Capítulo 46

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Ficamos um tempo rodando no shopping tentando achar os presentes idealizados em nossas cabeças ou o que fosse parecido com o que pensávamos. Os presentes que ele comprou para os seus pais foi até fácil de ajudá-lo, compramos roupas para a mãe dele e, também, para o pai, mas o que foi mais difícil foi os presentes para nós dois.

Depois de quase três horas vendo e andando pelo local, finalmente tínhamos escolhido os presentes, mas Veiga afirmou que teria que olhar em mais uma loja um presente para alguma pessoa que ele não falou quem era. Enquanto isso, como de costume, havia mandado mensagem para o Gabriel, mas nada de ele me responder.

Gabriel

Eu sai para me reunir com o
Veiga, mas daqui eu vou para
casa.

Eu não estou me sentindo
muito bem. Acho que por conta
do estresse e das noites mal
dormidas, eu tô meio mal,
mas não sei exatamente o que é

Assim que vê as mensagens,
tenta me responder, por favor

Eu estou precisando de você

Sabia que ele não iria responder naquele momento ou até depois disso. Sabia que a cada mensagem que eu estivesse mandando para ele poderia ser mais uma mensagem na caixa, mas eu precisar falar com ele. Eu precisava que ele estivesse do meu lado. Não sabia se iria afastá-lo ou não, mas eu precisava de pelo menos um abraço, um toque dele.

– Victória, o que está fazendo? – me assustei e levantei rapidamente, o que fez a minha cabeça girar – está tudo bem com você? Que cara é essa? – olhei para Veiga que colocou as compras na mesa e colocou suas mãos em meus ombros – você parece pálida, aconteceu alguma coisa enquanto eu estava fora?

– Não, eu só fiquei um pouco tonta, mas nada de mais – fiquei olhando nos seus olhos – eu estou legal

– Tem certeza? – concordei e ele tirou as mãos do meu ombro – vamos fazer o seguinte, a gente come uma coisa rápida e vai para casa, pode ser? Você não parece muito legal para continuar andando

– Veiga, eu estou bem. De verdade. Foi só uma coisa rápida que me deu – fingi tranquilidade, mas estava mais nervosa que o normal, pois minha cabeça não parava de girar

– Você não quer ir para sua casa? A gente pode pedir alguma coisa lá se você quiser. Juro, você não parece estar bem – me sentei novamente no banco devagar

– Tu me conhece muito bem. Não tem como eu mentir... – respirei fundo – a gente pode ir para casa, então. Não quero te deixar um sintoma do meu estresse diário interferir, ainda mais que nos reunimos muito pouco

– Se para você estiver tudo bem, nós vamos para a sua casa e comemos lá – ele esticou o braço e segurei para me levantar devagar

– Levanta devagar para não piorar sua tontura – eu fiz o que ele disse e fiquei segurando em seu braço até normalizar quando estava em pé – Victória, isso não é por causa de alimentação? Você comeu alguma coisa hoje? Tomou água?

– Comi, mas parando para pensar agora, foi muito pouco que eu comi hoje – ele me olhou com um cara de poucos amigos – hoje a gente teve que levar o Arthur para tomar vacina e ainda tive que fazer algumas coisas do trabalho

– Arthur?

– Sim, o filho do Kaique. Ainda tem a Thainá, mãe do bebê, que está internada há uma semana sem previsão de sair do coma – respirei fundo e passei a mão no cabelo – muitas coisas aconteceram

– Então vamos andar logo para comermos e eu conhecer o Arthur – ele deu um pequeno sorriso e concordei

...

Eu e Veiga conversávamos na aérea externa da casa para não incomodarmos o Arthur, já que Kaique estava há um tempão tentando fazê-lo dormir. Os pais da Thainá nem sequer vieram uma vez visitar o neto aqui em casa, apenas ficam com a filha no hospital de vez em quando.

– Eae, o que fez nesse meio tempo em que nos separamos? – Veiga perguntou depois de beber o seu vinho

– Eu trabalhei, trabalhei, trabalhei e trabalhei. Agora sou uma das diretoras de departamento do flamengo. Tenho que trabalhar muito agora

– Tô vendo, mas não pode deixar de descansar em momento algum. Lembra que a sua saúde é mais importante, sem ela você não vai fazer nada

– Eu sei. Tive um intervalo de quase uma semana de folga e, então, fui para Búzios descansar um pouco – ao falar isso me causou um sentimento muito nostálgico – foram dias muito bons

– Pela sua cara foram muito bons mesmo. Foi junto com o Kaique?

– Não fui junto com o Gabriel. Fiquei na casa dele

– Ah, então vocês dois ficaram juntos nesse período?

– Sim...

Um silêncio constrangedor ficou no ar. Veiga apenas tomava o seu vinho com goles grandes, o que me fez olhá-lo de canto de olho. Eu tentava formular algo na minha cabeça, mas nada saia, eu queria desfazer o que tinha feito naquele momento.

– Devem ter se divertido muito. Foram só vocês dois?

– Não, a família dele estava lá. Ele nem sabia disso – ele respirou como se estivesse aliviado – Veiga, o que está acontecendo?

– Nada, eu só quero o melhor para você, só isso. Gabriel não é a pessoa certa para você. Ele é mulherengo e gosta de sair para a balada o tempo todo e...

– Durante o tempo que ficamos junto, ele não foi para a balada e muito menos ficou com alguma garota – ele mordeu a parte inferior dos lábios – Veiga, você sabe de alguma coisa que eu não sei?

– Eu acho que vi ele em uma balada ontem. Ele estava acompanhado de três mulheres e uma delas era a Fernanda Campos, uma das ficantes dele depois que ele terminou com a Rafaella

– Do que você está falando? Mas você acha que é ele, pode não ser – ele respirou fundo e segurou na minha mão

– Victória, por favor, me escuta. Se afasta desse cara o quanto antes, assim vai ser melhor para você – olhei nos seus olhos e foi aí que a ficha caiu de vez – eu sei que vai ser difícil, mas você precisa fazer isso pelo seu bem

O conto de fadas criado em minha cabeça poderia acabar por aqui. A sensação de ter sido usada por ele me deixava triste e ao mesmo tempo irritada. Como ele pode fazer uma coisa dessas comigo?

Eu fui burra o bastante para acreditar existia amor entre a gente, mas quando, na verdade, só eu era a pessoa apaixonada. Só eu era a pessoa que dizia e que me entregava. Só eu era a pessoa que tinha o respeito por ambas as partes.

Na verdade, no final de tudo, só eu era a pessoa emocionada que achava que o nosso relacionamento era algo mais que uma ficada. Eu fui uma peça para saciar o vício de uma transa, mas... Por que eu?

Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora