e passei minha mão sob meu rosto demonstrando minha indignação com aquilo que estava acontecendo comigo. Ao olhar para o outro sofá, vi Victória respirar como em um sono profundo. Sua expressão facial era tão angelical que poderia falar que estaria tendo um bom sonho, já que não conseguia controlar seu sorriso. Decidi me deitar de frente para ela, me cobri com o lençol que havia pegado mais cedo e fiquei olhando para ela que me arrancava alguns pequenos sorrisos.
– Eu não sei o que realmente estou sentindo por você – pensei alto – nunca me senti assim por mim, nem mesmo pela Rafaella.
– Como eu fui me apaixonar desse jeito? – ela falou em um tom baixo, quase não se dava para entender
Fiquei encarando-a por mais alguns minutos até o sono realmente bater, mas não queria dormir agora, queria olhar o que estava na minha frente e apreciar como todos os dias, que encontro com ela, no CT. Falando assim até parece que eu sou um stalker ou algo do tipo. Meu celular começou a vibrar sobre a mesa e me fez atendê-lo rapidamente.
– Alô, Gabriel? Está disponível agora? – falou uma mulher depois que atendi o telefone – em qual balada você está? Posso ir e a gente pode, sei lá, dormir juntinhos como da última vez
– Oi, desculpa, mas hoje não estou legal. Tenho que descansar, então não vai dar. Tchau – desliguei o celular na cara da mulher e fiquei encarando um pouco o teto da sala
Desde o maldito dia que eu fui parar na casa dela é tomamos café juntos, eu não conseguia tirar ela da cabeça. Os dias no CT passaram devagar quando ela não estava lá. No último treino alguns dos meus amigos falaram que eu estava muito mais carismático que dias atrás, o que eu acho que não é. Sempre fui o mesmo todos os dias e não seria hoje que iria mudar meu comportamento, ainda mais por uma mulher que sempre me coloca para escanteio quando pode.
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Capítulo um tanto pequeno, mas no próximo vou fazer um pouco maior para compensar
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Detalhes | Imagine Gabriel Barbosa
RomansaUma história de um relacionamento proibido entre Victória, uma funcionária do CT do Ninho do Urubu, e Gabriel Barbosa.