Capítulo 4

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– O que foi que aconteceu entre o Gabriel e a Maíra? – Nara adentrou a cozinha enquanto eu ainda secava os pratos e copos lavados pelo Gabriel – ela saiu dizendo que ele traiu ela depois de… – ela me olhou e arqueou a sobrancelha – senhorita Victória, não vai me dizer que…

– Não! – dei um pequeno grito – isso não aconteceu, é coisa da sua cabeça. Gabriel só veio me ajudar com a louça – ela segurava seu riso – eu estou falando sério. Eu não iria jogar meu emprego na lata de lixo

– Mas seria um plot incrível se isso acontecesse – ela sorriu e veio para meu lado – eu vim aqui na cozinha enquanto vocês estavam em silêncio. Um olhando para o outro de canto de olho – Fez uma cara de quando você vê alguma coisa fofa – ah, como é lindo o amor

– Ele estava me olhando? – arregalei os olhos e ela respirou fundo sorrindo – isso não é possível. Ele não olharia para mim

– Ver vocês dois junto me deu uma vontade de juntar vocês, será que dá certo? – ela se debruçou sobre a bancada me encarando

– Nem pense em fazer isso. Qual a parte do “eu não jogaria meu trabalho no lixo”, você não entendeu? – ela suspirou e balançou a cabeça – mesmo que o meu primo seja um jogador de basquete, minha parte cobre algumas coisas, além da independência financeira que eu tenho

– Você leva as coisas muito a sério, Victória. Nem dá para brincar com você direito – ela foi em direção a geladeira – quer água?

– Sim, por favor. Minha cabeça parece que vai explodir de tanta coisa – ela entregou a água e sentou na cadeira a minha frente – eu acho que vou ter que tirar férias do CT

– Pelas minhas contas, você está sem um período de férias faz quase dois meses?

– Exato. Quase dois meses sem nem descansar em dia de domingo – terminei de secar os pratos e os peguei para guardar – eu espero que o Luís não me venha com um “mas só você sabe das coisas”

– Aquela sonsa da Julia está fazendo hora extra lá. Essa garota me irrita profundamente e, ela, tem cara que vai fazer alguma coisa a qualquer momento, sei lá

– Eu também tenho medo dela fazer alguma coisa para prejudicar a equipe. Mudando de assunto, tem alguém em casa ainda ou todos já foram?

– Graças ao meu bom Deus, todo mundo já foi embora

– Então irei para o meu aposento real, tirar meu sono de beleza. Boa noite, senhorita Nara – sorri e ela começou a rir

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📍 Gávea, Rio de Janeiro
🌧 25° C

O dia havia amanhecido nublado e com uma chuva fraca, um tormento para quem quer aproveitar o friozinho debaixo de uma coberta. Já na Gávea tudo parecia calmo, todos estavam mais sonolentos que o normal, a temperatura na sala de marketing era ambiente, nem muito frio nem muito calor. Lucas e Gisela estavam na atividade, ambos estavam concentrados na frente dos computadores.

– Bom dia, pessoal! – falei ao entrar na sala e vi todos me olharem e sorrirem – Luís já chegou?

– Já, ele quer falar com você. Veio aqui há uns cinco minutos atrás – Gisela falou se levantando e vindo até a minha mesa – aqui está o roteiro que pediu do Media Day – peguei os papéis que estavam grampeados

– Obrigada, Gisela. Vocês me ajudaram muito com o roteiro – intercalei meu olhar para Gisela e Lucas – agora sobre o Luís, ele estava com raiva ou normal?

– Acredito que normal, ele até deu ‘bom dia’ para a gente – fiquei surpresa com a frase. Luís não era de ser tão educado com os estagiários

– Então acho que vou logo, pois esse bom humor dele dura...

– Lucas! Me vê um cafezinho, por favor – Júlia entrou na sala tirando seu óculos escuro – que ressaca que estou – ela se sentou na sua mesa e colocou a mão na cabeça

– Júlia, o Lucas e a Gisela estão fazendo um trabalho para mim. A cantina fica aqui do lado, você pode ir lá e tomar café, comer alguma coisa – falei e ela me olhou indignada

– Você deve saber o que é ficar de ressaca. Minha cabeça está doendo pra cara… pra caramba – respirei fundo para não me irritar de manhã cedo

– Eu sei, sim. É, por isso, que eu estou há quase dois meses sem beber, para não chegar aqui com ressaca e não trabalhar – me levantei da mesa – Lucas e Gisela, venham comigo – abri a porta e eles saíram muito comigo

– Você foi incrível! – Lucas falou sorrindo e fui andando até a sala de Luís que ficava há dez passos

– Vocês fiquem aqui, se ela vier e pedir para vocês alguma coisa, diz que estão me esperando para chamar vocês, está bem? – ele concordaram e eu bati na porta

– Pode entrar! – ele falou e eu cumpri – Victória, ainda bem que chegou logo. Sente-se – me sentei na cadeira em frente a sua mesa – eu estava mais querendo saber sobre o andamento do media day e quero o relatório de tudo

– Sobre o Media Day, está tudo encaminhado, eu e os estagiários vamos distribuir hoje os roteiros para os jogadores e queria perguntar para o senhor se a gente poderia também colocar o seu Adenor

– Você teria que conversar com ele sobre. Você é a responsável por esse projeto, então você deve explicar para ele – concordei e ele ficou me olhando – algo me chamou atenção na sua colocação sobre o media day, por que não citou a Júlia já que é responsabilidade sua e dela?

– Ah, é que… – respirei fundo, pois não queria depurar ela, mas era preciso – ela não está fazendo nada, os estagiários que estão me ajudando com tudo

– Ela me disse que fez tudo sozinha que você não ajudou ela em nada, por isso te chamei hoje aqui para confirmar se isso é verdade ou não – eu estava incrédula com as palavras de Luís

– Não tô acreditando que ela falou isso. Eu sempre quebrei galho para ela quando dizia que estava com algum problema – ele parecia desconfortável

– Por isso te chamei aqui, era para saber exatamente sobre isso. Eu confio demais em você, já te falei isso. Eu quero o relatório verdadeiro do que foi feito e quem participou da produção do media day e do dia – a sua voz serena me deixou mais calma

– Pode deixar. Agora mesmo vou ver o roteiro e verificar, com o pessoal de comunicação, o que ter para ser feito para depois de amanhã

– Certo. Me avise se precisar de alguma ajuda, mas, por favor, não precise dela – Luís vivia ocupado com reuniões, então poderia ser que não pudesse me ajudar naquela hora

– Tudo bem. Obrigada por confiar em mim, Luís. Vou fazer o melhor trabalho para o Media Day – ele sorriu e balançou a cabeça – bom, eu vou indo que mesmo no começo do dia ainda tenho muita coisa para fazer


Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora