Acordei cedo pela manhã, o barulho da porta da sala abrindo me despertou. Nieda havia chegado com suas coisas de sempre, uma mochila e uma sacolinha. Para não assustá-la esperei ela ir para a área de serviço e segui para o quarto. Chegando lá, vi que Victória ainda continuava a dormir em seu sonho profundo, toda encolhida devido ao frio que estava no quarto. Antes de pegar minha roupa, peguei o controle e aumentei a temperatura para 20, uma temperatura considera ambiente.
Após fazer minhas necessidades, escovar os dentes e tomar banho, me arrumei bem cheiro para tomar café e partir para o treino mais cedo que o normal.
– Dona Nieda! Que saudades eu estava da senhora – falei vendo ela preparar o meu café – quanto tempo eu não lhe vejo
– O que você quer, menino? Eu te vi ontem de tarde – sorri com a forma de ela falar
– Eu sei, só estou brincando com a senhora. Deixa eu te falar, hoje tenho treino agora de manhã, assim que comer, vou para lá – ela concordou pegando a frigideira e colocando o conteúdo em um prato
– Fiz ovo e cortei algumas frutas para você comer agora – ela pegou o prato e colocou na minha frente – as frutas estão nesse copão
– Ah, dona Nieda, tem uma mulher que está dormindo no meu quarto – ela arregalou os olhos
– Mais uma, Gabriel! – ela falou incrédula – semana passada você trouxe uma e essa semana já é outra?
– Não, dona Nieda – gargalhei com a sua preocupação – ela é aquela menina que comentei com você no domingo – fiquei com um sorriso no rosto
– Então vou conhecer a famosa Victória hoje – concordei tentando disfarçar o sorriso – nunca tinha te visto desse jeito, todo bobo, por causa de uma mulher
– Nieda, assim você me quebra – falei começando a comer as coisas – eu não estou apaixonado por ela
– Isso é por que ela foi a única que se afastou de você, ao invés de dar uns beijos em você
– Você sempre com esses pensamentos
– E como ela veio parar aqui na sua casa? Sei que ela não viria por conta própria – ela pegou uma das xícaras e colocou café para mim
– Um cara colocou aquele negócio… ‘Boa noite, Cinderela’ no drink dela. O Kaique não está em casa e a Nara foi para o hotel
– Tadinha. Ainda bem que você viu. Imagina se acontece alguma coisa com ela! – ela fechou os olhos e se benzeu – gosto nem de pensar isso
– Graças a Deus, nada aconteceu – falei terminando de comer – bom, eu vou indo, senão, o professor Adenor vai me matar
– Pode ir, querido. Eu vou esperar ela acordar para fazer alguma coisa para ela comer – eu sorri e fui dar um beijo na cabeça de Nieda
– Obrigado por isso. Tchau!
…
VICTÓRIA POV'S
Meus olhos pareciam que tinham duas pedras, não conseguia abri-los por nada. Minutos depois consegui ao menos olhar rapidamente onde eu estava, porém não consegui associar o lugar. Aos poucos fui conseguindo olhar tudo ao meu redor e fiquei meio apreensiva por não reconhecer o quarto onde estava.
Eu tentava me lembrar de alguma coisa, mas não conseguia, era como se tudo tivesse sido apagado da minha mente, tivesse deletado o arquivo na lixeira do computador. Eu estava um pouco desesperada. Olhei para o meu corpo e pude ver que estava de roupa, menos mal.
Fui me levantando aos poucos com uma certa dificuldade. Fiquei de pé e fui até a porta do quarto, tive um pouco de receio de abrir, mas teria que encarar a merda que eu fiz. Ao sair, olhei para o final do corredor que havia uma senhora de idade varrendo o chão enquanto dançava. Eu fui me aproximando devagar.
– Que susto! – disse a senhora assim que me aproximei
– Desculpa, essa não foi a intenção – falei ainda meio sonolenta – bom, eu já vou indo embora
– Você não quer tomar um café ainda de ir? Parece ainda sonolenta – eu engoli seco e baixei meu olhar
– Desculpa, mas eu preciso ir. Não quero incomodar mais do que eu já incomodei. Obrigada pelo convite de tomar café
– O senhor Gabriel pediu para fazer o café e já está pronto em cima da mesa – ela disse quando dei um passo – não vai querer estragar comida, não é?
– O que eu tô fazendo na casa do Gabigol? – perguntei para mim mesma em voz alta
– Gabriel me contou por cima o que aconteceu. Enquanto toma café, posso lhe contar – fiquei meio indecisa com o que escolher – senta para comer, depois você vai embora
– Está bem – ela me acompanhou até a mesa e ficou em pé, enquanto me sentei – nossa, quanta coisa, na mesa. A última vez que vi uma mesa parecida foi quando fiz para o Gabriel em casa
– Gabriel me falou que aqui no Rio é só você e seu primo
– Na verdade, eu tenho uma parte da família aqui no Rio, mas quase não falo com eles direito. Briga de família
– Meu Deus. Pelo menos tens algumas pessoas aqui – concordei ainda olhando para a mesa – pode comer, deve estar com fome
– Obrigada – peguei algumas coisas e coloquei no prato – desculpa pergunta só agora, mas como é o seu nome?
– Me chamo Nieda, sou segunda mãe do Gabriel, dona Lindalva deixou isso nas minhas mãos – ela sorriu
– Prazer, Nieda. Sou Victória – comi um pouco do ovo frito e fiquei olhando para um ponto fixo
– Senhora Victória…
– Por favor, não precisa me chamar de senhora, me chama apenas de Victória – sorri e ela concordou
– Victória, ontem acabou quase acontecendo uma coisa muito ruim com você. Gabriel evitou que um cara te levasse – arregalei meus olhos e quase me entalei com a comida – não sei ao certo o que aconteceu, mas no superficial foi isso
– Deus, o que eu fiz? Eu não consigo me lembrar de nada que aconteceu
– É o efeito do ‘boa noite, cinderela’ que ele colocou na sua bebida – fechei meus olhos e agora faz sentido com a última lembrança que tenho – vou deixar você comer. Se precisar de alguma coisa, só falar
– Obrigada, dona Nieda – forcei um sorriso e ela fez o mesmo
VOCÊ ESTÁ LENDO
Detalhes | Imagine Gabriel Barbosa
RomansaUma história de um relacionamento proibido entre Victória, uma funcionária do CT do Ninho do Urubu, e Gabriel Barbosa.