Capítulo 61

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Sai da Gávea por voltadas 16 horas e fui correndo para o médico para fazer a ultrassom do bebê. Por um lado estava feliz, mas por outro ficava com uma certa raiva de ter que ir todas as vezes para o médico. Não havia demorado muito para a médica me chamar, então me levantei e fui na direção do consultório.

– Seja bem-vinda, mamãe Victória. Como se sente? – a médica estava sentada, mas logo se levantou e veio na minha direção

– Obrigada. Eu acho que estou bem – ela continuou a sorrir e me cumprimentou

– Bom, vamos olhar esse bebezinho aí dentro – assenti e deixei minhas coisas na cadeira – vi na sua ficha que você já fez alguns exames, certo?

– Sim – me deitei na cadeira do ultrassom e respirei fundo controlando a minha ansiedade

– Com licença, vou levantar a sua camisa para passar o gel, está bem? – apenas concordei – vai sentir um gelado normal, depois passa – engoli seco sentindo o frio – bom, olha, você deve ser uma pessoa muito sortuda – ela virou o monitor para mim – você foi presenteada com dois bebês

Parecia que o tempo tinha parado por completo e não sabia como reagir aquilo. Olhando para o monitor, eu conseguia me sentir em paz, mas olhando em volta, o temor me consumia por inteiro.

– Doutora, não. Não pode ser – olhei para ela desesperada – me diz que isso é mentira, por favor

– Fique calma – ela deu uma pequena gargalhada – você será mamãe de dois bebezinhos. Eu sei que deve estar passando pela sua cabeça um possível pensamento de "e agora? Eu vou ser uma ótima mãe para esses dois? Eu vou conseguir?" – ela virou o monitor para ela – você consegue, você é capaz disso

– Mesmo assim, eu... Eu não sei se o pai deles vai aceitar. Não sei como ele vai reagir a isso

– Você ainda não contou? – ela me olhou assustada – como ele não percebeu essa barriga? Ela está muito grande

– É que a gente acabou brigando. Uma longa história – eu engoli seco

Fecho até da médica que está aqui? Eu tô muito errada na vida mesmo

– Próxima consulta quero ver vocês dois aqui juntos e ouvindo o coração da criança – concordei e ela sorriu – por falar nisso, quer ouvir o coração deles? – concordei maus uma vez

Ouvir o coração deles aqueceu meu coração. Pedi para que ela gravasse um vídeo com os batimentos deles e ela logo fez. Por um momento eu decidi, decidi em largar tudo e viver a minha vida. Recomeçar do zero como se tivesse voltado no tempo, mas a realidade veio à tona. Eu não poderia largar o clube agora, não enquanto estivessem precisando de mim.

...

Após sair da consulta fui correndo até um shopping e comprei dois pequenos sapatinhos de bebê e um porta retrato para colocar a foto da ultrassom nele. Eu estava disposta a contar para Gabriel sobre as crianças a quanto antes, antes mesmo do dia 9 que tinha na minha cabeça. Muito provável amanhã estaria ligando para ele para marcar de encontrar com ele.

Comprei uma caixa bem bonitinha e coloquei tudo lá de forma harmônica. Eu estava com uma certa felicidade dentro de mim, algo que não acontecia a tempos.

Ao chegar em casa, vi um carro estranho estacionado na frente e, então, vi a porta entreaberta, o que me gerou cerro medo de entrar. Com passos lentos, entrei em casa com um receio, que saiu assim que vi Gabriel em pé virado de coisas para a porta.

– Gabriel, o que você... – ele virou de frente e veio rapidamente em minha direção com uma cara nada boa

– Você vai me contar ou eu vou ter que me fingir de sonso? – olhei em seus olhos e engoli seco – hein, Victória?

– Gabriel, do que você está falando? – eu gaguejei durante a frase – eu não faço a mínima ideia...

– Me conta logo. Você sabe do que eu estou falando – baixei minha cabeça e respirei fundo

– Desculpa, eu fiquei nervosa, eu queria contar antes, mas não consegui. Desculpa, eu fui a pior pessoa do mundo por esconder uma coisa dessas – meus olhos não conseguiram aguentar e comecei a chorar. Olhei para ele brevemente que respirou fundo

– Desculpa, eu me descontrolei completamente – ele me puxou para um abraço – o pessoal no CT está falando direto sobre isso. Sobre a sua viagem para Portugal para verificar o negócio do Leixões. Falaram até que você ia embora de vez para lá – me afastei um pouco e olhei para ele – eu não quero ficar longe de você, eu queria estar perto o suficiente para compartilhar tudo com você

– Gabriel, sobre isso...

– Eu só quero ficar do seu lado. Eu juro que eu não aguento mais essa distância entre a gente – ele me olhou nos olhos e eu dei um pequeno sorriso, mesmo com lágrimas ainda escorrendo

– Eu não vou permanentemente, Landim queria que eu só "fiscalizase" as coisas lá e voltasse. Ainda nem falei com ninguém sobre isso – me afastei mais um pouco – fica tranquilo, eu não vou te deixar, não agora, talvez nem no futuro distante. Eu não consigo ver meu futuro sem você, Gabriel

– Eu também, Victória. Eu também – ele acariciou meu rosto e deu um pequeno sorriso – quando me falaram, meu coração acelerou de uma tal maneira que achava que teria um infarto. Eu não consegui pensar no CT, só queria vim o mais rápido possível para sua casa e perguntar olho a olho

– Não, vai ser alguns dias, no máximo 6 semanas

É agora. Eu preciso falar, preciso dizer para ele que eu estou grávida, mas como? Meu Deus, o nervosismo vai me consumir

– Gabriel, preciso falar com você sobre outro assunto. Um assunto muito mais importante e sério – ele tirou o sorriso do rosto – era sobre o que eu achava que iria falar comigo mais cedo – entreguei a caixa que estava na minha mão para ele – toma para você. Eu ia contar depois, mas já que você está aqui e eu estou ansiosa...

– Victória, isso é... – ele abriu a caixa e arregalou os olhos – eu não acredito que... Victória, você está falando sério? – concordei ainda tentando processar o que tinha acabado de fazer – meu Deus, não acredito. Você vai realizar meu sonho. MEU DEUS! – senti seus braços me envolverem

– O que está acontecendo aqui? – ouvi a voz de Kaique atrás de mim e fiquei sem reação – Gabriel, o que você está fazendo aqui em casa?

Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora