Sair da mansão foi, ao mesmo tempo, a melhor decisão e uma fonte de um peso terrível que agora pondera em meu peito. Não consigo me enganar. Em questão de horas após minha partida, sem ao menos dizer adeus, já sinto a falta de Lorie com suas brincadeiras macabras, de Nicolae com suas roupas elegantes e palavras cultas, de Peter com seus poemas melancólicos que se misturavam ao som do piano na noite fria. Mas, acima de tudo, não posso esquecer Drogo, com seu humor peculiar e magnetismo inebriante.
Estive tão segura de que tudo estava se encaminhando para o bem, que me esqueci completamente da tênue diferença entre nós. Sou uma humana, dotada de poderes herdados da minha linhagem, enquanto os Bartholy são vampiros, seres com suas próprias ambições, a eternidade pela frente, desejos insaciáveis e um prazer por infligir dor nos outros. Por que, de repente, se tornou tão difícil deixar tudo isso para lá?
Queria que as explicações sobre o que aconteceu fossem mais claras. Mas nada apagará o fato de que Drogo quase me matou. Seus olhos, num momento mostrando uma pessoa completamente diferente, e no seguinte, revelando-se o homem que pensei conhecer. Parece que quanto mais penso sobre isso, maior se torna a confusão em minha mente.
Sentada na sala, fico encarando os meus dedos. Não verifiquei meu celular desde que cheguei e, para ser sincera, nem sequer pensei nele enquanto arrumava minhas coisas. Pelo que percebi, Nate o pegou e guardou para mim, entregando-me assim que chegamos à cabana.
Ao acendo a tela, percebo mensagens não respondidas dos três irmãos Bartholy. Respiro fundo, decidida a ignorá-los por completo. Por sorte, desde que vim para a cidade, consegui economizar bastante do meu salário, que era destinado principalmente às minhas despesas pessoais, já que não saía muito, exceto para festas organizadas pelos veteranos.
Gostaria de esquecer que um dia me deixei levar pelas palavras falsas de Drogo, pelas juras de amor que se revelaram vãs. Será que para ele foi tão fácil me enganar? Uma garota que veio de outra cidade com a intenção de recomeçar a vida, agora precisa enfrentar sua realidade com o coração partido. É patético pensar que tantas coisas foram jogadas foras simplesmente porque caí na lábia de um vampiro de cento e dez anos.
O que minha mãe pensaria de mim neste momento? E meu pai, o que diria? Como eu gostaria que eles estivessem aqui; até uma bronca seria melhor do que me sentir sozinha novamente. A tristeza invade minha alma, e suspiros pesados ecoam em meu coração, sem ter com quem compartilhar esse fardo. Contar a Sarah ou Stacy, a essa altura, seria péssimo; ouvir um “eu te avisei” definitivamente não é o que preciso.
POV DROGO
O aroma de Rebecca continua impregnado no quarto, mas sua ausência é notável em todos os cômodos. Os lugares que costumavam abrigar seus pertences que estão vazios, e o silêncio se torna cada vez mais angustiante.
Vê-la recuando com medo, partindo sem olhar para trás, fez com que uma dor desconhecida brotasse em meu peito, como uma raiz difícil de arrancar. Como pode um monstro que está morto sentir a dor da perda? A dor de ver aquilo que lhe trazia felicidade partir, sem poder fazer nada. Sem perceber, permiti que Viktor entrasse em minha mente, e isso custou mais do que imaginava. Custou-me perder a mulher que amo. Como poderei seguir em frente?
Ter Rebecca em minha vida mostrou que todos os sentimento que tive por outras mulheres, tanto em vida quanto após a morte, se tornaram insignificantes. Mas justamente ela, que conseguiu enxergar algo bom em mim, algo que eu acreditava não existir mais. Os sentimentos que transpareceram agora se tornaram apenas vazios. Um vazio que jamais poderá ser preenchido. Vivi tempo suficiente para saber que minha Rebecca é única, e que nunca amarei alguém como a amo.
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Desejo Indomável
مصاص دماءDepois de passar um ano e meio se perguntando o que faria a seguir. Rebecca Colleman decidiu recomeçar a sua vida em uma nova cidade, afim de seguir o seu sonho: se tornar uma arqueóloga como seus pais. A cidade de Mystery Spell era conhecida por di...