Capítulo 4

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Estou parada no escuro, olho ao redor mais não consigo saber onde estou. Está tudo confuso e essa escuridão me assusta. Ouço um barulho de freios e em seguida uma batida, olho para trás e vejo um carro todo amassado, me aproximo com cautela. Minhas mãos começam a suar e quando olho para a porta do passageiro vejo uma mulher de cabelos castanhos claros. O sangue escorria de sua testa, seus olhos estavam fechados e um pedaço de ferro estava dentro de sua barriga.

O desespero começa a me tomar ao perceber que é minha mãe, não, não, mamãe! Corro para o seu lado e tento puxar a barra de ferro, mas nada acontece. O sangue começa a escorrer de sua boca e quando vejo, minhas mãos estão molhadas de sangue. O homem ao seu lado era meu pai, ele tossia com um pouco de dificuldade e dou a volta para tentar tirá-lo do banco.

- Papai!? Olhe para mim por favor!

Seus olhos eram tristes e sinto uma vontade incontrolável de chorar. Tento puxar o cinto de segurança, mas estava preso e eu não podia fazer nada. Encaro ao redor, mas não tem ninguém por perto.

- Eu não vou deixar você aqui.

- Rebecca, pare por favor. – suas mãos sujas de sangue foram para o meu rosto. – Você não pode fazer nada agora, mas não se desespere, você não está sozinha.

A sua mão escorregou do meu rosto e seu corpo caiu para frente, não papai, por favor não morra. Eu não posso perder vocês.

De repente acordo com o meu coração acelerado, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, soluçando no meio da choradeira. Minhas mãos estão tremendo e sinto o meu corpo suado, isso foi um pesadelo, apenas outro pesadelo.

Levo a mão no meu rosto e percebo que estou no meu quarto, longe de Los Angeles, eu pensei que vindo para cá, ficaria longe dos pesadelos. Tinha dado certo, mas justamente essa noite voltei a sonhar com aquele horror que presenciei.

Me levanto e vou para a varada do meu quarto, olho para o céu enquanto enxugo minhas lágrimas. Eu queria tanto estar com meus pais nesse momento, eles sempre me consolavam quando tinha um pesadelo. Diversas noites eu dormia na cama com eles, pois me sentia protegida longe de todo o mal.

Tento controlar o meu coração dolorido, respiro fundo para me acalmar. A lua estava cheia, tão bonita e redonda, iluminando a propriedade e uma parte da floresta. Um vento começou a circular balançando os galhos das árvores e algumas folhas foram levadas. Noto um som diferente no meio dessa ventania calma, parecia um uivo.

Será que existem lobos por aqui? Novamente escuto o uivo dessa vez um pouco alto. Alguma coisa me faz querer ir até a floresta, saio do meu quarto como se estivesse em transe e desço até a porta.

Saio da casa dos Bartholy e caminho para a entrada na floresta, de novo escuto algum animal uivando, dessa vez um pouco mais alto. Entro na floresta descalça e sem casaco, mas não me importo. Passo pelas árvores e galhos, tomando o maior cuidado para não me machucar. Tenho que tomar cuidado para não ficar perdida, esse lugar é maior do que eu pensei. Continuo atravessando e percebo que isso parece um labirinto que não vai levar a lugar nenhum.

Chego perto do que parece um grande lago. Um lobo uivava com bastante avidez e isso me fascinou. Seus pelos eram cinzas escuros, mas era bem maior que os lobos normalmente são. Meu corpo parecia ter ganhado vida própria e saio de trás das árvores, nesse momento o lobo se virou para me encarar. Seus olhos eram na cor de âmbar e me olhavam com bastante intensidade, me ajoelho no chão conforme o lobo se aproximava lentamente.

Não estou com medo, não me sinto em perigo, algo me diz que ele não vai me machucar. Levanto minha mão com cuidado e o grande lobo se aproxima até estar de frente para mim. Meu coração se acelera com essa aproximação, se ele me atacar, eu morrerei nessa noite, mas sinto que isso não vá acontecer. Coloco a mão lentamente acima da cabeça do lobo e sinto o contato de seus pelos quentes e extremamente macios.

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