27. Sementes, parte 1

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Derick

— Por mais que essa seja uma boa ideia, que tenha um plano, também tem outro ponto importante a considerar — articula Penny. Está de fato muito mais confortável com a necessidade de falar, de discutir tópicos importantes, mesmo que essa seja uma reunião informal.

Para que uma formalização ocorra é preciso que alguns anciões estejam presentes e que representantes de outras raças se apresentem. Pelo menos nesse caso, uma vez que é uma discussão sobre o futuro da cidade.

— Kulan não é um lobo que pode ser morto, mesmo que esteja completamente recuperada agora, a sua última luta com ele não terminou de um modo agradável — profere e não mete. Nossa luta com ele foi longe de ser o ideal. Ele tem uma força e cura exacerbada.

É difícil imaginar como lidares os com algo desse tipo antes que nosso próprio corpo sucumba a suas limitações. A maioria aqui não tem o nível de cura igual ao dela. Naquela luta, se estivessem no lugar dela continuariam vivos?

— Eu sei que a força dele é exorbitante, por esse motivo criei uma armadilha para quando ele me manteve presa — fala, e é a primeira vez que ouço sobre essa parte de seu encarceramento. — Sabia que em algum momento ele me pegaria, esperava que fosse através de uma luta em que eu perderia — expressa aquilo que acredita sem medo.

Conta que sabe que perderei em uma luta contra Kulan, afinal, ele teria vindo busca-la depois de fazer o corpo dele ser enfraquecido o quanto podia através da ligação de lumenys.

— Porém, aconteceu de um jeito diferente o que me deu ainda mais vantagens, já que o que ele acabou ganhando foram feridas na alma — pontua Luna. — neste momento deve estar se contorcendo de dor em seu esconderijo, o que significa que quando vier nos atacar estará enfraquecido.

— O que está dizendo não tem sentido — comenta Felipo. — Como você feriria a alma dele?

— Através de uma maldição — fala o que faz meu coração dar algumas batidas erradas. Maldição é uma palavra que gostaria de evitar por um bom tempo se pudesse, mas creio que fazer pedidos como esse está fora do meu alcance.

— Continua não tendo logica — rebate Felipo. — Pelo que soube esteve o tempo inteiro de cama, presa no limbo, segundo o que aquela garota disse. — Aponta para Lalin o que faz Paco exibir uma expressão raivosa, já que o sujeito demonstra pouco respeito por sua irmã.

Eles não mentiram. Tudo o que Lalin disse estava acontecendo de alguma maneira. Luna estava no limbo, se manteve nele por que queria, como a menina imaginou. Nós não temos motivos para desconfiar deles.

— Teria logica se a maldição envolvesse devolver a ele todos os danos que eu recebesse — responde Luna. Felipo precisou de poucos segundos para ponderar sobre o que acabou de ouvir. Manteve toda a sua surpresa contida dentro de sua cabeça, já que através dos seus olhos poso ver somente muitas questões não respondidas. — Pedi um favor para um bruxo. Queria um modo de enfraquecer Kulan. Todo o dano que causarmos a ele agora nos beneficiará mais tarde.

Gostaria de perguntar a Luna por que está se referindo a pessoa que para qual pediu ajuda como "bruxo" ao invés de dizer o seu nome, entretanto, minha mente ainda fervilha pelo que acabou de ouvir.

Enquanto estava presa com aquele sujeito ela sabia que tudo que sofresse se voltaria para ele, e tenho certeza de que o provocou para que a machucasse intensamente. Acredito que ele poderia decidir por isso por conta própria em algum momento depois de perceber que Luna não diria sim para sua proposta, mas ela usou disso como uma estratégia de contra-ataque.

— Isto com certeza vai irritá-lo, fará com que queira me caçar em breve, fora que a próxima lua sangrenta não demorará a acontecer. Posso não ter um dia para dizer a vocês, mas ele estava agitado a cada vez que me via — esclarece, porém, suas palavras modificam muito pouco a expressam daqueles que tanto se preocupam com ela, visto que agora tem em mente o que esteve fazendo enquanto velávamos o seu corpo.

Céu escarlate - Série Lobos de Ayvalle | Livro 4 | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora