Capítulo 53

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📍 Belém / PA
⏳️ 30 de janeiro

Estávamos na quinta rodada do campeonato carioca e todos chegariam hoje a noite para a partida amanhã. Não fui para os Estados Unidos, pois preferi ajeitar algumas coisas pendentes e fazer a ultrassom do bebê para saber se estava tudo bem com ele.

O médico me perguntou se eu queria ouvir os batimentos cardíacos do bebê e quase sem esperar minha resposta, ele colocou em alto e bom som. Eu achava que aquilo era exagero dos pais que ouviam aquele som, mas foi algo simplesmente incrível e emocionante.

Nara havia ido junto com a delegação para os Estados Unidos e a cada dia mandava uma foto diferente para mim de um passeio que fazia como uma criança. Em contra partida mandei a foto do ultrassom para ela que ficou toda feliz e me disse mil e uma coisas.

Eu ainda não conseguia comer direito, mas achei uma comida que poderia comer um pouco sem colocar tudo para fora que é milho. A primeira vez que provei foi com Gabriel quando fui na casa dele e a Nieda não estava. Até nisso eu me lembro dele.

Amiga, nós já indo para Belém. Nos vemos no hotel! – Nara havia dito no áudio com um voz familiar no fundo

Roubei o celular da Nara para falar que eu estou com saudades de você. Eu espero te vê no hotel – o segundo áudio me pegou em cheio. A voz de Gabriel fez com que meus olhos se enchessem de lágrimas

Eu estava com saudades dele, mas não poderia deixar com que tudo que ele fez fosse deixado de lado e seguisse a vida normalmente. Eu confio nas palavras dele, mas ao mesmo tempo fico com receio de "sofrer" novamente por esse amor que não pode ser perpetuado.

Roubei o celular da Nara para falar que eu estou com saudades de você. Eu espero te vê no hotel – eu repeti o áudio com os olhos fechados e imaginando ele a minha frente

Eu precisava parar de me iludir, eu precisava achar uma válvula de escape para que momentos como esse não fossem ruins. Repeti o áudio mais de cinco vezes até ele ser apagado e, logo, outro áudio ser gravado e mandado.

Apaguei por que sei que a Nara vai escutar. Esse aqui coloquei em uma só reprodução para te falar que a gente precisa de um recomeço, onde não tenha mal entendido ou algo do tipo. Eu realmente gosto de você e eu não vou deixar você escapar de mim assim, por conta de um mal entendido que já foi resolvido hoje de manhã. Eu te amo, Victória. A gente conversa quando eu chegar aí – o áudio terminou com um som de beijo

Coloquei meu celular do lado e fiquei o olhando enquanto colocava minha mão sobre minha barriga e a acariciava lentamente.

– O que eu faço, bebê? O que eu faço da minha vida? Eu não quero fazer nada com você, mas, futuramente, você me dará muitos problemas com o trabalho. Eu não vou consegui esconder quem é o seu pai e muito menos esconder da diretora do time – coloquei minhas mãos sob meu rosto e me segurei para não chorar

Eu não sabia como enfrentar esse problema, pois a solução mais simples era a mais difícil de ser pronunciada por mim...

...

– Amiga, foi simplesmente incrível! Você deveria ter ido e se divertido com a gente – ela falou com um grande sorriso no rosto – eu dormi a viagem toda nem consegui te responder depois da sua mensagem

– Fica tranquila. Alguém respondeu por você enquanto estava dormindo – ela me olhou um pouco confusa – o Gabriel me mandou mensagem no seu lugar

– Aquele filho da puta pegou meu celular? Mais que homem mais descarado! – ela se sentou ao meu lado e ligou o celular

– Só eu e ele vamos saber sobre o áudio que ele mandou – fiquei brincando com as mãos – Nara, e se eu esconder a gravidez? Eu peço para a diretoria para ficar um tempo de repouso e trabalhar homeoffice. O que acha?

– Victória, não faz isso. Você mesma já contou para mim...

– Meu Deus a minha promoção de diretora está em risco!

– Você tá de brincadeira comigo, né? – ela me olhou desacreditada com o que tinha acabado de ouvir – eu já te falei, para de pensar no trabalho. Você não vive só dele. Você precisa pensar na criança que está gerando, em como vai contar para o pai dela sobre ela

– Nara, mas era isso que eu almejava tanto. Foi para isso que batalhei anos e anos da minha vida. Que me fez sair da minha cidade para conquistar isso

– Victória, eu te entendo nessa questão, mas você precisa viver um pouco. Se eu te perguntar qual a coisa mais doida que você fez no início dos seus vinte anos, você não vai consegui me responder

– Claro que vou. Eu me mudei para cá para o Rio junto com o meu primo. Saia junto com você para as baladas e festas...

– Mas quando viu que precisava focar no trabalho para consegui o que queria foi só mais três vezes comigo e depois, o que fez?

– Só tive esse relacionamento adolescente com o Gabriel – ela respirou fundo

– Eu sei que é o seu sonho estar nesse cargo, até por que quantas vezes eu ouvi você falar dele? Mas você precisa, também, começar a pensar nesse bebê que está gerando, Victória. Ele é a sua prioridade agora

– Eu... Eu sei que você está coberta de razão nisso tudo, mas eu não consigo. Como eu vou sustentar essa criança?

– Você fala como se o pai não quisesse assumir a criança e tivesse que cuidar dela sozinha. Amiga, você tem como trabalhar com o Kaique como agente dele, tem como você vê outro clube para trabalhar. E outra, o Gabriel, querendo bem ou mal, vai te ajudar, ele tem que te ajudar com essa criança

– Meu Deus, é muita coisa para pensar. Ainda tem o Gabriel – respirei fundo e me deitei na cama – nunca quis tanto voltar no tempo como agora

– Qual é? Está arrependida de tudo que viveu com o Gabriel? Não acredito que estou tendo essa conversa com você. Parece que é uma adolescente que só pensa em você e os outros que se fodam

– Nara...

– Eu vou te dar três dias. Três dias para você resolver a sua vida do jeito que achar melhor. Depois disso, se não se decidir, eu vou fazer do meu jeito. Está me ouvindo? É a primeira vez que eu falo muito sério com você

Ela se levantou me olhando de canto de olho e saiu do quarto. Eu estava completamente perdida com tudo e, eu, só queria resolver o mais rápido possível essa situação para vê se eu conseguia sair dessa o mais rápido possível.

Detalhes | Imagine Gabriel BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora