Céu escarlate - Série Lobos de Ayvalle | Livro 4 | COMPLETO

02. Pensamentos e morte

Luna

Eu não gosto nenhum pouco disso.

Não tenho certeza quanto ao que fiz ter funcionado.

Também não consigo encontrar minha própria saída.

Kulan pode ir e vir quando quiser, usa sua habilidade para me incomodar, entretanto, não pode agir como bem quer em tudo, precisa que eu esteja viva, sabe que é provável que o meu corpo enfraqueça enquanto a minha alma continuar vagando dessa maneira.

Da mesma forma que Alec estava fraco por ser mantido como um prisioneiro.

Kulan deve ter percebido que seria a única maneira de o manter como um prisioneiro silencioso.

Como não posso sair tentei encontrar Bob, verificar se está ou não em um estado parecido com o nosso, entretanto não tive sorte. Não importou o quanto eu andei, não vi nada além dos cômodos formando-se um atrás do outro, criando a imagem para me prenderem.

Dentro de nossas cabeças somos nossos próprios inimigos.

Do lado de fora deve estar acontecendo muito que eu amaria assistir.

Qual será a cara que os anciões fizeram depois de ver Alec vivo?

Que expressão Ester fez? O que Alec está pensando agora que tem a sua vida nas suas mãos de novo? Espero que não esteja se culpando. Somente fiz o que estava em meu alcance dentro das possibilidades que ficaram em nosso caminho.

— Você está pronta para ceder? — Pergunta a voz que tem soado como um preludio infernal. Independente de quantas vezes surja na minha frente ainda quero arrancar a sua cabeça fora.

Pode mostrar seu sorriso quantas vezes quiser, sei que no fim as suas intenções não são agradáveis, seja para mim ou para qualquer pessoa que fique no caminho do seu desejo. Sou somente um meio para um fim.

— Está perguntando para pessoa errada — asseguro a ele. — Escolheu a pior.

— Eu não tive muitas opções — profere, deixando que saiba um pouco mais do que envolve o seu plano. — Há muitos anos a sua linhagem foi quase extinta, sabia?

— É o que dizem — murmuro a minha resposta sem me importar. Sento-me no banco que surge no meio da sala, indo contra toda a estética dela. — Estavam com sorte, não precisam ficar cara a cara com você.

— Que cruel, não sabe quantas pessoas morreram?

— E elas ainda estariam vivas se você chegasse nelas? — Questiono.

Posso ver em seus olhos que a sua resposta é somente uma: vidas não são mais importantes que o seu objetivo. Sinto muito pelas vidas perdidas, mas teriam vivido dias mais tranquilos tendo ele como seu caçador?

— Os Lykaios são de fato a linhagem mais próxima da deusa Lua — conta, desconversando do que perguntei, entende que não preciso de uma resposta dada em voz alta.

Não dizem que reconhecemos os nossos semelhantes?

Posso ver suas intenções com facilidade, mesmo que não as exponha.

Usará o que estiver a sua disposição.

— Mas ninguém sabe o porquê, não foram os únicos criados por ela — articula, posso sentir a nota de raiva aflorando enquanto se expressa. — Você ouviu histórias sobre isto? O quanto a sua mãe sabia?

Minha mãe não tinha muito tempo para me contar histórias. Vivíamos em uma circunstância perigosa, podendo ser mortas ou violadas a qualquer segundo. Enquanto eu não tivesse a força para nos defender ela tinha que o fazer por nós duas, e mesmo sendo de uma linhagem importante minha mãe não era tão poderosa.