Boiling Isles

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BOILING ISLES: Ep. 1 - azul-escuro
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Em perigo. Presa na Boiling Isles. Mandem ajuda.

Olá.

Espero que alguém esteja ouvindo.
Estou enviando esse sinal via rádio - muito antiquado, eu sei, mas talvez um dos poucos métodos de comunicação que a Ilha se esqueceu de monitorar -, num pedido sombrio e desesperado de socorro.
As coisas nas Boiling Isles não são o que parecem ser.
Não posso contar quem sou. Por favor, me chame... por favor me chame apenas de Hecate. Afinal, sou só uma voz de alguém numa rádio, e pode ser que ninguém esteja ouvindo.
Fico me perguntando... se ninguém está ouvindo minha voz, estou fazendo algum som?
[...]

...

Eu e minha mãe estávamos na escola em uma reunião de pais. Tudo a respeito da escola se tornou muito menos caótico desde que fui para o Acampamento de Verão de Verificação da Realidade no verão antes do ensino médio, desde que me moldei para ser o que sou hoje, alguém focada na escola e nos estudos, alguém que entraria em uma boa faculdade, conseguiria um bom emprego, ganharia muito dinheiro e deixaria a mãe orgulhosa.

Ao longe eu pude ver minha mãe sentada do outro lado do salão próxima aos outros pais, parecia confortável. Ela passou a adorar as reuniões de pais, principalmente porque adorava ouvir os professores dizerem a ela, muitas vezes, que eu era excelente, em como eu havia mudado meu comportamento e personalidade, como eu era muito melhor agora.

Tentei parar de pensar nisso e pensei a respeito dos meus planos da noite.

Naquela noite, eu chegaria em casa e faria um chá, comeria um pedaço de bolo, subiria a escada e me sentaria na cama para ouvir o último episódio de Boiling Isles. O Boiling Isles era um podcast no YouTube a respeito de uma bruxa perdida em um universo mágico, estranho e desconhecido que procurava uma maneira de escapar daquele lugar infestado de monstros, no mundo da ficção. Apesar de todos os meus sacrifícios em relação às coisas fictícias, nunca consegui abrir mão do podcast. Ninguém sabia quem fazia, mas era a voz da narradora que me deixou viciada na série - tem um tom tranquilo. Dá vontade de dormir. Da maneira menos esquisita possível, é meio como se alguém estivesse fazendo cafuné em você.

Era isso o que eu pretendia fazer quando chegasse em casa.

O diretor continuou falando por mais alguns minutos, meio entediada, conferi meu telefone, porque havia passado a tarde toda sem checá-lo. Foi quando eu vi. Vi a mensagem do Twitter que estava prestes a mudar minha vida, provavelmente para sempre.

Dei uma tossida assustada, afundei o corpo na cadeira de plástico e segurei o braço de Hunter com tanta força que ele sussurrou:

- Ai! O que foi?

- Uma coisa impressionante aconteceu comigo no Twitter.

Hunter, que parecia um pouco interessado até ouvir a palavra "Twitter", franziu o cenho e puxou o braço. Empinou o nariz e desviou o olhar como se eu tivesse feito algo extremamente constrangedor.

O mais importante a se saber a respeito de Hunter Deamonne é que ele provavelmente teria se matado se achasse que, com isso, conseguiria notas melhores. Para a maioria das pessoas, éramos exatamente iguais. Éramos dois esquisitos que faziam algumas aulas juntos, que foram para o mesmo acampamento e voltaram moldados sobre as expectativas do mundo, duas máquinas de estudo, representantes de turma, o que era só o que todo mundo via.

A diferença entre nós era que eu considerava nossa "rivalidade" totalmente hilária, enquanto Hunter agia como se estivéssemos em uma guerra para ver quem sabia ser mais nerd.

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