12.

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Wednesday despertou do sono com seu celular tocando, o que era estranho porque ainda estava escuro e ninguém ligava para ela nos finais de semana. Por hábito, checou o horário por meio do relógio digital na cabeceira. Quatro da manhã. Bufou estressada enquanto atendia a chamada, sem nem ver quem era:

— Se não for urgente estarei te bloqueando, seja lá quem você é.

Bom dia, flor do dia! Não me bloqueie. Vamos ver o Sol nascer.

A Addams arregalou os olhos e sentou na beirada da cama quando ouviu a voz de Enid.

— Como assim?

Você tem dez minutos. Se não descer, vou acordar a rua inteira com a minha moto —Avisou e desligou a chamada.

Amedrontada, curiosa e xingando em pensamento, Wednesday se arrumou minimamente e saiu com cuidado para não acordar ninguém. Além da escassez de luz solar, a brisa fresca a fazia acreditar que estava sonhando ou delirando.

— Enid, o que você está fazendo aqui?

— Já é amanhã. Sobe aí —Disse batendo na garupa da moto com uma mão e oferecendo um capacete com a outra. Percebendo que a de olhos castanhos ainda não estava entendendo, continuou— Ontem no restaurante você disse que marcaríamos algo.

— Não é assim que funciona! Tínhamos que programar. Para onde vamos? Quando voltaremos?

— Pra que perguntar se você pode descobrir?

— Meus pais vão me matar se acordarem e eu não estiver em casa.

— Isso me parece um problema pra Wednesday do futuro.

— Não terá Wednesday no futuro se eu for!

— Até parece. Eles só faltam lamber o chão
que você pisa. Sobe logo! Ou tá com medinho? —Provocou dando um sorrisinho de canto e arqueando a sobrancelha esquerda.

A Addams respirou forte. Se tinha uma coisa que a motivava era isso. Então, pegou o capacete da mão dela, colocou com facilidade —por lembrar das instruções passadas da última vez— e subiu.

— Vai devagar com essa coisa —Pediu assim que se ajeitou.

— Que? Eu não ouvi!

Antes que pudesse genuinamente repetir, foi obrigada a agarrar na cintura da Sinclair quando a moto acelerou com toda potência. Um grito travou em sua garganta, não daria o gosto da outra saber que, por um segundo, temeu pela própria vida.

Conforme o caminho foi sendo traçado, Wednesday se acostumou com a força do vento —instável por conta da velocidade máxima de cada ponto— e abriu os olhos para admirar a paisagem: o céu aos poucos clareando, a brisa começando a ficar menos fresca. Assim que ela também percebeu que estavam no limite da cidade, suspirou e apertou ainda mais a cintura de Enid, a qual sorriu.

Estava com medo, mas não voltaria atrás.

Um tempo de subida e chegaram à uma espécie de chalé. Dali, as construções pareciam minúsculas e o céu ainda mais infinito. Além disso, o constraste entre rural e urbano e a dança de tons quentes no horizonte concediam uma vista impecável, de tirar o fôlego.

— É... lindo —Elogiou em êxtase.

— Vem, ainda não chegamos na melhor parte —Chamou enquanto subia os três degraus de "varanda".

Por ter obedecido, Wednesday descobriu que, na verdade, era um pequeno e caseiro restaurante. Não estava aberto por enquanto, mas Enid parecia ter certa intimidade com os funcionários, os quais nem ligaram para a intromissão. Pelo contrário, a cumprimentaram e ainda ofereceram café da manhã, aceito por ambas.

What was I made for? • WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora