Capítulo 49

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O natal havia sido incrível. Muito diferente dos outros anos que tinha passado aqui no Rio. Thainá teve uma melhora significativa e finalmente havia acordado do coma. Daqui há alguns dias já poderia voltar para casa e começar uma vida normal.

Nara e Pulgar estavam mais juntos do que nunca agora. Ele até veio passar o natal junto com a gente, mas eles tinham "regras" para que não descobrissem deles dois. Um exemplo foi que mesmo eles morando juntos, no caso no mesmo prédio, eles saíram com minutos de diferença um do outro e pegamos caminhos diferentes para o local, enfim, uma doideira.

Já eu estava com um mal pressentimento, não sabia o que era, mas estava mal durante o dia todo e quase não consegui comer por causa disso. Tentava fazer com que isso não me abalasse, porém era difícil. Os pais de Veiga haviam chegado e me distraído um pouco, mas era quase que impossível.

– Amiga, você tá melhor? – Nara falou ao se sentar do meu lado – Kaique me falou que passou mal hoje de manhã de novo

– Esse Kaique exagera nas coisas. Não aconteceu nada de mais, só a minha pressão que baixou um pouco e tive que ficar deitada – Pulgar se aproximou e sentou do lado de sua namorada

– De qué están hablando las chicas?

– Victória passou mal de novo e não ia me contar sobre isso – Pulgar me olhou de cima a baixo e respirou fundo

– Qué tenía ella?

– Náusea e tontura. Mareo – ela fazia mímica para que ele entendesse um pouco melhor. Eles ficaram se entre olhando e depois se viraram para mim

– Victória, cuánto tiempo estas así? Si esta mucho tiempo ahí es buena idea ir al médico. Você puede estar embarazada – fiquei olhando para ele tentando entender

– Embarazada? O que é isso? É bêbada ou o que?

– Embarazada é grávida em espanhol, sua anta – eu não tive uma reação imediata, apenas ri

– Não, isso não tem como acontecer. Tipo... Como é que pode?

– Você não se lembra das aulas de biologia no colégio, não? Um homem e uma mulher se juntam...

– Não tô falando disso. Não tem como eu estar grávida. Semana que vem é a semana da minha TPM, então fica tranquila com isso

– Eu só estou falando o que pode ser, mas se você está dizendo que não pode acontecer, eu confio em você – ela segurou na minha mão – mudando um pouco de assunto, tem falado com o Gabriel?

– Não, ele não me responde direito e nem quer vim para cá. Eu tô quase desistindo dele. Essa situação está me machucando muito – respirei fundo passando a mão no meu cabelo – eu tô me acostumando com isso

– Gabi me disse que iba a hablar contigo esta semana...

– Pois é, não falou. Quer saber, esquece dele. Vamos curtir a nossa noite de ano novo. Eu não quero mais falar sobre ele

– Victória, pega o Arthur aqui para mim que eu vou receber o pessoal

– Deixa que ele vai ficar com essa titia agora – Nara pegou o pequeno no colo e ficou brincando junto com Pulgar com ele

...

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⏳️ 01 de janeiro de 2024

Diferente dos outros anos, eu preferi não beber esse final de ano, nem champanhe tomei. Motivo? Eu ficava enjoada com o cheiro da bebida, aproveitei e fui dormir cedo, por volta das três da manhã, mas não conseguia dormir mais depois das sete horas da manhã. Eu estava agoniada e estava passando um pouco mal. Nesse período os enjoos havia cessado e estava mais tranquila com isso.

Demorei um pouco para sair do quarto, mas quando tomei coragem para sair ouvi batidas na porta, o que me deixou um tanto confusa, pois quem estaria acordado esse horário.

– Victória... Está acordada? – fui até a porta e abri a mesma – posso entrar?

– Desde quando você me pergunta se pode entrar no meu quarto, Nara? – dei passagem para ela – entra, mulher

– Desculpa te acordar cedo pela manhã, eu preciso te falar uma coisa. Eu sei que está de manhã cedo, mas eu preciso te falar com você

– Nem se preocupa, eu estou desde às sete horas. Tô virando de um lado para o outro tentando, mas nada está dando certo – respirei fundo me sentando na cama – mas me fala, é algo com você e o Pulgar?

– Não. Ele está dormindo na sala depois de um ficar bêbado – ela se sentou ao meu lado e ficou olhando para baixo – ainda pouco, me ligaram do CT e falaram que... bem, o seu Denir estava muito mal durante esses tempos... O seu Denir não resistiu, ele foi... – Nara estava com uma voz embargada – o seu Denir faleceu

– Que? Como assim? Eu falei com a família dele esses tempos. Eles me disseram que estava tudo bem – meus olhos se encheram de lágrimas e fiquei olhando para ela 

– Eu sei que é muito ruim. Vem cá – ela me puxou e me abraçou bem forte e eu, ainda tentando entender, fiquei paralisada, escorada sob o corpo de minha amiga – ele... ele disse que queria muito te ver semana passada, mas que não deixaram

– Eu não acredito! Não é possível – ela se afastou e as lágrimas que se formaram em meus olhos escorrem rapidamente pelo meu rosto – Nara, me diz que é mentira isso, por favor!

– Infelizmente eu não tenho como te falar isso...

Minha cabeça só conseguia pensar em uma pessoa. Uma pessoa que tinha certeza que estaria sofrendo com essa notícia e, essa pessoa, era Gabriel. Sem mais nem menos, me levantei e saí do quarto indo em direção a sala. Nara falava meu nome e algumas coisas que nada entendia. Meu objetivo, agora, era ir para casa de Gabriel para ajudá-lo no que precisar.

– Victória! Onde está indo? – senti uma mão em meu ombro, me virei e vi Veiga com uma cara de sono – onde está indo?

– Eu preciso ir para a casa do Gabriel. Eu vou lá – ele soltou meu ombro e pegou a chave do carro que estava na mesa ao lado

– Eu te levo

– Não, eu vou dirigindo mais rápido

– Você não vai sozinha nesse estado, Victória. Bora que eu vou te levar lá – ele pegou a chave do carro e segurou em meu braço, me puxando para fora da casa

Foram minutos de agonia indo para a casa de Gabriel. Eu e Veiga ficamos em silêncio o caminho todo. Foram longos 10 minutos até chegar na casa de Gabriel.

Ao chegar, entramos e desci o mais rápido do carro indo em direção a porta de sua casa. Após alguns segundos a porta foi aberta por ela, Fernanda Campos, que estava com um camisa de Ganriel, a mesma que usei quando dormi em sua casa, e com um cabelo bagunçado, como se estivesse acabado de acordar. Ao desviar o olhar, vi Gabriel apenas de bermuda com um rosto amassado e, além disso, com um pequeno sorriso em seu rosto.

DESGRAÇADO!

Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora