Céu escarlate - Série Lobos de Ayvalle | Livro 4 | COMPLETO

11. A parte escura

Derick

Deitado do seu lado escuto atentamente cada uma das suas respirações.

Marie entrou em contato, disse que está havendo algumas problemáticas em torno da cidade em que vive e por conta disso tem sido difícil encontrar uma abertura para que passem, entretanto, está lidando com isso.

O que obviamente significa que está matando o que estiver em seu alcance.

Sei que não faz parte de sua obrigação, que está prestando um favor, mas fico feliz por não desistir da ideia apesar da complicação que se pôs em nosso caminho devido as escolhas de Lily.

Há muitas pessoas temerosas com o futuro quando todos os olhos se voltam para o que acontece conosco. Podem não ter um nome para o que os assombram, mas receiam pelo que ocorrerá quando uma onda tão gritante de mortes acontece.

Se eu não estivesse aqui agora não me sentiria da mesma maneira?

É claro que me sentiria mais confortável, já que bob estaria comigo, entretanto, me preocuparia com até onde iria a loucura que se espalha como fogo. As mortes cruéis, as ações animalescas, são estes os motivos para que todos se sintam mais temerosos, visto que mortes ocorrem todo os dias, a questão é como elas estão acontecendo agora.

Alguns começaram a divagar sobre um surto de raiva estar se espalhando.

Acreditam que explicaria o modo como algumas pessoas agem violentamente.

Outros culpam a fé, tempo e política. Cada um se apega naquilo que acredita que acha que dará a resposta que precisam, sendo que a resposta esteve escondida entre eles o tempo inteiro, seus olhos somente continuam vendados para ela.

— Luna, você deveria ver como tudo está caótico, acredito que riria — profiro, viro o meu rosto lateralmente assistindo o subir e descer do seu peito apesar da respiração lenta.

As pequenas provas de que continua viva é o que me mantém pelo dia inteiro.

— Seu irmão está sendo engolido pelas responsabilidades como alfa — digo e creio que não preciso dar nomes, já que ela sabe muito bem quais deles não seriam capazes de lidar com a responsabilidade de cuidar da Esto notívaga. — Penny veio te ver, chorou um bocado, mesmo que estivesse na frente do Nalievem.

Ela devia estar se sentindo muito desgastada para não se importar de deixar que um caçador visse seus sentimentos expostos dessa maneira. Por mais que tenha pensado em vir até o cômodo para pedir que ele saísse achei que isto somente constrangeria mais a Penny, apesar de ela saber que todos estavam atentos a suas ações desde que entrou na mansão.

Não sou o único que teme que as coisas desandem devido a atitudes impensadas.

Algumas questões podem não ser repassadas pelo sangue, entretanto, ela foi criada por aquela mulher, ouviu a vida inteira sobre o que deveria fazer. Mais de uma vez deve ter escutado sobre como lobos impuros deveriam ser eliminados, ainda que através de palavras floridas que demoraram a mostrar quanto sangue escondem.

— Nós estamos em conflito sobre o que fazer — conto a ela, mesmo que a possibilidade de que me ouça seja mínima. Se me escutasse mostraria alguma reação, pelo menos é o que acredito. Tentaria mostrar que está ali, me ouvindo. — A Esto notívaga pode não ser mais o lar que Alec achava que tinha, entretanto, ficamos desprotegidos saindo da alcateia.

Há muito em que se pensar. Posso ter pouca noção do papel de cada pessoa, mas gostaria de poder abrir um leque maior de possibilidades para eles. O que eu tenho não pode ser transferido, apesar de termos uma noção mínima das minhas capacidades diferenciadas.